O Dia das Bruxas parece ser uma comemoração 100 por cento americana e algo inventado pelo comércio para vender mais. No entanto, essa festa é antiga. Tem origens cinco ou seis séculos antes de Cristo. Era praticada pelos povos celtas, que nessa época habitavam várias regiões da Europa: as ilhas britânicas, o norte da França e até a península Ibérica.
A origem do Halloween é o Samhain, festa em que se comemorava o fim do período de colheita e o início do inverno no Hemisfério Norte. O dia era o fim do ano celta, quando as pessoas visitavam os amigos e parentes levando alimentos como presente. A data também era dedicada aos mortos. A tradição era que a separação entre os reinos de vivos e mortos ficava mais fina e alguns falecidos poderiam chegar para um dedo de prosa. Para evitar sustos recomendava-se usar máscaras (para não ser reconhecido) e acender fogueiras.
Bom de marketing, o papa Bonifácio VI estabeleceu que na data se comemoraria o Dia de Todos os Santos de maneira a cristianizar a tradição pagã. E atualmente temos uma data do calendário que vem pegando tração por aqui. Nos últimos dias, é bem provável que você tenha cruzado com alguns fantasmas, vampiros e bruxas a caminho da escola ou do trabalho. E no mercado, as bruxas estão soltas ou comportadas? Vamos olhar com cuidado o que está fervendo no caldeirão.
Por um lado, há várias notícias negativas. A situação fiscal segue complicada. Para não ajudar, tanto governo quanto oposição resolveram colocar na rua, antes da hora, a campanha presidencial de 2026. E o cenário político internacional também segue complicado. Os conflitos na Ucrânia e na faixa de Gaza continuam, apesar das notícias e expectativas de acordos de paz.
Mesmo assim, o Ibovespa e os principais índices americanos seguem em alta e batendo recordes. As justificativas são a alta das empresas de tecnologia (especialmente as dedicadas à Inteligência Artificial) e a perspectiva de que China e Estados Unidos cheguem a um acordo que reduza a pressão das tarifas americanas sobre produtos chineses, normalizando as relações comerciais entre esses dois países e os demais – Brasil inclusive. Faz sentido ou os investidores estão enfeitiçados por perspectivas inexistentes de prosperidade?
Apesar do cenário adverso, há perspectivas de investimento na produção. O fato de a economia tornar-se menos globalizada significa que muitos países e empresas terão de voltar a fazer o que antes estava a cargo de companhias estrangeiras (leia-se chinesas), movimentando a economia.
O setor de tecnologia é onde isso é mais evidente. A demanda por processamento de dados faz o consumo de chips, processadores e equipamentos bater sucessivos recordes, assim como a necessidade de eletricidade para movimentar os data centers. Isso deve justificar um aumento dos investimentos em infraestrutura, o que garante a demanda agregada.
Por isso, apesar de haver muitas bruxas de fato soltas, a tendência é que os investidores conseguirão se desviar dos bruxedos, encantamentos e malefícios e poderão ganhar dinheiro no que resta de 2025.
E Eu Com Isso?
Os bons resultados das empresas de tecnologia americanas no terceiro trimestre justificam uma alta dos contratos futuros dos principais índices americanos no pré-mercado, assim como das cotas dos Exchange Traded Funds (ETF) EWZ iShares MSCI Brazil, que concentram as principais ações brasileiras negociadas em Nova York.
As notícias são positivas para a Bolsa
Ambev (ABEV3) apresenta resultados mistos no 3T25 A Ambev divulgou resultados do 3T25 nesta quinta-feira (30/10) que reforçam a combinação entre uma indústria ainda enfraquecida e uma gestão eficiente de custos e despesas, em linha com o contexto macroeconômico e climático adverso do período. A companhia registrou receita líquida de 20,9 bilhões de reais (-5,7 por cento a/a) e EBITDA ajustado de 7,1 bilhões de reais, estável na comparação anual, sustentado pelo controle de SG&A e ganhos de eficiência operacional. O lucro líquido ajustado foi de 3,8 bilhões de reais (+7,4 por cento a/a), impulsionado pontualmente por uma menor alíquota efetiva de imposto, sem a qual teria ficado abaixo das estimativas. Os volumes consolidados recuaram 5,8 por cento, refletindo principalmente a queda no Brasil, onde as temperaturas abaixo da média no período e a renda disponível comprimida afetaram o consumo. Apesar da fraqueza de curto prazo, a Ambev manteve ganhos de participação em segmentos premium e sem álcool, além de reafirmar seu compromisso com uma gestão de custos disciplinada, que evitou uma deterioração mais acentuada de margens. O desempenho no Brasil permaneceu o principal ponto de pressão do trimestre, com o volume de cerveja recuando 7,7 por cento e o de NAB (não alcoólicos) caindo 8,6 por cento. A combinação de clima frio nas regiões Sul e Sudeste e a desaceleração da renda nas regiões Norte e Nordeste pesou sobre o consumo. Em contrapartida, o preço médio por hectolitro (ROL/hl) avançou 5,7 por cento, sustentado por estratégias de gestão de receita e maior representatividade das marcas premium e super premium. A Original, Stella Artois e Corona lideraram o crescimento do portfólio, com avanço na casa dos 15 por cento, enquanto o portfólio de “balanced choices” cresceu 65 por cento, impulsionado pela Stella Pure Gold e Michelob Ultra. O CPV/hl aumentou 7,4 por cento, refletindo pressão de commodities, mas as despesas operacionais recuaram 3,9 por cento, permitindo leve expansão da margem EBITDA ajustada. A divisão de bebidas não alcoólicas também sentiu o impacto do clima e da menor renda disponível, com retração de volume em linha com a indústria. Ainda assim, a receita líquida avançou 0,5 por cento, impulsionada por um aumento de 10 por cento no ROL/hl, reflexo de reposicionamento de portfólio e iniciativas de precificação mais assertivas. As bebidas sem açúcar mantiveram forte desempenho, com Guaraná Antarctica Zero e Pepsi Black crescendo acima de 30 por cento a/a, reforçando a competitividade no segmento. O CPV/hl subiu 10,7 por cento, influenciado por câmbio e mix de marcas, mas a queda de 6,1 por cento em SG&A contribuiu para expansão de 150 pb na margem EBITDA ajustada. No exterior, as operações apresentaram leve melhora sequencial, mas sem grandes surpresas. A América Central e Caribe (CAC) registrou aumento de 1,3 por cento em volume e crescimento de 8,5 por cento no EBITDA ajustado, com expansão de margens sustentada por controle de despesas e ganhos de eficiência. A América Latina Sul (LAS) avançou 4,6 por cento em EBITDA, apesar do ambiente ainda desafiador na Argentina, compensado pelo bom desempenho da Bolívia e Chile. No Canadá, o volume caiu 2 por cento, mas o EBITDA ajustado cresceu 2 por cento, refletindo a força das megabrands, como Busch e Michelob Ultra, e a consolidação no segmento de cervejas sem álcool. No agregado, as operações internacionais continuam contribuindo de forma modesta para o consolidado, mas com tendência de estabilização após trimestres de volatilidade. E Eu Com Isso? Apesar da fraqueza de volume, a companhia manteve o foco em eficiência e produtividade. Ainda assim, a geração de caixa operacional caiu para 6,9 bilhões de reais, uma redução anual de 1,2 bilhão de reais, impactada por maiores pagamentos de tributos, mas suficiente para sustentar dividendos e o novo programa de recompra de 2,5 bilhões de reais. O 3T25 reforçou que a Ambev passa por um momento de transição: sólida operacionalmente, mas ainda dependente de um ambiente mais favorável para recuperar volumes e acelerar crescimento. A companhia tem executado bem em custos, inovação e canais digitais, mas enfrenta uma indústria estruturalmente desafiadora e com menor elasticidade à renda. Em termos de valuation, a Ambev segue negociando a múltiplos exigentes — aproximadamente 12x P/L 2026E — em um momento de baixo crescimento de lucro por ação e incerteza sobre a retomada do consumo. Embora a estratégia de premiumização e digitalização traga ganhos estruturais, o ritmo de expansão tem sido insuficiente para reverter a queda de volumes e reacelerar a receita total. |
Vale lucra 2,7 bilhões de dólares no 3º trimestre de 2025, com avanço operacional A Vale (VALE3) divulgou na quinta-feira (30) os resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre de 2025, apresentando desempenho acima das expectativas nas frentes operacionais e financeiras. A receita líquida atingiu 10,4 bilhões de dólares, representando um crescimento de 9 por cento em relação ao mesmo período de 2024. Os custos dos produtos vendidos somaram 7,2 bilhões de dólares, alta de 5 por cento na comparação anual. A produção de minério de ferro alcançou o maior nível trimestral desde 2018, o que contribuiu para a redução dos custos all-in do minério de ferro em 4 por cento ano a ano, para 52 dólares por tonelada. Como resultado, o lucro bruto totalizou 3,2 bilhões de dólares, um avanço expressivo de 23,1 por cento em relação ao ano anterior. O EBITDA ajustado alcançou 4,4 bilhões de dólares, aumento de 21 por cento na comparação anual, impulsionado pelo maior volume de vendas de minério de ferro e cobre, além da recuperação dos preços internacionais da commodity. A empresa também destacou uma melhoria de dois dólares por tonelada no prêmio dos finos de minério de ferro, resultado do aumento na oferta de produtos combinados e concentrados, dentro da estratégia de otimização de portfólio. Durante o trimestre, a Vale lançou o novo produto de médio teor em Carajás, que amplia a flexibilidade operacional e otimiza o plano de lavra. Segundo a companhia, o lançamento proporciona maior capacidade de ajuste no mix de produção, o que permite maximizar as vendas conforme as condições de mercado. Os investimentos em CAPEX somaram 1,25 bilhão de dólares, redução de 11 por cento em relação ao mesmo período de 2024. A diminuição do volume de investimentos tem contribuído para o aumento da geração de caixa livre, que chegou a 1,56 bilhão de dólares, um salto de 205 por cento na comparação anual. Esse desempenho foi sustentado pelo maior EBITDA e pela menor necessidade de capital de giro e de investimentos em ativos fixos. A dívida líquida expandida ficou em 16,6 bilhões de dólares, com alavancagem controlada e relação dívida líquida sobre EBITDA em 1,2 vez. Com esses resultados, o lucro líquido do trimestre foi de 2,7 bilhões de dólares, representando um crescimento expressivo de 78 por cento em relação ao mesmo trimestre de 2024. Para o ano de 2025, a projeção de lucro líquido é de 8,5 bilhões de dólares, o que coloca a empresa sendo negociada atualmente a um múltiplo Preço/Lucro de 6,3 vezes. Em nossas projeções a distribuição de proventos deve ficar por volta de 8 por cento nos próximos doze meses, sustentada pela boa geração de caixa e pela disciplina na alocação de capital. Mesmo em um cenário global de incertezas, especialmente com as novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, o minério de ferro tem se mostrado resiliente, mantendo-se em torno de 105 dólares por tonelada. Esse nível continua garantindo boa rentabilidade às operações da Vale. E Eu Com Isso? A China permanece como o principal destino das exportações da companhia, respondendo por aproximadamente metade das vendas de minério de ferro no trimestre, a Índia e também a região do oriente médio têm elevado o volume de minério de ferro importado o que tem ajudado na sustentação dos preços da commodity. As ações da empresa negociam a um múltiplo EV/EBITDA de cerca de 4,5 vezes para os próximos doze meses, o que consideramos atrativo. Em nossas projeções com o preço médio do minério de ferro em 90 dólares por tonelada no longo prazo, e considerando o sólido perfil operacional da empresa e a atual disciplina de capital, mantemos uma visão construtiva para o investimento. DISCLAIMER A INSIDE RESEARCH LTDA. (“INSIDE”), empresa do Grupo Levante Investimentos (“LEVANTE ”), declara que participou da elaboração do presente relatório de análise e é responsável por sua distribuição exclusivamente nos canais autorizados das empresas do Grupo Levante, tendo como objetivo somente informar os seus clientes com linguagem clara e objetiva, diferenciando dados factuais de interpretações, projeções, estimativas e opiniões, não constituindo oferta de compra ou de venda de nenhum título ou valor mobiliário. Além disso, os dados factuais foram acompanhados da indicação de suas fontes e as projeções e estimativas foram acompanhadas das premissas relevantes e metodologia adotadas. Todas as informações utilizadas neste documento foram redigidas com base em informações públicas, de fontes consideradas fidedignas. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não são incertas ou equivocadas no momento de sua publicação, a INSIDE e os seus analistas não respondem pela veracidade das informações do conteúdo, mas sim as companhias de capital aberto que as divulgaram ao público em geral, especialmente perante a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”). As informações, opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e estão sujeitas a mudanças, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Para maiores informações consulte a Resolução CVM nº 20/2021, e, também, o Código de Conduta da Apimec para o Analista de Valores Mobiliários. Em cumprimento ao artigo 16, II, da referida Resolução CVM nº 20/2021. As decisões de investimentos e estratégias financeiras sempre devem ser realizadas pelo próprio cliente, de preferência, amparado por profissionais ou empresas habilitadas para essa finalidade, uma vez que a INSIDE não exerce esse tipo de atividade. Esse relatório é destinado exclusivamente ao cliente da INSIDE que o contratou. A sua reprodução ou distribuição não autorizada, sob qualquer forma, no todo ou em parte, implicará em sanções cíveis e criminais cabíveis, incluindo a obrigação de reparação de todas as perdas e danos causados, nos termos da Lei nº 9.610/98, além da cobrança de multa não compensatória de 20 (vinte) vezes o valor mensal do serviço pago pelo cliente. Em conformidade com os artigos 20 e 21 da Resolução CVM nº 20/2021, o analista Eduardo Jamil Rahal (inscrito no CNPI sob o nº 8204) declara que (i) é o responsável principal pelo conteúdo do presente relatório de análise; (ii) as recomendações nele contidas refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e que foram elaboradas de forma independente, inclusive com relação à INSIDE. |

