Cenário Macroeconômico
No Reino Unido, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ficou estável em setembro
(0,0% no mês), abaixo da projeção de +0,2%. Na comparação anual, a inflação geral
manteve-se em 3,8%, igual ao mês anterior e levemente abaixo das expectativas
(4,0%). Já o núcleo do índice, que exclui itens voláteis, desacelerou de 3,6% para 3,5%,
reforçando a tendência de arrefecimento gradual dos preços.
Na América Latina, o México divulgou alta de 0,6% na atividade econômica de agosto
em relação ao mês anterior, revertendo a queda de -0,9% em julho e superando as
projeções de 0,1%. Na comparação anual, a atividade recuou 0,9%, um desempenho
melhor que o esperado (-1,0%), sinalizando recuperação parcial da economia
mexicana após meses de fraqueza industrial. Já na Argentina, o indicador de
atividade econômica apresentou avanço de 2,4% YoY em agosto, abaixo da
estimativa de 2,5% e inferior ao resultado anterior (2,9%).
No cenário doméstico, o governo federal anunciou um novo pacote de R$ 300
milhões para apoiar produtores de arroz, em resposta à queda expressiva dos preços
do cereal, que estão abaixo dos custos de produção. A Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) antecipou recursos originalmente previstos para 2026, que
serão direcionados a operações de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP),
Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) e Aquisições do Governo Federal (AGF).
A expectativa é movimentar até 630 mil toneladas do cereal, sendo 500 mil por meio
dos programas de subvenção e 130 mil por meio de compras governamentais. No Rio
Grande do Sul, principal estado produtor, o preço médio pago ao agricultor está em
torno de R$ 58 por saca de 50 quilos, abaixo do valor mínimo fixado de R$ 63,64.
Diante da pressão de custos, produtores preveem uma redução de até 15% na área
plantada na safra 2025/26, em um contexto de excesso de oferta global e retração
da demanda, que vem reduzindo as cotações internacionais do arroz.
Nos mercados internacionais, as bolsas de Nova York encerraram o dia em queda,
pressionadas pela intensificação das preocupações comerciais entre Washington e
Pequim. O índice Dow Jones recuou 0,71%, o S&P 500 caiu 0,53% e o Nasdaq perdeu
0,93%.
O Ibovespa encerrou o pregão em alta de 0,55%, aos 144.873 pontos, impulsionado
pelas ações da Vale e da Petrobras. O desempenho positivo dos grandes bancos
também contribuiu para o movimento de alta.
Renda Fixa
No curto prazo, a curva de juros manteve-se praticamente estável, com oscilações
marginais e volume moderado. O vértice F26 (jan/26) permaneceu em 14,896% no dia
20/10/2025, com 2.680 negócios e 4,098.597 contratos em aberto, e ajustou para
14,900% no dia 21/10/2025, com 2.829 negócios e 4,094.538 contratos, indicando
manutenção da liquidez na base e giro moderado. Já o vértice F27 (jan/27) —
principal referência da ponta curta — apresentou taxa de 13,96999% com 10.131
negócios e 5,404.016 contratos em aberto em 20/10, e ajustou para 13,94% com 15.133
negócios e 5,404.016 contratos em 21/10, refletindo postura mais cautelosa dos
investidores e concentração da liquidez nos vértices curtos.
Nos vértices intermediários, observou-se fechamento mais expressivo das taxas entre
os dias. O vértice F28 (jan/28) caiu de 13,28499% (22.612 negócios; 3.391.057 contratos)
em 20/10 para 13,24% (22.154 negócios; 3.391.057 contratos) em 21/10. Já o vértice F29
(jan/29) recuou de 13,24099996% (25.188 negócios; 3.497.590 contratos) em 20/10
para 13,21% (26.538 negócios; 3.497.590 contratos) em 21/10 — indicando
reposicionamento técnico e realocação de posições com foco em durations médias.
Na parte longa, os ajustes foram mais contidos, mas evidenciam continuidade da
pressão de queda nas taxas. O vértice F31 (jan/31) passou de 13,52300197% (11.387
negócios; 1.781.796 contratos) em 20/10 para 13,48% (10.068 negócios; 1.781.796
contratos) em 21/10. O vértice F33 (jan/33) ajustou de 13,68499821% (5.339 negócios;
588.223 contratos) em 20/10 para 13,64% (3.673 negócios; 588.223 contratos) em 21/10,
refletindo a liquidez relativamente menor, porém consistente nessa parte da curva.
O pregão consolidou um perfil de bull-flattening moderado, com fechamento mais
incisivo nas taxas médias e longas, e estabilidade na ponta curta da curva. O padrão
sugere ajuste técnico e maior seletividade das posições, compatível com uma
postura mais defensiva dos investidores, dado o cenário de juros estáveis no curto
prazo e expectativas equilibradas para a evolução da política monetária.
No leilão de títulos públicos realizado em 21 de outubro de 2025, o Tesouro Nacional
ofertou papéis indexados à Selic (LFTs) e à inflação (NTN-Bs), com destaque para a
forte demanda nos vértices intermediários e longos.
As LFTs registraram colocação integral, somando R$ 15,8 bilhões distribuídos entre os
vencimentos de setembro de 2028 e dezembro de 2031, com taxas médias de 0,0670%
e 0,1035% ao ano, respectivamente. O resultado reflete apetite consistente por ativos
pós-fixados, em linha com o ambiente de estabilidade na Selic e a busca por liquidez
de curto e médio prazo.
Entre as NTN-Bs, o Tesouro vendeu integralmente os lotes de 5, 10 e 40 anos,
totalizando R$ 617 milhões em volume financeiro. As taxas médias ficaram em 8,04%
(2030), 7,71% (2035) e 7,33% (2060), mostrando leve fechamento em relação ao leilão
anterior e indicação de demanda equilibrada mesmo nos vértices mais longos.
O resultado foi considerado sólido e bem distribuído, com boa absorção dos títulos
indexados à inflação e forte participação de investidores institucionais,
especialmente nos prazos intermediários. A manutenção de prêmios atrativos em
toda a estrutura reforça o ajuste gradual da curva real e a preferência do mercado
por alongamento seletivo de duration em um contexto de expectativas ancoradas
para a política monetária.
Análise de Ações – Brasil
WEG (WEGE3) abre a temporada de resultados do 3º trimestre de 2025
No dia de ontem (22), a WEG divulgou seus resultados referentes ao terceiro trimestre de
2025, registrando receita líquida de R$10,3 bilhões, o que representa uma expansão de 4,2%
em relação ao mesmo período do ano anterior. O crescimento da receita desacelerou, em
parte, devido ao fortalecimento do real frente ao dólar, considerando que
aproximadamente 61% das receitas da empresa são provenientes do mercado externo.
Os custos dos produtos vendidos da companhia totalizaram R$6,8 bilhões no trimestre,
alta de 5,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Como resultado, o lucro bruto
foi de R$3,45 bilhões, um crescimento de 1,5% frente ao 3T24.
As despesas operacionais somaram R$1,2 bilhão, um aumento de 9% em comparação ao
terceiro trimestre do ano passado. Assim, a WEG reportou um EBITDA de R$2,28 bilhões,
representando um avanço de 2,3% sobre o mesmo período de 2024. No acumulado dos
primeiros nove meses de 2025, o crescimento do resultado operacional foi de 9,7% em
relação ao mesmo período de 2024.
Para o ano de 2025, a projetamos um EBITDA de R$9,3 bilhões para WEG, o que coloca a
empresa negociando a uma relação EV/EBITDA de aproximadamente 17 vezes. Essa
avaliação indica a necessidade da companhia manter um ritmo elevado de crescimento
para cumprir as expectativas embutidas em seu valuation atual.
As despesas financeiras totalizaram R$882 milhões, um aumento de 86% em relação ao
ano anterior, principalmente devido à variação cambial, uma vez que grande parte do
caixa da empresa está em moeda estrangeira.
.
Dessa forma, a WEG reportou lucro líquido de R$1,65 bilhão no trimestre, crescimento de
4,5% em relação ao mesmo período de 2024. Para o ano de 2025, as projeções indicam
lucro de R$6,7 bilhões, o que coloca a empresa com uma relação preço/lucro (P/L) de 25
vezes para o ano. Isso reforça a expectativa do mercado de que a WEG continuará
apresentando um bom ritmo de crescimento nos próximos anos.
O fluxo de caixa das atividades operacionais somou R$4,2 bilhões nos primeiros nove
meses de 2025, uma redução de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa
queda foi influenciada, principalmente, pelo aumento no saldo da conta de fornecedores.
Nas atividades de investimento, o fluxo de caixa líquido totalizou R$20,4 bilhões,
representando uma queda de 33% em comparação ao ano anterior. Ainda assim, o Fluxo
de Caixa Livre para credores e acionistas foi de R$2,2 bilhões, crescimento de 29,4% em
relação ao mesmo período de 2024.
A companhia distribuiu R$3,2 bilhões em proventos nos últimos nove meses, o que
equivale a um Dividend Yield de 2,1%, reforçando seu compromisso com a remuneração ao
acionista.
No terceiro trimestre de 2025, a WEG apresentou resultados em linha com as expectativas.
Destacamos que a companhia segue bem posicionada para manter um ritmo consistente
de crescimento, apoiada em sua diversificação de atuação e estrutura produtiva eficiente.
A empresa conta com um footprint fabril amplo e estratégico no segmento de motores de
baixa tensão e componentes, com unidades verticalizadas e intercambiáveis. Essa
flexibilidade operacional permite à WEG realocar sua produção entre diferentes plantas
conforme a demanda e a competitividade de cada região — como, por exemplo, transferir
volumes do Brasil para o México ou utilizar capacidade ociosa nos Estados Unidos para
fabricação local.
Apesar de essa realocação poder gerar certa pressão de custos no curto prazo, trata-se
de uma medida pontual e tática, com impacto limitado frente aos benefícios estruturais
que a flexibilidade oferece.
Para investidores com foco de longo prazo, momentos de transição como o atual podem
representar boas oportunidades de entrada. A tese de investimento na WEG contínua
sustentada por fundamentos sólidos, forte exposição a tendências globais relevantes —
como eficiência energética, automação e transição energética — além de um histórico
consistente de execução e entrega de resultados.
Vale (VALE3) divulga relatório de produção e vendas do 3T25
Esta semana a Vale (VALE3) divulgou seu relatório operacional referente ao terceiro
trimestre de 2025, com destaque para o desempenho da produção e das vendas de
seus principais produtos. A produção de minério de ferro, principal ativo da companhia,
totalizou 94,4 milhões de toneladas no período, o que representa um crescimento de
3,8% em relação ao mesmo trimestre de 2024.
As vendas de minério de ferro apresentaram um avanço de 5,1% na comparação anual,
atingindo 86 milhões de toneladas. O preço médio de venda do minério foi de 94,4
dólares por tonelada, com aumento de 4,2% frente ao valor registrado no terceiro
trimestre do ano passado.
No segmento de pelotas, a produção foi de 8 milhões de toneladas, o que representa
uma queda de 22,8% em relação ao mesmo período de 2024. As vendas totalizaram 8,77
milhões de toneladas, uma retração de 13,5% na mesma base de comparação. O preço
médio de venda das pelotas recuou 11,7% no período.
A análise por sistemas produtivos mostra que o Sistema Norte foi responsável por 49,7
milhões de toneladas de minério de ferro, mantendo-se estável em relação ao terceiro
trimestre de 2024. O Sistema Sudeste registrou uma produção de 22,7 milhões de
toneladas, alta de 5,3% na comparação anual. Já o Sistema Sul produziu 13,8 milhões de
toneladas, um aumento de 8,2%, impulsionado pelas operações em Vargem Grande e
Paraopeba.
Nas operações com metais básicos, a produção de cobre somou 90,8 mil toneladas no
terceiro trimestre de 2025, crescimento de 5,7% frente ao mesmo período do ano anterior.
As vendas do metal aumentaram 19,7%, com o preço médio de comercialização subindo
8,9% na comparação anual.
A produção de níquel totalizou 46,8 mil toneladas, mantendo-se estável em relação ao
terceiro trimestre de 2024. As vendas apresentaram crescimento de 5,7%, enquanto os
preços médios recuaram 9,2% no mesmo intervalo.
A Vale manteve seu guidance de produção para o ano de 2025. A companhia projeta
produzir entre 325 e 335 milhões de toneladas de minério de ferro e entre 31 e 35 milhões
de toneladas de pelotas. Para o cobre, a estimativa é de uma produção entre 340 e 370
mil toneladas, enquanto a expectativa para o níquel varia entre 160 e 175 mil toneladas
ao longo do ano.
De maneira geral, observamos que os resultados reportados pela Vale foram bons e
acima do esperado, tanto nas operações de minério de ferro quanto nas de cobre. Nossa
estimativa de faturamento para a companhia no terceiro trimestre de 2025 é de US$ 9,6
bilhões, ou aproximadamente R$ 52 bilhões, valores superiores aos registrados no
trimestre anterior.
A Vale apresentou um desempenho positivo, refletindo a combinação do preço médio
do minério de ferro em torno de US$ 94,4 por tonelada e um câmbio médio de R$ 5,40.
Para o quarto trimestre, a demanda internacional por minério de ferro permanece
razoável, com sinais de leve melhora, e o preço atual gira em torno de US$ 105 por
tonelada.
Atualmente, as ações da Vale estão sendo negociadas a um múltiplo EV/EBITDA de 4,0
vezes e a um P/L projetado de 5,5 vezes para 2025. Boa parte do retorno esperado deve
vir por meio de proventos, com o mercado projetando um dividend yield em torno de
7,5% nos próximos 12 meses, o que é atrativo para investidores focados em renda.
De maneira geral mantemos uma visão positiva para as ações da VALE3
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