“Agora que assinamos precisamos lê-lo”
Douglas Hurd, secretário de relações exteriores britânico sobre o Tratado de Maastricht, que criou oficialmente a União Européia, assinado em 07 de Fevereiro de 1992.
O tal do BREXIT
Em 23 de Junho de 2016, 33 milhões de britânicos, ou 52% do eleitorado adulto e capaz do Reino Unido, decidiram, por meio de referendo popular, que seu país deveria deixar a União Européia.
Os principais argumentos para abandonar o bloco de 28 países do velho continente após 40 anos de afiliação foram a manutenção da soberania das leis do país e da autonomia de políticas econômicas, sociais e imigratórias. Além disso, a futura economia de 280 milhões de libras esterlinas (cerca de 1,4 bilhão de reais) que o Reino Unido contribui atualmente e todas as semanas para a sacolinha do clube de Bruxelas.
Desde então, a manifestação democrática da vontade popular britânica, contrária a interesses do status quo europeu, foi transformada num calvário de debates, discussões e campanhas apocalípticas sobre o destino cruel e dramático que aguarda o Reino Unido quando este se emancipar da dependência e proteção da velha e cândida Europa.
O adeus
A retirada está prevista para o próximo dia 29 de Março, e estamos diante de três cenários: saída com acordo, saída sem acordo e convocação de um novo referendo, para ver se depois de tanta tortura psicológica e abuso da paciência coletiva os britânicos finalmente se convenceram de que o que é bom para a Europa deve ser bom para o Reino Unido.
Saída com acordo:
O calhamaço de 585 páginas, que subtrairá boas horas de pub dos membros dos Parlamento Britânico que se interessarem a estudá-lo, contém, entre outros termos do divórcio, uma indenização de 39 bilhões de libras esterlinas (cerca de 200 bilhões de reais) que os cidadãos britânicos devem pagar à União Européia pelo atrevimento e insolência. Multa paga, o bloco promete aliviar as sanções econômicas e manter alguns privilégios comerciais ao país adotivo da princesa Meghan Markle.
Saída sem acordo:
Revogam-se todos os privilégios e tratados, passando a valer as regras da OMC, Organização Mundial do Comércio, para as relações comerciais e políticas entre a ilha e o bloco europeu, além de outras conseqüências ultrajantes como a reintrodução de fiscalização nas fronteiras, exigência de carteira de motorista especial para britânicos, que ainda pagarão mais caro pelo roaming de celular se quiserem usar o Whatsapp quando forem dar um rolê pela Europa.
Terceira hipótese: convocação de um novo referendo, desconsiderando a vontade popular. Preferimos não ponderar sobre essa hipótese nesse momento, devido à gravidade com que o cenário afetaria as instituções democráticas no mundo ocidental.
Os impactos do BREXIT
Noves fora a opinião dos especialistas da grande mídia, acreditamos que a campanha apocalíptica contra o BREXIT foi extremamente forçosa e exagerada, e entendemos que no médio prazo a emancipação será benéfica para o Reino Unido.
As sanções comerciais doerão menos do que as ameaças, pois a União Européia depende muito mais do mercado britânico como consumidor de seus produtos do que o contrário. O país de David Beckham é o maior importador de automóveis alemães, por exemplo, e a Alemanha, cartola do clube dos 28, muito improvavelmente deixará sua indústria automotiva, seu mais valioso troféu, perder o brilho por retaliação ideológica.
Assim, e na hipótese de uma saída sem acordo, estaremos em alerta para oportunidades de entrar comprado no FTSE 100, o índice das 100 maiores empresas do Reino Unido, para uma eventual posição comprada em Libra Esterlina contra o Euro no mercado de câmbio, e para comprar opções put, antevendo a queda no preço das ações de empresas alemãs como BMW e Daimler.