
A última semana de outubro terá uma movimentação intensa. A segunda-feira (27) começou agitada. No domingo (26), autoridades americanas e chinesas afirmaram ter elaborado a estrutura de um acordo sobre um potencial acordo comercial que suspende tarifas americanas mais severas e controles de exportação de terras raras chinesas. Trump foi recebido com honras pelo imperador japonês Naruhito. Agora, os investidores aguardam um encontro com o presidente Xi Jinping. “Tenho muito respeito pelo presidente Xi e acredito que chegaremos a um acordo”, disse Trump a repórteres no Air Force One antes de pousar em Tóquio, capital do Japão.
A notícia elevou as ações. O índice Hang Seng de Hong Kong subiu cerca de 1,1 por cento. O índice europeu STOXX 600 subiu cerca de 0,1 por cento e atingiu um recorde intradiário próximo a 576 pontos. Os contratos futuros de ações dos EUA subiram no pré-mercado, com os contratos futuros do Nasdaq avançando mais de 1 por cento.
No entanto, apesar do otimismo, há um ponto a considerar. Até agora há um rascunho, e não um acordo assinado. Os detalhes, o cronograma e a implementação determinariam as compensações para setores e cadeias de suprimentos específicos. A volatilidade pode retornar se as negociações estagnarem ou se qualquer um dos lados reafirmar as restrições comerciais.
Além disso, os investidores de animaram com a expectativa de mais um corte de juros pelo Federal Reserve (FED), o banco central americano, que se reúne na terça-feira (28) e na quarta-feira (29). Há uma grande convicção entre os investidores de que o FED deverá reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 3,75 por cento e 4,00 por cento ao ano, e que poderá sinalizar mais um corte da mesma magnitude na última reunião deste ano, agendada para dezembro.
A confluência entre corte de juros e uma retomada parcial da normalidade das relações comerciais entre China e Estados Unidos pode sustentar mais um movimento de valorização das ações americanas, que vêm sendo sustentadas pelos resultados positivos trimestrais das empresas.
No Brasil, a safra de balanços do terceiro trimestre chega com força, com Bradesco e Santander divulgando os números na quarta-feira (29). A grande questão é o comportamento da inadimplência, que pode piorar o humor dos investidores.
RELATÓRIO FOCUS A edição mais recente do Relatório Focus, divulgada pelo Banco Central (BC), mostra novas reduções na expectativa para a inflação de 2025. A projeção recuou para 4,56 por cento, ante os 4,70 por cento da semana anterior. Agora, a estimativa de inflação encontra-se apenas 6 pontos-base (centésimos de ponto percentual) acima do teto da meta de 4,50 por cento.
E Eu Com Isso?
A expectativa de um acordo entre Estados Unidos e China e a possibilidade de que a reunião entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva leve a uma reversão ou a uma redução das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros animaram os investidores. As cotas do ETF EWZ iShares MSCI Brazil estão com alta de 1,5 por cento no pré-mercado.
As notícias são positivas para a Bolsa
Impairment faz Usiminas (USIM5) ter prejuízo de 3,5 bilhões de reais A Usiminas (USIM5) divulgou, na última sexta-feira (24), seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2025, trazendo números mistos. O volume total de vendas de aço somou 1,04 milhão de toneladas, queda de 2 por cento em relação ao mesmo período de 2024, enquanto as vendas de minério de ferro avançaram 9 por cento, totalizando 2,5 milhões de toneladas. A receita líquida atingiu 6,64 bilhões de reais, representando uma retração de 3 por cento na comparação anual. O segmento de siderurgia permaneceu como principal fonte de faturamento, responsável por 79 por cento da receita total, com destaque para o mercado interno e as linhas de negócios Automotivo, Indústria e Grande Rede. Já o segmento de mineração respondeu pelos 21 por cento restantes. O custo dos produtos vendidos (CPV) totalizou 6,16 bilhões de reais, redução de 2 por cento frente ao 3T24, resultando em lucro bruto de 446,5 milhões de reais, um avanço de 8 por cento no comparativo anual. As despesas operacionais somaram 315 milhões de reais, alta de 16 por cento, enquanto o EBITDA atingiu 434 milhões de reais, crescimento leve de 2 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, o EBITDA da companhia foi de 2,3 bilhões de reais. Os investimentos em capital (CAPEX) alcançaram 266 milhões de reais, aumento expressivo de 32 por cento na base anual, refletindo a continuidade dos projetos de modernização e eficiência operacional. Um dos destaques positivos do trimestre foi a sólida posição financeira. A dívida líquida encerrou o período em 327 milhões de reais, com uma relação dívida líquida/EBITDA de 0,16x, indicando um nível de alavancagem bastante saudável. Por outro lado, o destaque negativo foi o reconhecimento de uma despesa não recorrente de 2,29 bilhões de reais, referente a impairment de ativos, que impactou significativamente o resultado do trimestre. O teste de recuperabilidade das Unidades Geradoras de Caixa (UGCs) foi conduzido por meio do método de fluxo de caixa descontado, considerando projeções de dez anos com base em premissas de mercado, inflação, câmbio e crescimento de longo prazo. O ajuste concentrou-se na UGC Siderurgia, devido à redução das margens metálicas, revisões nas estimativas de preços e volumes e efeitos geopolíticos. O resultado financeiro foi negativo em 72 milhões de reais, revertendo o saldo positivo do ano anterior, principalmente em função do aumento das despesas financeiras decorrente da alta das taxas de juros no Brasil. Em razão do impacto do impairment, a Usiminas reportou prejuízo líquido de 3,5 bilhões de reais no trimestre, revertendo o lucro registrado em 2024. Apesar do resultado contábil negativo, a companhia apresentou geração de caixa operacional positiva, impulsionada pela redução dos estoques, o que contribuiu para a diminuição da dívida líquida — um ponto favorável dentro de um cenário desafiador. E Eu Com Isso? A Usiminas apresentou desempenho neutro no terceiro trimestre de 2025, combinando uma sólida geração de caixa com efeitos negativos pontuais decorrentes do reconhecimento de impairment nos ativos de siderurgia da UGC. O fluxo de caixa livre positivo contribuiu para a redução da dívida líquida, reforçando a posição financeira da companhia, apesar do impacto contábil não recorrente. O cenário externo permanece desafiador para o setor siderúrgico, marcado pelo avanço das importações de produtos de origem chinesa e pela possibilidade de novas medidas protecionistas em importantes mercados consumidores, como os Estados Unidos. No Brasil, a Usiminas ressaltou que as importações de aços planos registraram aumento de 33 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, ampliando a pressão competitiva sobre a indústria nacional. Diante desse movimento, a companhia tem intensificado o diálogo com autoridades governamentais em busca de medidas que assegurem condições de concorrência mais equilibradas e coíbam práticas consideradas desleais. Casas Bahia (BHIA3) tenta reaquecer vendas com oferta de crédito bilionária em cenário desafiador O anúncio da concessão de 1,2 bilhão de reais em crédito para clientes durante a campanha de Black Friday reforça o esforço da Casas Bahia em retomar o crescimento de vendas em um dos períodos mais importantes do varejo. A estratégia busca reativar a demanda por meio de seu tradicional crediário, pilar histórico da companhia na base de consumidores de menor renda. Em tese, a medida pode impulsionar o fluxo nas lojas e fortalecer o canal digital, especialmente após a recente parceria com o Mercado Livre. No entanto, a ofensiva ocorre em um momento em que a empresa ainda enfrenta restrições de liquidez e desafios significativos em sua reestruturação operacional e financeira. Apesar do otimismo da gestão, a liberação de crédito em larga escala traz riscos em um ambiente de juros elevados e inadimplência ainda pressionada no varejo. A retomada agressiva do crediário, embora possa elevar o volume de vendas no curto prazo, aumenta a exposição ao risco de crédito em um cenário de renda estagnada e endividamento elevado das famílias. O desafio da Casas Bahia será equilibrar a necessidade de recuperação do faturamento com a manutenção de um portfólio de clientes financeiramente saudáveis — tarefa delicada para uma companhia que ainda busca restaurar margens e recompor sua geração de caixa. A companhia destaca que está preparada para o período sazonal, com estoques ajustados e foco em categorias como eletrodomésticos, eletrônicos e móveis. A ênfase em rentabilidade e integração omnicanal sinaliza maior disciplina comercial, mas o ambiente competitivo impõe forte pressão sobre preços e fretes, limitando ganhos expressivos. A parceria com o Mercado Livre, anunciada recentemente, é um passo importante para ampliar o alcance digital da marca, mas tende a gerar benefícios graduais e de médio prazo, sem efeito imediato sobre os resultados de novembro. O desempenho recente das ações, com alta superior a 8 por cento após o anúncio, reflete um alívio pontual na percepção de risco do mercado. Ainda assim, o movimento parece mais ligado a expectativas especulativas de curto prazo do que a uma mudança estrutural no quadro financeiro da companhia. O balanço do segundo trimestre mostrou que a desalavancagem e a recomposição de margens seguem em estágio inicial, e a geração de caixa permanece vulnerável à sazonalidade e à política de crédito. Assim, a campanha de Black Friday representa mais um teste de fôlego do que um marco de virada para a empresa. E Eu Com Isso? A estratégia da Casas Bahia pode funcionar como um instrumento tático para preservar participação de mercado e dar fôlego temporário à operação, mas ainda não altera a necessidade de avanços estruturais em produtividade e eficiência. O cenário competitivo, marcado por players digitalmente consolidados e com estrutura de capital mais sólida, mantém a companhia sob pressão para entregar resultados consistentes. Mesmo com a melhoria gradual na percepção de marca e o reforço da presença digital, a execução do plano de transformação exigirá disciplina financeira, controle rigoroso de custos e capacidade de atrair novos consumidores sem deteriorar margens. Em síntese, a injeção de crédito de 1,2 bilhão de reais simboliza o esforço da Casas Bahia em recuperar relevância e reconquistar o consumidor em um período crucial para o varejo, mas não elimina as fragilidades que ainda cercam a companhia. O desempenho no quarto trimestre deve ser acompanhado de perto, pois mostrará se o impulso de crédito se traduzirá em vendas rentáveis ou apenas em aumento de risco financeiro. Embora a reação do mercado sinalize algum alívio, o contexto segue desafiador, e a trajetória de recuperação da empresa ainda depende da consolidação efetiva de sua reestruturação operacional e da melhoria do ambiente macroeconômico. |
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