
A última semana de negócios regulares de 2025 no mercado financeiro terá a divulgação de indicadores econômicos importantes no Brasil e nos Estados Unidos. Apesar de as condições de mercado já estarem dadas, números de atividade econômica e de inflação no Brasil, e de emprego nos Estados Unidos deverão contribuir para a formação das expectativas no primeiro trimestre de 2026.
No Brasil, o principal dado da agenda é o IBC-Br, prévia mensal do Produto Interno Bruto calculada pelo Banco Central. O indicador referente a outubro deve confirmar a perda de fôlego da atividade no início do quarto trimestre, após um desempenho mais robusto na primeira metade do ano. As estimativas apontam para variação próxima da estabilidade ou levemente negativa na comparação mensal, reforçando a leitura de desaceleração gradual da economia. O dado será observado com atenção pelo mercado de juros, que tenta calibrar o ritmo de crescimento compatível com a atual taxa básica elevada.
Outro ponto de atenção no cenário doméstico é a inflação. Embora o IPCA cheio de novembro já tenha sido divulgado o IPCA-15 de dezembro ter sua divulgação prevista apenas para a próxima semana, novos dados setoriais e sinalizações de preços administrados e de serviços seguem no radar. A inflação em 12 meses permanece acima do centro da meta, mas com trajetória mais comportada do que no início do ano. Esse quadro mantém o debate sobre quando o Banco Central poderá iniciar um ciclo mais consistente de flexibilização monetária, ainda que o discurso oficial siga cauteloso.
O Boletim Focus também ganha importância nesta semana. As projeções para inflação, crescimento do PIB e taxa Selic em 2025 e 2026 ajudam a mapear o grau de confiança dos agentes econômicos no cenário prospectivo. Mudanças marginais nessas expectativas tendem a influenciar o comportamento dos contratos futuros de juros e o câmbio, especialmente em um período de menor liquidez.
Nos Estados Unidos, o destaque é o relatório de emprego não agrícola, o “non farm payroll”. O mercado busca sinais adicionais de moderação do mercado de trabalho, após meses de criação de vagas mais fraca e aumento gradual da taxa de desemprego. Uma leitura em linha com as projeções deve reforçar a percepção de desaceleração ordenada da economia americana, enquanto surpresas para cima ou para baixo podem alterar apostas sobre o ritmo de cortes de juros pelo Federal Reserve (FED), o banco central americano, em 2026.
Além do payroll, indicadores antecedentes do mercado de trabalho, como pedidos de seguro-desemprego e dados de emprego no setor privado, ajudam a compor o cenário. Em um ambiente de inflação mais controlada nos Estados Unidos, o comportamento do emprego segue como a principal variável para a condução da política monetária.
Com isso, mesmo em uma semana marcada por menor volume de negócios e ajuste de posições antes do fim do ano, a divulgação desses indicadores tende a influenciar a precificação de ativos e a consolidação das expectativas para o início de 2026.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros dos principais índices americanos iniciam a semana em alta no pré-mercado, em um dia sem indicadores relevantes nos Estados Unidos.
Sanepar (SAPR11) aprova Plano Plurianual de investimentos de 13,1 bilhões de reais
A Companhia de Saneamento do Paraná (SAPR11) divulgou, este mês, a aprovação de seu novo Plano Plurianual de investimentos para o período de 2026 a 2030, totalizando cerca de 13,1 bilhões de reais em aplicações voltadas principalmente para água, esgoto, ampliação de mercado e manutenção dos sistemas operacionais.
Esse plano faz parte de um compromisso com a universalização dos serviços de água e esgoto, alinhado às metas do novo marco do saneamento no Brasil, que prevê atingir 90 por cento de cobertura dos serviços de esgotamento sanitário até 2033.
Os investimentos serão em diversas frentes, que envolvem obras e melhorias de infraestrutura obrigatórias, ultrapassando 9,3 bilhões de reais no ciclo de investimentos, recursos também estão previstos para parcerias público‑privadas, capitalizações e doações de redes. Do ponto de vista setorial, mais de 6,7 bilhões de reais devem ser direcionados ao esgoto e cerca de 5,9 bilhões de reais ao setor de água, demonstrando o foco da companhia em consolidar e expandir a universalização desses serviços essenciais.
A Sanepar já vem ampliando seu ritmo de investimentos em 2025, a companhia aplicou mais de 1,1 bilhão de reais somente no primeiro semestre, um incremento de aproximadamente 26 por cento em relação ao mesmo período de 2024. Esses recursos foram alocados tanto na expansão do abastecimento de água quanto na ampliação e manutenção dos sistemas de esgotamento sanitário.
Esse aumento de investimentos deve gerar crescimento para a companhia. Em anos anteriores, a empresa teve programas plurianuais que previam a aplicação de mais de 11,8 bilhões de reais até 2029, com foco em obras de coleta e tratamento de esgoto e melhoria da distribuição de água.
A expansão dos serviços não ocorre apenas em grandes centros urbanos. Investimentos menores também têm impacto local: por exemplo, gastos de cerca de 7 milhões de reais em obras de esgoto em locais menores resultaram em um salto na cobertura do sistema de coleta sanitária, passando de menos de 50 por cento para cerca de 90 por cento da população local, um avanço significativo para a saúde pública municipal.
As iniciativas posicionam o Paraná como um dos estados brasileiros mais avançados em termos de universalização do abastecimento de água, com cobertura completa nas áreas urbanas sob gestão da Sanepar, algo alcançado bem antes do prazo estipulado pela legislação federal, segundo levantamentos divulgados recentemente.
E Eu Com Isso?
Esse desempenho também é acompanhado por um focado na expansão do sistema rural de saneamento, com programas de longo prazo que já contabilizam milhares de obras em áreas menos urbanizadas.
O processo de expansão e modernização do saneamento no Paraná enfrenta desafios, em alguns casos, a transição de serviços para gestão privada por meio de parcerias tem gerado discussões, o que nos parece ser uma forma de acelerar investimentos e ampliar a cobertura dos serviços.
No conjunto, os recentes relatos de investimentos, a aprovação formal do plano 2026‑2030 e bom histórico de execução demonstram que a Sanepar segue um caminho de crescimento e adaptação, buscando equilibrar demandas de saúde pública, rentabilidade econômica e cumprimento das metas legais de universalização dos serviços de água e esgoto no estado do Paraná.
Setor de telecom em alerta com a nova proposta da Aneel sobre compartilhamento de postes
A recente manifestação das principais entidades do setor de telecomunicações evidencia o grau de preocupação com a proposta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que revisa as regras de compartilhamento de postes com distribuidoras de energia elétrica. A mudança afeta diretamente a infraestrutura essencial das operadoras, já que grande parte da rede de telecom depende do uso desses postes para passagem de cabos.
Embora o texto apresente avanços pontuais, o setor destaca que a essência econômica da minuta não preserva critérios fundamentais de justiça e equilíbrio, especialmente porque ignora metodologias de custos amplamente defendidas na regulação de infraestrutura. O temor central é de que uma regra mal calibrada crie distorções financeiras e operacionais que prejudiquem a expansão e a qualidade dos serviços de conectividade no país.
As associações apontam que o setor já desembolsa anualmente mais de 3 bilhões de reais às distribuidoras de energia pelo uso dos postes, valor que não segue critérios transparentes de formação de preço nem se relaciona necessariamente aos custos incrementais desse compartilhamento. A proposta da Aneel, ao permitir cobranças adicionais vinculadas ao reordenamento causado por terceiros ou retiradas de ativos não identificados, pode impor às operadoras custos significativos por falhas de fiscalização, desorganização histórica ou práticas alheias à atividade fim das telecom.
Na avaliação das entidades, esse mecanismo transfere responsabilidade operacional para empresas que sempre cumpriram contratos e cria incentivos perversos na gestão da infraestrutura pelos agentes do setor elétrico.
Além disso, a definição de preço baseada exclusivamente em custos incrementais é um ponto considerado inegociável pelas operadoras, que defendem que qualquer acréscimo injustificado compromete a expansão da conectividade, especialmente em regiões onde o acesso ainda é limitado.
A proposta da Aneel, ao não separar de forma clara os custos de reordenamento atribuídos ao causador da desordem, gera insegurança jurídica ao criar risco de cobranças cruzadas — algo que impacta diretamente a previsibilidade necessária para investimentos em fibra óptica, 5G e expansão de redes metropolitanas. A preocupação também se estende ao fato de a regulamentação ainda estar em construção, com margem para revisões futuras na Anatel e na AGU, o que amplia a incerteza regulatória em um setor altamente intensivo em capital.
E Eu Com Isso?
Do ponto de vista das operadoras, a discussão traz implicações relevantes. Vivo (VIVT3), TIM (TIMS3) e Claro utilizam extensivamente a infraestrutura de postes, e qualquer mudança na estrutura de custos pode alterar o planejamento de expansão e manutenção de redes. Uma regra que eleve despesas operacionais tende a pressionar margens, especialmente em um cenário de competição acirrada e forte necessidade de investimento em fibra e 5G.
Por outro lado, se o marco regulatório final caminhar para uma metodologia mais técnica e transparente, reduzindo assimetrias entre telecom e energia, as empresas podem se beneficiar de um ambiente mais previsível, com maior segurança jurídica e redução de conflitos operacionais recorrentes.
Em uma análise mais ampla, o tema traz potenciais riscos, mas também oportunidades. Para operadoras mais capitalizadas e com forte presença em fibra — como Vivo e Claro — eventuais ajustes nas regras podem ser absorvidos com menor impacto relativo, especialmente se permitirem maior organização dos postes e redução de cabos clandestinos que prejudicam a gestão da infraestrutura. Para a TIM, que depende intensamente de parcerias e acordos de compartilhamento, o risco regulatório pode ser um fator de atenção no curto prazo, mas uma regulação mais madura tende a melhorar o ambiente competitivo ao reduzir a vantagem de agentes informais e elevar o padrão de ordenamento urbano.
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