
À medida que se aproxima a reunião de dezembro, mais membros do Federal Open Market Committee (Fomc), versão americana do Comitê de Política Monetária (Copom), defendem um corte nos juros dos Estados Unidos. Atualmente, os juros referenciais americanos (“FED Funds”) estão no intervalo entre 3,75 e 4,00 por cento ao ano, e a expectativa dos investidores é que haja uma redução para a faixa entre 3,50 e 3,75 por cento na última reunião de 2025.
Na segunda-feira (24) o diretor Christopher Waller disse durante uma entrevista que o mercado de trabalho americano está fraco o suficiente para justificar outro corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros em dezembro. A presidente do FED de São Francisco, Mary Daly, disse também na segunda-feira que apoia a redução das taxas devido a preocupações com o mercado de trabalho.
No entanto, Waller não confirmou que os juros continuarão caindo em 2026. Ele afirmou que qualquer corte além do esperado em dezembro depende de indicadores que deixaram de ser divulgados devido à paralisação do governo (“shutdown”) e que só serão conhecidos após a reunião. Ele afirmou que desde a última reunião do Fomc em outubro, “os dados do setor privado indicam que o mercado de trabalho está fraco e que ele continua a enfraquecer”.
Waller disse que a decisão de janeiro pode ser um pouco mais complicada. “Vamos receber uma enxurrada de dados. Se forem consistentes com o que temos visto, então podemos justificar um corte em janeiro. Mas se os números mostrarem uma recuperação da inflação ou do emprego, ou se a economia estiver decolando, isso pode gerar preocupação” sobre novos cortes, afirmou ele.
Além de Waller e Daly, o presidente do FED regional de Nova York, John Williams, afirmou na sexta-feira (21) que os juros dos EUA poderiam cair sem colocar em risco a meta de inflação, de modo a evitar uma queda nos empregos.
Williams afirmou que o mercado de trabalho parece estar se enfraquecendo e comparou a taxa de desemprego de setembro com os anos pré-pandemia, “quando o mercado de trabalho não estava superaquecido”.
Sua opinião é relevante. Ao contrário do Copom, onde há nove membros, todos diretores do Banco Central do Brasil (BC) e todos com direito a voto, o Fomc tem mais participantes e menos eleitores.
Ao todo, são 12 membros, incluindo quatro dos 11 diretores dos FEDs regionais, que se alternam como eleitores. O diretor do FED de Nova York é o único deles que possui direito permanente de voto. Além do peso de sua decisão por si só, Williams não faria comentários tão assertivos sem o conhecimento (e a concordância) de Jerome Powell, presidente do FED.
Graças a essas declarações, a probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos na reunião de dezembro aumentou para 80,7 por cento ante os 50,4 por cento de uma semana antes. No entanto, há menos certeza de novos cortes em 2026. A probabilidade de manutenção dos juros inalterados na reunião de 28 de janeiro do ano que vem subiu para 63,0 por cento ante os 50,0 por cento de uma semana antes.
E Eu Com Isso?
A terça-feira começa com uma leve queda nos contratos futuros dos principais índices americanos, com os investidores atentos a novas falas de diretores do FED e ao comportamento das principais ações de empresas de tecnologia.
Petrobras (PETR4) deve ter menor volume de investimentos nos próximos anos
A Petrobras (PETR4) deve divulgar seu novo plano estratégico da Petrobras 2026-2030, na próxima quinta-feira, a expectativa é que o plurianual venha mais enxuto, ao menos é o que é esperado pelo mercado neste momento.
Com isso, existe a possibilidade de reduzir o Capex para algo em torno de 106 bilhões de dólares, abaixo dos 111 bilhões de dólares planejados no ciclo anterior. Embora a Petrobras ressalte que nenhuma decisão final foi tomada, o assunto deve ser deliberado pelo conselho de administração em reunião, o que deixa o mercado em compasso de espera diante de eventuais impactos financeiros.
A razão para essa revisão está ligada às premissas de preço do petróleo. O plano atualmente em vigor utiliza referência de Brent a cerca de 83 dólares por barril, enquanto a volatilidade recente, com preços mais próximos da faixa entre 60 e 70 dólares, exige maior prudência. Para um horizonte de cinco anos, a empresa estaria considerando premissas entre 60 e 65 dólares, o que reduz a previsibilidade de geração de caixa e leva naturalmente a uma postura mais conservadora na alocação de capital.
Apesar da discussão interna sobre a dimensão do corte, existem expectativas divergentes no mercado entre 5 bilhões e 12 bilhões de dólares, enquanto outros avaliam que um ajuste moderado já seria suficiente para alinhar o Capex às premissas de mercado sem comprometer a agenda de crescimento.
A sinalização que prevalece, porém, é a de um corte relativamente contido, voltado mais à reordenação do portfólio do que a uma mudança estrutural na estratégia corporativa.
Do ponto de vista financeiro, o potencial enxugamento não deve resultar em mudanças abruptas na política de dividendos. A Petrobras tem indicado que pretende manter o teto de endividamento em 75 bilhões de dólares e não trabalha, por ora, com alterações diretas na fórmula de distribuição.
Outro ponto é a composição interna desse Capex potencialmente revisado. Estimativas apontam que cerca de 91 bilhões de dólares estariam vinculados a projetos já aprovados, principalmente na área de exploração e produção, enquanto aproximadamente 15 bilhões de dólares seriam destinados a projetos ainda em avaliação.
A priorização de E&P permanece central na estratégia, reforçando que, mesmo com corte, a Petrobras continua comprometida em sustentar seus níveis de produção e rentabilidade no longo prazo.
E Eu Com Isso?
Para os investidores, a leitura predominante é de que a revisão do plano não representa uma mudança de direção, mas sim um recalibramento necessário diante do novo ambiente macroeconômico.
Ações da Neoenergia (NEOE3) avançam 7 por cento após anúncio de OPA
As ações da Neoenergia (NEOE3) registraram forte valorização na segunda-feira (21), motivadas pelo anúncio da controladora Iberdrola trazendo uma oferta pública de aquisição (OPA) para fechar o capital da empresa. O movimento representa um passo importante, tanto para a controladora quanto para o mercado brasileiro de energia, e reflete a intenção da Iberdrola de consolidar sua participação na Neoenergia, simplificando a estrutura societária e ampliando sua flexibilidade operacional e financeira.
A Iberdrola, que detém aproximadamente 84 por cento das ações da Neoenergia após adquirir participação da Previ, propôs a OPA com preço de 32,50 reais por ação. Esse valor foi calculado com base na transação prévia com a Previ e representa um prêmio relevante em relação ao preço de fechamento das ações antes do anúncio do pregão de segunda-feira.
Já o preço ajustando-se pela taxa Selic, o preço efetivo da OPA equivaleria a 32,77 reais por ação, o que configura um prêmio de cerca de 9 por cento sobre a cotação mais recente. A operação, se totalmente aceita pelos acionistas minoritários, implicaria um desembolso estimado pela Iberdrola em aproximadamente 1,03 bilhão de euros, sem considerar possíveis dividendos intermediários da Neoenergia.
O anúncio da OPA provocou reação imediata no mercado, com as ações da Neoenergia disparando no pregão. Parte dessa valorização decorre da expectativa de que os minoritários possam vender suas ações e capturar o prêmio implícito na oferta. A movimentação é compreensível, uma vez que o preço proposto supera significativamente a cotação média recente, oferecendo um retorno atraente para investidores que desejem liquidar suas posições.
Do ponto de vista estratégico, a Iberdrola busca simplificar a estrutura societária da Neoenergia, reduzindo os custos e a burocracia associados à manutenção de uma companhia aberta na bolsa de valores. Além disso, com o controle total da empresa, a Iberdrola poderá tomar decisões mais ágeis e implementar políticas de investimento com maior liberdade, sem a necessidade de submeter cada passo à aprovação de minoritários ou lidar com obrigações regulatórias típicas de empresas listadas.
Para o mercado brasileiro, a operação é interpretada como um sinal de confiança no setor de distribuição de energia, especialmente em um cenário em que a infraestrutura regulada continua apresentando oportunidades de crescimento estável.
Apesar dos benefícios, existem riscos relevantes para os minoritários e para a própria operação. A aceitação da OPA depende da decisão dos acionistas minoritários; caso parte deles rejeite a oferta, a Iberdrola precisará encontrar soluções alternativas ou ajustar sua estratégia.
E Eu Com Isso?
O processo está sujeito à aprovação da CVM e outros órgãos reguladores locais, o que pode gerar atrasos ou exigências adicionais.
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