O dólar está na mínima do ano, o que isso significa?



Ao lado do Ibovespa, o dólar é o indicador mais importante das expectativas dos investidores com relação à economia brasileira. O raciocínio é simples. Há momentos em que o Brasil “vai bem”. A inflação parece estar sob controle, a economia parece estar crescendo e o governo parece estar fazendo apenas as bobagens habituais, sem inventar novas. Nessas horas, tudo indica que fica mais interessante investir por aqui. A expectativa – palavra dominante no mercado – é de que vão chegar mais dólares. E a taxa de câmbio cai, com o real se apreciando em relação à moeda estrangeira. Quando essa convicção perde força, a expectativa passa a ser a da falta de dólares, e a taxa de câmbio sobe.

A conjunção entre uma Ata “benigna” da 274ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e uma inflação de outubro abaixo do previsto, ambas divulgadas na terça-feira (11), reforçaram a convicção de que o Brasil “vai bem”.

Apesar de o texto da Ata ter sido austero e frisar o fato de que a inflação segue acima da meta, o Banco Central (BC) descartou formalmente a possibilidade de subir os juros, mostrando “maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”. Na Ata da reunião de setembro, o texto dizia que o Comitê seguiria “avaliando se, mantido o nível corrente [da Selic] por período bastante prolongado, seria suficiente para garantir a convergência”.

O IPCA de outubro foi de 0,09 por cento, abaixo da expectativa de 0,16 por cento e do 0,48 por cento de variação em setembro. A desaceleração da inflação deveu-se principalmente à queda dos preços da eletricidade. Com isso, a inflação acumulada nos 12 meses até outubro desacelerou para 4,68 por cento ante os 5,147 por cento dos 12 meses até setembro. Ainda está acima do teto da meta, que é de 4,50 por cento, mas já permite esperar uma convergência mais rápida da inflação ao limite definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Tudo isso levou o Ibovespa a quebrar o 12º recorde consecutivo e fez o dólar recuar para 5,2722 reais, menor nível de 2025. Até quando essa bonança vai continuar? Essa é a pergunta de vários trilhões de reais.

O cenário segue positivo, mas continua sensível a mudanças no humor do mercado internacional. O aparente equilíbrio entre política monetária, inflação e câmbio devolveu alguma previsibilidade à economia brasileira. No entanto, isso está baseado em algo fluido com as expectativas dos investidores, que podem mudar com qualquer notícia ruim.


E Eu Com Isso?

A manhã da quarta-feira (12) começa com perspectivas positivas no cenário internacional devido à possibilidade de fim da paralisação do governo americano. O “shutdown” não apenas dificulta a vida dos investidores por comprometer a divulgação de indicadores econômicos, mas também pode custar pontos do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano, afetando as empresas privadas que fornecem serviços para o governo. Por isso, expectativas de normalização da atividade tendem a ser benéficas para a bolsa. No entanto, não se descarta uma correção técnica dos preços.

As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade



Braskem tem resultado pressionado, mas conclui acordo com Alagoas e ações avançam 18%


A Braskem divulgou seus resultados do terceiro trimestre de 2025, apresentando uma retração nas receitas e um resultado operacional mais fraco do que no mesmo período do ano anterior.

A receita bruta da companhia totalizou R$ 20,3 bilhões no trimestre, representando uma queda de 18% em relação ao 3T24. Já a receita líquida de vendas recuou 19%, passando para R$ 17,9 bilhões. Essa redução reflete, em parte, a pressão sobre os preços e os volumes comercializados.

O custo dos produtos vendidos teve uma leve redução, totalizando R$ 16,8 bilhões no 3T25, queda de 11%. Apesar dessa melhora nos custos, a redução mais acentuada da receita resultou em uma queda no lucro bruto, que foi de R$ 436 milhões, retração de 81%.

As despesas operacionais apresentaram variações distintas. As despesas da companhia totalizaram R$ 1,4 bilhão, em linha com o ano anterior. Com esses fatores combinados, o resultado operacional foi negativo em R$ 1,6 bilhão no 3T25, revertendo o resultado positivo registrado no ano anterior.

No terceiro trimestre de 2025, a dívida líquida ajustada da Braskem totalizou US$ 7,1 bilhões, aumento de 22% em relação ao ano anterior. Esse crescimento reflete, em parte, a redução no caixa consolidado da companhia, que caiu 45% em um ano.

O EBITDA recorrente dos últimos 12 meses foi de US$ 490 milhões, queda de 50% em relação ao trimestre anterior. Como consequência, a alavancagem medida pela relação Dívida Líquida/EBITDA atingiu um patamar elevado, próximo de 14,76x, refletindo não apenas o aumento do endividamento líquido, mas também a redução da geração operacional de caixa.

Esse indicador segue como um dos principais pontos de atenção para a Braskem, especialmente em um cenário ainda pressionado quanto aos preços e margens no setor petroquímico.

O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 905 milhões, apresentando melhora de 61% frente ao 3T24. Mesmo assim, a companhia ainda registrou prejuízo líquido de R$ 174 milhões.

Apesar do resultado negativo no trimestre, o acordo com o Estado de Alagoas pode ser considerado um desfecho positivo para a Braskem. A companhia anunciou o pagamento total de R$ 1,2 bilhão relacionado a um evento geológico na região. Até o momento, R$ 139 milhões já foram pagos, e R$ 467 milhões haviam sido provisionados em exercícios anteriores para indenização de danos patrimoniais.


E Eu Com Isso?

A companhia continua a ocupar posição de liderança no Brasil e mantém presença estratégica nos Estados Unidos e no México, garantindo certa resiliência diante das oscilações regionais e exposição relevante aos mercados internacionais.
 
No terceiro trimestre de 2025, embora os resultados operacionais permaneçam em baixa, o acordo com o estado de Alagoas tirou um pouco da pressão, seguimos acompanhando as movimentações envolvendo a companhia.



Cury (CURY3) sustenta trajetória de crescimento com forte geração de caixa e margens resilientes no 3T25

A Cury encerrou o 3T25 com resultados robustos, refletindo o equilíbrio entre crescimento e rentabilidade que tem caracterizado seu modelo de negócios. A receita líquida atingiu R$ 1,4 bilhão, avanço expressivo de 34% a/a, sustentado pelo forte desempenho comercial e pelo ritmo consistente de lançamentos, que somaram R$ 2,0 bilhões no período. As vendas líquidas totalizaram R$ 1,8 bilhão (+30% a/a), impulsionadas pelo bom desempenho das operações nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a companhia mantém presença consolidada. O aumento de 32% no número de unidades lançadas reforça o foco em escala e eficiência operacional, mesmo com leve recuo de 3,6% no preço médio das unidades, para R$ 291,6 mil — movimento alinhado à estratégia de priorizar velocidade de vendas e preservação de margens.

O lucro bruto e o EBITDA ajustado confirmaram a capacidade da Cury de crescer mantendo rentabilidade. O EBITDA ajustado alcançou R$ 340 milhões (+53,7% a/a), com margem de 24,3%, refletindo a diluição de custos fixos e a manutenção de um mix equilibrado de produtos dentro do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e da linha de médio padrão. A margem bruta ajustada foi de 40,2%, um patamar elevado e estável, demonstrando disciplina na execução e controle de custos de construção, mesmo em um cenário de pressões pontuais em insumos. O desempenho operacional foi favorecido pela gestão eficiente de obras e pela política rigorosa de repasse bancário, que continua garantindo fluxo de caixa previsível e baixa exposição a riscos de inadimplência.

Na última linha, o lucro líquido atingiu R$ 255 milhões no 3T25, crescimento expressivo de 49,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado tanto pelo aumento de receita quanto pela alavancagem operacional positiva. A margem líquida atingiu 20%, patamar superior à média do setor e em linha com o histórico recente da companhia, consolidando um retorno sobre o patrimônio (ROE) de 70,6% no trimestre. Esse desempenho robusto reflete a consistência do modelo de negócios de capital leve, que privilegia o giro rápido de projetos e controle rígido de despesas. Além disso, a Cury distribuiu R$ 200 milhões em dividendos no trimestre — somando R$ 529 milhões no acumulado do ano —, reforçando seu perfil de empresa geradora de caixa e comprometida com a remuneração do acionista.

A geração de caixa operacional atingiu R$ 233 milhões no trimestre, avanço de 58,6% a/a, demonstrando o forte ciclo de conversão da companhia e a eficiência de seu modelo de repasses. A gestão de capital de giro segue como um dos principais diferenciais da Cury, permitindo que a empresa mantenha uma estrutura de capital enxuta e níveis baixos de endividamento. O caixa robusto também possibilitou sustentar o ritmo elevado de lançamentos e, ao mesmo tempo, remunerar o acionista sem comprometer a capacidade de investimento. Mesmo com distratos de R$ 224,8 milhões (+46,8% a/a), a relação distratos/vendas brutas manteve-se em patamar saudável, de 11%, refletindo o perfil de clientes predominantemente de baixa renda e de imóveis enquadrados em faixas com maior subsídio e facilidade de crédito.

 
E Eu Com Isso?
 
No trimestre, a Cury reforçou sua presença em regiões estratégicas com projetos de grande tração comercial. No Rio de Janeiro, o destaque foi o lançamento do Residencial Cartola, no bairro de São Cristóvão, com VGV de R$ 126 milhões e mais de 60% das unidades vendidas logo após o lançamento. Em São Paulo, o Astro Santa Marina, localizado na Água Branca, alcançou 85% de vendas e VGV de R$ 262 milhões, demonstrando a assertividade na escolha de terrenos e mix de produtos. O estoque atual representa menos de seis meses de vendas, o que evidencia alta velocidade de escoamento e reforça o caráter resiliente da operação comercial. A empresa também iniciou o quarto trimestre com o lançamento do Alto Chácara Antônio (SP), com VGV de R$ 204 milhões e 60% das unidades já comercializadas, apontando para uma continuidade positiva no fechamento do ano.

O 3T25 reforça o posicionamento da Cury como uma das companhias mais equilibradas do setor, entregando crescimento expressivo, margens robustas e elevada geração de caixa, mesmo em um ambiente macroeconômico ainda restritivo. A performance consistente das operações em São Paulo e Rio de Janeiro, aliada à velocidade de vendas e à eficiência na execução, sustenta a tese de que a empresa possui um modelo de negócio resiliente e de rápida adaptação a diferentes ciclos de mercado. Os principais gatilhos de curto prazo incluem: (i) o ritmo de lançamentos no 4T25, beneficiado pelo ambiente mais favorável do MCMV Faixa 4; (ii) a continuidade da forte geração de caixa e pagamento de dividendos; e (iii) potenciais ganhos de margem com a estabilização de custos de construção.



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