O Comunicado da 274ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) foi considerado duro pelos profissionais do mercado financeiro. A decisão de manter a taxa Selic em 15 por cento ao ano era amplamente esperada: o mercado de opções de Copom indicava 98 por cento de probabilidade de que isso ocorresse. No entanto, o que os investidores realmente queriam ver não ocorreu. O texto não trouxe nenhuma indicação de quando os juros vão começar a cair e reforçou que o Comitê “permanece vigilante”.
A avaliação do BC continua negativa. “O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, diz o texto.
A conjuntura, tanto interna quanto externa, não ajuda. “O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, diz o texto.
Segundo o Comunicado, “o cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Ao contrário do que alguns analistas esperavam, o BC manteve a possibilidade de elevar os juros se for necessário. “O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz o Comunicado.
A decisão reforça o compromisso com o controle da inflação, que segue próxima do teto da meta, e reflete preocupações com o cenário fiscal e a resiliência do mercado de trabalho. Ela mostrou que o BC considera o ritmo de desinflação satisfatório, mas ainda não suficiente para justificar cortes imediatos. O comitê optou por preservar a estabilidade, reforçando a percepção de que a política monetária segue em terreno restritivo e eficaz.
E Eu Com Isso?
O Comunicado deixou claro que, para o Banco Central, a melhora nas expectativas de inflação ainda não é suficiente para mover o ponteiro no que diz respeito à política monetária. Juros mais altos por mais tempo tornam os investimentos brasileiros mais atrativos, por isso o dólar está começando o dia com uma leve queda. Mesmo assim, os contratos futuros do Ibovespa iniciam a sessão com uma leve baixa, indicando uma reação negativa do mercado.
As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade
Eletrobras (ELET3) anuncia 4,3 bilhões de reais em dividendos junto com resultado do 3T25 A Axia Energia, nova identidade da antiga Eletrobras (ELET3), divulgou na quarta-feira (05) seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2025. Os números chamaram a atenção do mercado. A companhia registrou uma queda de 68 por cento no lucro líquido ajustado em comparação ao mesmo período do ano anterior, atingindo cerca de 2,2 bilhões de reais. A empresa também anunciou a distribuição de 4,3 bilhões de reais em dividendos intermediários, reforçando seu compromisso com a geração de valor aos acionistas e a confiança na solidez de sua operação. O resultado mais fraco foi atribuído principalmente à menor mensuração regulatória dos contratos de transmissão, um fator contábil que costuma ter impacto significativo nos balanços das empresas do setor elétrico. Esse efeito não está diretamente ligado ao desempenho operacional, mas sim a ajustes decorrentes de revisões tarifárias e critérios regulatórios aplicados pela Aneel. Assim, embora o lucro tenha retração, a geração de caixa operacional da Axia continuou em níveis estáveis. O EBITDA ajustado totalizou 6,4 bilhões de reais, refletindo a dinâmica que afetou o lucro líquido. Em contrapartida, a companhia também aumentou o volume de investimentos, que somam cerca de 2,7 bilhões de reais no trimestre, um avanço de 57 por cento em relação ao mesmo período de 2024. O total distribuído em proventos no acumulado de 2025 deve ultrapassar 8 bilhões de reais, tornando a Axia uma das maiores pagadoras de dividendos do setor elétrico brasileiro, com isso o dividend Yield da companhia fica em 6,3 por cento para este ano. No contexto do mercado, a performance da Axia reflete também o desafio do setor elétrico em lidar com as transições regulatórias e a volatilidade de indicadores financeiros ligados a contratos de longo prazo, a Axia vem passando por um processo de consolidação da sua nova identidade após a descentralização. A mudança de nome, anunciada recentemente, é um reposicionamento no mercado, buscando transmitir uma imagem de eficiência e foco em sustentabilidade. Além dos fatores financeiros, a companhia tem focado na transformação energética. A aposta em fontes renováveis, especialmente eólica e solar, deve ganhar peso nos próximos anos, alinhada à tendência global de descarbonização. Internamente, a gestão também tem dado atenção à governança corporativa e à busca por maior competitividade frente às demais geradoras. E Eu Com Isso? Para os investidores, o momento segue sendo de atenção. Embora o pagamento de dividendos seja atrativo, é preciso monitorar para verificar se a queda do lucro será apenas um efeito não recorrente isolado, sem impactar os resultados futuros. A empresa busca manter margens elevadas de operação. O cenário macroeconômico e o custo de capital também influenciam o desempenho do setor, especialmente num contexto de juros ainda altos e pressões por investimentos em infraestrutura. Em síntese, o terceiro trimestre de 2025 marcou uma fase de adaptação para a Axia Energia. De um lado, um lucro com retração, com investimentos crescentes e dividendos generosos. O equilíbrio entre rentabilidade imediata e sustentabilidade de longo prazo será relevante para a empresa daqui para frente. A trajetória da Axia mostra que, mesmo em um ambiente de incertezas, a busca por eficiência e retorno aos acionistas continua no centro da estratégia da maior companhia de energia elétrica do país. |
Soluções em cloud e business performance impulsionam a nova fase de crescimento da Totvs (TOTS3) A Totvs (TOTS3) apresentou resultados sólidos no 3T25, com a receita líquida consolidada atingindo 1,56 bilhão de reais, alta de 18 por cento a/a, refletindo o crescimento consistente da divisão de software, que segue como principal motor da companhia. O desempenho foi impulsionado pelo avanço de 21 por cento nas receitas recorrentes, que já representam mais de 91 por cento do faturamento total, evidenciando a força do modelo de negócios baseado em contratos de longo prazo e alta previsibilidade. Esse mix, sustentado por forte retenção de clientes e crescimento orgânico em ERP, soluções verticais e cloud, consolida a Totvs como a principal plataforma tecnológica corporativa do país, com resultados acima da média do setor. A companhia manteve sua trajetória de eficiência operacional, com EBITDA ajustado de 404,8 milhões de reais, crescimento de 22,7 por cento a/a, e margem EBITDA de 26 por cento, uma expansão de 100bps em relação ao 3T24. O ganho reflete maior diluição de despesas fixas diante do crescimento de receita, além de ajustes em estrutura comercial e investimentos seletivos em inovação. O avanço das margens demonstra que o ciclo de maturação das ofertas digitais (especialmente cloud e plataformas financeiras) tem ocorrido com forte geração de valor e sem perda de rentabilidade. O lucro líquido ajustado somou 248,7 milhões de reais, avanço de 10,2 por cento a/a, impulsionado pela expansão operacional e pela melhora do resultado financeiro líquido, mesmo com uma base mais robusta de investimentos. A companhia segue gerando resultados consistentes, traduzindo crescimento de receita em ganhos de margem e aumento de lucro, em linha com a estratégia de ampliar a monetização por cliente e reforçar a rentabilidade dos segmentos de software e business performance. A Totvs mantém sua estratégia de combinar inovação tecnológica e execução disciplinada, apoiada em três pilares: software de gestão, soluções financeiras e plataformas de business performance. O trimestre reforçou o papel da companhia como agente central da digitalização empresarial no país, com destaque para o crescimento acelerado em cloud e soluções de analytics. O portfólio cada vez mais integrado permite à Totvs capturar sinergias e aumentar a recorrência, ao mesmo tempo em que sustenta margens elevadas e baixo churn — diferenciais que fortalecem sua vantagem competitiva no ecossistema B2B. A alavancagem da Totvs permanece em patamar confortável, com dívida líquida/EBITDA próxima de 0,8x, permitindo flexibilidade para aquisições seletivas e continuidade de investimentos em P&D. A companhia mantém posição de caixa robusta, assegurando liquidez e capacidade de financiar o crescimento orgânico e inorgânico. O foco segue em acelerar a adoção de soluções de valor agregado e ampliar a base de pequenas e médias empresas, segmento que ainda oferece espaço relevante de penetração. E Eu Com Isso? O 3T25 confirma que a Totvs está bem posicionada para aproveitar a aceleração estrutural do mercado de tecnologia no Brasil, com seu modelo de receitas recorrentes já acima de 90 por cento dando visibilidade para 2026. A empresa se beneficia da forte demanda corporativa por digitalização, com contratos de longo prazo e menor sensibilidade ao ciclo macroeconômico — fato que realça sua resiliência. Olhando à frente, destacam-se como catalisadores de médio prazo a crescente adoção de suas soluções cloud e de business performance, a integração de possíveis aquisições para ampliar o ecossistema de serviços, e a potencial entrega comercial das recém-lançadas soluções tributárias, que se alinham à reforma e às novas exigências regulatórias — abrindo um novo vetor de venda cruzada. No curto prazo, o avanço da penetração de subscrição, o aumento da receita por cliente, e a expansão da presença em segmentos verticais e geográficos ainda pouco explorados são fatores que podem acelerar o crescimento. Em suma, acreditamos que a Totvs reúne fundamentos estratégicos sólidos, execução comprovada e impulso de inovação consistente, o que embasa nossa visão construtiva para TOTS3 no cenário tecnológico brasileiro. DISCLAIMER A INSIDE RESEARCH LTDA. (“INSIDE”), empresa do Grupo Levante Investimentos (“LEVANTE ”), declara que participou da elaboração do presente relatório de análise e é responsável por sua distribuição exclusivamente nos canais autorizados das empresas do Grupo Levante, tendo como objetivo somente informar os seus clientes com linguagem clara e objetiva, diferenciando dados factuais de interpretações, projeções, estimativas e opiniões, não constituindo oferta de compra ou de venda de nenhum título ou valor mobiliário. Além disso, os dados factuais foram acompanhados da indicação de suas fontes e as projeções e estimativas foram acompanhadas das premissas relevantes e metodologia adotadas. Todas as informações utilizadas neste documento foram redigidas com base em informações públicas, de fontes consideradas fidedignas. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não são incertas ou equivocadas no momento de sua publicação, a INSIDE e os seus analistas não respondem pela veracidade das informações do conteúdo, mas sim as companhias de capital aberto que as divulgaram ao público em geral, especialmente perante a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”). As informações, opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e estão sujeitas a mudanças, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Para maiores informações consulte a Resolução CVM nº 20/2021, e, também, o Código de Conduta da Apimec para o Analista de Valores Mobiliários. Em cumprimento ao artigo 16, II, da referida Resolução CVM nº 20/2021. As decisões de investimentos e estratégias financeiras sempre devem ser realizadas pelo próprio cliente, de preferência, amparado por profissionais ou empresas habilitadas para essa finalidade, uma vez que a INSIDE não exerce esse tipo de atividade. Esse relatório é destinado exclusivamente ao cliente da INSIDE que o contratou. A sua reprodução ou distribuição não autorizada, sob qualquer forma, no todo ou em parte, implicará em sanções cíveis e criminais cabíveis, incluindo a obrigação de reparação de todas as perdas e danos causados, nos termos da Lei nº 9.610/98, além da cobrança de multa não compensatória de 20 (vinte) vezes o valor mensal do serviço pago pelo cliente. Em conformidade com os artigos 20 e 21 da Resolução CVM nº 20/2021, o analista Eduardo Jamil Rahal (inscrito no CNPI sob o nº 8204) declara que (i) é o responsável principal pelo conteúdo do presente relatório de análise; (ii) as recomendações nele contidas refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e que foram elaboradas de forma independente, inclusive com relação à INSIDE. |

