O recorde do Ibovespa e as expectativas para o FED

Mercados com Rafael Bevilacqua


Em termos práticos, um Ibovespa a 159.900 pontos não é muito diferente de um Ibovespa a 161.092 pontos. A diferença é de 0,7 por cento. No entanto, a ruptura de números “redondos” como 140 mil, 150 mil ou 160 mil pontos é importante em termos psicológicos para os investidores. Sem fazer contas, um Ibovespa a 159,9 mil pontos parece estar menos valorizado do que um índice a 160 mil pontos (qualquer comerciante que anuncia um produto por 19,99 reais sabe disso).

Dito isso, o Ibovespa resolveu encerrar 2025 não apenas batendo recordes sucessivos, mas superando diversos “níveis psicológicos”. Na terça-feira (02) ele fechou na máxima do dia a 161.092 pontos, alta de 1,56 por cento em relação à véspera. Foi o primeiro fechamento da história acima de 161 mil pontos. No ano, o principal indicador do mercado acionário acumula uma valorização nominal de 34 por cento.

O cenário doméstico não inspira muito otimismo. As declarações mais recentes de presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, não indicam notícias boas na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Marcado para os dias 9 e 10 de dezembro, o encontro não deverá resultar em uma sinalização clara de corte de juros em 2026.

Por isso, a justificativa para a alta do Ibovespa é principalmente internacional. Os investidores reagiram a rumores sobre a indicação do economista Kevin Hassett, assessor econômico de Donald Trump, para a presidência do Federal Reserve (FED), o banco central americano, sucedendo Jerome Powell, que fica no cargo até maio de 2026. Hassett é alinhado a Trump e considerado um defensor de juros mais baixos, o que poderia significar um FED mais tolerante com a inflação a partir do ano que vem.

Essa expectativa fez com que o dólar se depreciasse em relação a várias moedas, o real brasileiro inclusive, reduziu os juros americanos no mercado secundário e permitiu uma alta das ações. O entendimento dos investidores é que, sob a liderança de Hassett, haverá um grande incentivo para o FED reduzir os juros, beneficiando os resultados das empresas e a alta das ações. Além disso, os juros menores tornarão as aplicações em dólar menos interessantes, aumentando a oferta de recursos para os demais mercados.


Mercados com Rafael Bevilacqua


Vale (VALE3): Projeções de produção e proventos bilionários indicam futuro da mineradora

A Vale (VALE3) divulgou nos últimos dias um conjunto de informações que reforça sua estratégia para os próximos anos e revela como a companhia enxerga sua posição no cenário global de commodities. Ao atualizar suas estimativas de produção, custos, vendas e investimentos, a mineradora demonstra que está focada em consolidar eficiência operacional e estabilidade financeira, em um ambiente marcado por volatilidade internacional. Paralelamente, a companhia também anunciou proventos bilionários aos acionistas, reforçando a confiança em sua capacidade de geração de caixa e chamando a atenção de investidores.

Nas novas projeções, a empresa indica que pretende manter a produção de minério de ferro em um patamar elevado nos próximos anos. Para 2025, a expectativa é de cerca de 335 milhões de toneladas, com crescimento gradual até alcançar algo próximo de 360 milhões de toneladas em 2030. Além disso, a Vale apresentou estimativas para dois metais considerados estratégicos no contexto da transição energética, cobre e o níquel.

A produção de cobre deve crescer de forma contínua entre 2025 e 2030, enquanto as projeções para os metais básicos apontam um avanço consistente na produção de ambos os materiais, reforçando seu papel essencial nas tecnologias ligadas à eletrificação.

Para o níquel, a empresa estima cerca de 175 mil toneladas em 2025, com evolução gradual até atingir uma faixa entre 210 e 250 mil toneladas em 2030, impulsionada pela demanda crescente de baterias e soluções elétricas.

No caso do cobre, a previsão é igualmente positiva, com produção projetada de aproximadamente 370 mil toneladas em 2025 é possível avanço para algo entre 420 e 500 mil toneladas até o início da próxima década, acompanhando o fortalecimento de setores como energia renovável, veículos elétricos e infraestrutura tecnológica.

O controle de custos também aparece como ponto central nas projeções da mineradora. A Vale acredita que conseguirá manter o custo caixa do minério de ferro em torno de 21 dólares por tonelada em 2026, enquanto o custo total all-in deve permanecer próximo de 55 dólares por tonelada, o que sustenta margens competitivas mesmo em períodos de oscilação nos preços internacionais.

Em relação aos investimentos, a companhia projeta aplicar aproximadamente 5,5 bilhões de dólares em 2025, com foco predominante na manutenção de suas operações e menor destinação para expansão, refletindo uma postura de prudência alinhada à busca por estabilidade.

E Eu Com Isso?

A Vale anunciou que distribuirá cerca de 15,3 bilhões de reais ao longo de 2026, valor composto por dividendos e juros sobre capital próprio. Essa remuneração será paga em três parcelas: 1,24 real por ação em 7 de janeiro, 0,77 real por ação em 4 de março, e 1,57 real por ação, também em 4 de março, totalizando 3,58 reais por ação no trimestre. Para quem investe, trata-se de um retorno expressivo que reflete a robustez financeira da empresa.

A combinação de projeções operacionais consistentes com proventos elevados evidencia uma estratégia clara: manter equilíbrio entre investir no futuro e gerar retorno imediato aos acionistas. Essa postura reforça a imagem de uma companhia madura, capaz de enfrentar oscilações do mercado global sem comprometer sua capacidade de criar valor.

Ainda assim, acompanhar a evolução da demanda internacional, dos preços do minério e dos custos logísticos será fundamental para avaliar a sustentabilidade desse desempenho.

No conjunto, a Vale se posiciona como protagonista no mercado de matérias-primas essenciais e demonstra preparo tanto para o presente quanto para os próximos ciclos do setor.


Ultrapar (UGPA3) anuncia 1 bilhão de reais em dividendos e ações sobem

A Ultrapar (UGPA3) anunciou nesta semana o pagamento de dividendos, movimentando o mercado e impactando o valor de suas ações. O Conselho de Administração da companhia decidiu distribuir um montante superior a um bilhão de reais, equivalente a aproximadamente um real por ação ordinária, com pagamento previsto para dezembro de 2025.

O direito ao recebimento dos dividendos será definido pela data-base de 5 de dezembro de 2025. A partir de 8 de dezembro, as ações passarão a ser negociadas ex-dividendos na Bolsa de São Paulo.

O anúncio ocorre em um contexto de resultados financeiros considerados sólidos pela empresa. A Ultrapar atua em diferentes setores, o que contribui para estabilidade operacional e fluxo de caixa contínuo.

Recentemente, mudanças na legislação tributária indicam a possibilidade de taxação de dividendos, o que pode afetar o retorno líquido recebido pelos acionistas. O impacto dependerá do modelo final adotado pelo governo, influenciando a avaliação de empresas que historicamente distribuem dividendos, como a Ultrapar.

Entre suas principais operações estão a Ipiranga, no varejo de combustíveis e conveniência; a Ultragaz, dedicada à distribuição de gás; e a Ultracargo, que atua na armazenagem e logística de líquidos e produtos químicos. Esses negócios contribuem para geração de caixa, permitindo à companhia manter sua política de dividendos enquanto realiza investimentos estratégicos.

Nos últimos anos, a Ultrapar também ampliou sua atuação no segmento de logística e transporte por meio da Hidrovias do Brasil, integrando o transporte hidroviário à sua cadeia de negócios. Essa expansão fortalece a diversificação da companhia e amplia sua presença em setores complementares.

 

E Eu Com Isso?
 
Os indicadores financeiros recentes da Ultrapar mostram um P/L (preço sobre lucro) de aproximadamente 12 vezes, um Dividend Yield em torno de 6 por cento, e um ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) de cerca de 15 por cento.

Esses números sugerem que as ações estão sendo negociadas em níveis compatíveis com seus resultados e com o histórico de distribuição de dividendos, indicando uma precificação alinhada às expectativas de mercado.

O pagamento de dividendos confirma a continuidade da política de distribuição da empresa. A variação nas ações refletiu a reação do mercado ao anúncio.

Ao combinar diversificação de negócios, estabilidade operacional e política de distribuição de dividendos, a Ultrapar segue buscando equilibrar investimentos estratégicos e remuneração aos acionistas.





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