Senado americano pode encerrar paralisação do governo



Em uma votação na noite do domingo (9), o Senado dos Estados Unidos aprovou a primeira etapa de um acordo que pode encerrar a mais longa paralisação do governo dos EUA, iniciada em 1º de outubro. A medida permite que outras votações para o acordo sejam realizadas a partir desta segunda-feira (10). A decisão precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados e sancionada pelo presidente Donald Trump antes do fim da paralisação.

O acordo prevê a reversão de todas as demissões de funcionários públicos durante a paralisação e a suspensão dos enxugamentos de pessoal até o fim do ano fiscal de 2026. Também garante que todos os funcionários federais receberão seus salários normais durante a paralisação, quando muitos deles não puderam trabalhar.

A medida foi aprovada com o mínimo necessário de 60 votos a favor, depois que oito senadores democratas contrariaram a orientação do partido e apoiaram o acordo. Quarenta senadores votaram contra. O acordo, alcançado após negociações ininterruptas durante o fim de semana, financiará o governo dos EUA até o fim de janeiro de 2026.

O pacto não inclui a principal exigência dos democratas: prorrogar os créditos fiscais da Lei de Acesso à Saúde (Affordable Care Act), que expiram no fim de dezembro. Porém, o acordo inclui uma garantia do partido republicano de uma votar, em dezembro, um projeto de lei do partido democrata que amplia esses subsídios, usador por mais de 20 milhões de americanos para reduzir o custo dos planos de saúde.

Em outra notícia positiva, a China reverteu uma série de restrições à exportação de minerais críticos e materiais de terras raras para os Estados Unidos, em um sinal de que a trégua comercial entre as duas maiores economias do mundo está se mantendo.

O Ministério do Comércio da China anunciou na sexta-feira (08) que suspenderá alguns controles de exportação de minerais críticos usados em equipamentos militares, semicondutores e outras indústrias de alta tecnologia por um ano. As restrições haviam sido impostas em 9 de outubro e limitam a exportação de terras raras, materiais para baterias de lítio e tecnologias de processamento.

Pequim também reverteu as restrições às exportações de gálio, germânio, antimônio e outros materiais considerados super duros, como diamantes sintéticos e nitretos de boro. Essas medidas, introduzidas em dezembro de 2024, foram amplamente vistas como retaliação às restrições ampliadas de Washington à exportação de semicondutores da China.

A flexibilização das exportações ocorreu após conversas entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, em Busan, Coreia do Sul, em 30 de outubro.

A China classifica esses materiais como “itens de dupla utilização”, o que significa que podem ser usados tanto para fins civis quanto militares. Além das aplicações militares, esses minerais são usados em toda a indústria de semicondutores e de alta tecnologia, que estão no centro das tensões comerciais entre os EUA e a China.


E Eu Com Isso?

A aprovação da medida pelo Senado e a continuidade na distensão comercial entre Estados Unidos e China animaram os investidores. Os contratos futuros dos principais índices americanos estão com fortes altas no pré-mercado. Além disso, a retomada das atividades do governo deverá normalizar a divulgação de indicadores econômicos como os de inflação e de emprego, reduzindo a incerteza e facilitando a vida dos investidores.

As notícias são positivas para a Bolsa



SLC (SLCE3) busca otimizar a estrutura de portfólio e capta 700 milhões de reais


A SLC Agrícola (SLCE3) na última semana anunciou que irá transformar parte de suas terras em recursos líquidos, levantando cerca de 700 milhões de reais por meio de uma parceria com um investidor internacional. A iniciativa faz parte de um movimento estratégico que busca tornar a empresa mais leve, mais eficiente e deixar a estrutura sem depender de novas dívidas.

O acordo prevê a criação de uma sociedade conjunta que reunirá duas propriedades da SLC, incluindo uma fazenda localizada na Bahia, com área superior a 20 mil hectares. O parceiro financeiro entra com capital, enquanto a empresa contribui com as terras e continua responsável por toda a produção agrícola, que será mantida sob sua gestão por quase duas décadas. Durante esse período, a SLC pagará à nova estrutura uma parcela das receitas obtidas com as colheitas, preservando o controle das operações e garantindo previsibilidade de resultados.

Usualmente empresas do setor preferem acumular patrimônio em terras, o que gera solidez, mas também reduz a liquidez financeira. Ao converter parte desse ativo em dinheiro, a SLC demonstra flexibilidade para encarar momentos mais desfavoráveis do ciclo sem perder a gestão das fazendas, utilizando o capital obtido para impulsionar a eficiência e fortalecer o caixa.

Grande parte do montante será direcionada para projetos de irrigação, considerados fundamentais para o aumento da produtividade. Segundo estimativas da própria companhia, cada hectare irrigado pode render milhares de reais adicionais a cada safra, além de reduzir riscos associados à irregularidade das chuvas, a aposta em tecnologia e infraestrutura busca o ganho de eficiência nas operações.

Outro efeito esperado da operação é a melhora da estrutura financeira. No balanço mais recente, a SLC apresentava uma relação entre dívida e lucro operacional em torno de 2,3 vezes, índice razoável, mas que limita espaço para novos investimentos. Com a entrada dos recursos, a empresa poderá reduzir sua alavancagem, ganhar fôlego e ainda investir em áreas de maior retorno, sem comprometer sua saúde financeira.

O modelo adotado, de parceria de longo prazo com investidores institucionais, abre caminho para novas iniciativas semelhantes. A própria SLC já sinalizou que essa fórmula poderá ser repetida em outras regiões, ampliando o alcance da estratégia.


E Eu Com Isso?

Para investidores, esse tipo de operação é atrativo, pois oferece exposição ao agronegócio brasileiro, um setor com potencial de expansão e com ativos reais, sem necessidade de envolvimento direto na gestão agrícola.

Apesar dos benefícios, o movimento traz desafios. Ao ceder parte da propriedade das fazendas, a empresa compartilha também o potencial de valorização futura desses ativos. 

Além disso, o retorno esperado dos projetos de irrigação dependerá de boa execução técnica e de condições de mercado favoráveis, mesmo assim, a iniciativa foi bem recebida pelo mercado, as ações da SLC avançaram 4,16 por cento na última sexta-feira após o anúncio.

Em um ambiente cada vez mais competitivo, a empresa mantém sua posição como uma das líderes em inovação e eficiência no campo, combinando visão de longo prazo com disciplina de capital.



Venda do Midway Mall marca ponto de inflexão estratégico e financeiro para a Guararapes (GUAR3)

A Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo, anunciou ter firmado um Memorando de Entendimento (MOU) não vinculante com um consórcio de investidores liderado pela Capitânia Investimentos para a possível venda integral do Midway Mall, ativo imobiliário premium localizado em Natal (RN). O processo, ainda sujeito à due diligence e à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), marca um movimento que vinha sendo aguardado pelo mercado e alinha-se à estratégia de foco no core business. Ao sinalizar disposição em se desfazer de um ativo relevante e intensivo em capital, a companhia reforça a intenção de simplificar sua estrutura e concentrar recursos na operação de varejo — principal motor de geração de caixa da holding.

O valuation da proposta teria sido definido em 1,6 bilhão de reais, valor que se encontra no limite superior das projeções para o ativo. Considerando essa cifra, o Midway Mall poderia estar sendo avaliado com prêmio frente aos pares. Se confirmada a transação com esse preço, o múltiplo implícito da Guararapes cairia substancialmente, aproximando-se da faixa de 8x o lucro estimado para 2026, ante patamar atual próximo a 10x. Esse movimento reforça a percepção de que o ativo imobiliário não estava plenamente refletido no preço das ações, sugerindo que a venda pode redesenhar a dinâmica de valuation da empresa.

A Guararapes encerrou o 3T25 com uma posição de alavancagem bastante confortável, em torno de 0,7x dívida líquida/EBITDA (ex-IFRS), resultado de geração de caixa consistente e disciplina de investimentos. A entrada de recursos provenientes da venda — mesmo considerando que parte do pagamento pode ocorrer ao longo dos próximos anos — ampliaria a folga financeira da companhia e fortaleceria sua capacidade de financiar iniciativas estratégicas, modernização de lojas e eventuais ajustes de portfólio. Além disso, há potencial benefício fiscal via utilização de prejuízos acumulados, o que poderia reduzir a alíquota efetiva incidente sobre o ganho de capital da operação.

Diante de um balanço sólido e da ausência de uma necessidade premente de desalavancagem, cresce a expectativa de que a maior parte dos recursos do possível desinvestimento seja destinada à distribuição de dividendos extraordinários, especialmente à luz das discussões sobre possível tributação de dividendos a partir de 2026. Ainda assim, parte do montante pode ser retida para financiar projetos estratégicos e acelerar planos de expansão ou revitalização, ao mesmo tempo em que a empresa deve preservar sua posição confortável de alavancagem.

 
E Eu Com Isso?
 
A venda do Midway Mall reorganiza o mapa estratégico da Guararapes. Ao avançar para um modelo mais enxuto e com menor exposição a ativos imobiliários, a companhia reforça seu compromisso com racionalidade de capital e foco operacional. Com liquidez reforçada e uma estrutura de capital ainda mais robusta, a empresa teria espaço adicional para acelerar iniciativas de produtividade, eficiência logística e modernização do parque de lojas — pilares fundamentais para sustentar crescimento rentável no médio prazo.

Em síntese, a venda do Midway Mall representa um evento potencialmente transformacional para a Guararapes, combinando simplificação corporativa, melhora perceptível no valuation e perspectiva concreta de retorno significativo ao acionista. Ainda assim, o desfecho dependerá dos resultados da due diligence, das tratativas finais com o grupo comprador e da estrutura de pagamento — pontos que podem influenciar o impacto financeiro de curto prazo. O movimento reforça a direção correta em termos de estratégia e alocação de capital, ao mesmo tempo em que desloca o foco para execução, competitividade e rentabilidade do núcleo de varejo da companhia.




DISCLAIMER
A INSIDE RESEARCH LTDA. (“INSIDE”), empresa do Grupo Levante Investimentos (“LEVANTE ”), declara que participou da elaboração do presente relatório de análise e é responsável por sua distribuição exclusivamente nos canais autorizados das empresas do Grupo Levante, tendo como objetivo somente informar os seus clientes com linguagem clara e objetiva, diferenciando dados factuais de interpretações, projeções, estimativas e opiniões, não constituindo oferta de compra ou de venda de nenhum título ou valor mobiliário. Além disso, os dados factuais foram acompanhados da indicação de suas fontes e as projeções e estimativas foram acompanhadas das premissas relevantes e metodologia adotadas. Todas as informações utilizadas neste documento foram redigidas com base em informações públicas, de fontes consideradas fidedignas. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não são incertas ou equivocadas no momento de sua publicação, a INSIDE e os seus analistas não respondem pela veracidade das informações do conteúdo, mas sim as companhias de capital aberto que as divulgaram ao público em geral, especialmente perante a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”). As informações, opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e estão sujeitas a mudanças, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Para maiores informações consulte a Resolução CVM nº 20/2021, e, também, o Código de Conduta da Apimec para o Analista de Valores Mobiliários. Em cumprimento ao artigo 16, II, da referida Resolução CVM nº 20/2021. As decisões de investimentos e estratégias financeiras sempre devem ser realizadas pelo próprio cliente, de preferência, amparado por profissionais ou empresas habilitadas para essa finalidade, uma vez que a INSIDE não exerce esse tipo de atividade. Esse relatório é destinado exclusivamente ao cliente da INSIDE que o contratou. A sua reprodução ou distribuição não autorizada, sob qualquer forma, no todo ou em parte, implicará em sanções cíveis e criminais cabíveis, incluindo a obrigação de reparação de todas as perdas e danos causados, nos termos da Lei nº 9.610/98, além da cobrança de multa não compensatória de 20 (vinte) vezes o valor mensal do serviço pago pelo cliente. Em conformidade com os artigos 20 e 21 da Resolução CVM nº 20/2021, o analista Eduardo Jamil Rahal (inscrito no CNPI sob o nº 8204) declara que (i) é o responsável principal pelo conteúdo do presente relatório de análise; (ii) as recomendações nele contidas refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e que foram elaboradas de forma independente, inclusive com relação à INSIDE.

O conteúdo foi útil para você? Compartilhe!

Recomendado para você

Ajudamos você a investir melhor, de forma simples​

Inscreva-se para receber as principais notícias do mercado financeiro pela manhã.