Feriados e baixa liquidez na semana
A semana começou com um dia entre feriados (na terça não houve negociações nos mercados por ser feriado em São Paulo, onde fica a B3) e negociações reduzidas. Na segunda (19), os mercados asiáticos fecharam no positivo, enquanto a Europa se movimentou com cautela em relação ao futuro do Brexit e do governo do Reino Unido. Já os mercados futuros americanos apontaram para o negativo em clima de tensão com acordos comerciais com a China e em semana de menor liquidez.
O feriado em São Paulo foi positivo, pois caso tivéssemos negociação na Bolsa, a terça teria sido bem negativa por aqui. Isso porque vimos um banho de sangue pelo mundo no dia 20 devido à forte queda do petróleo (também conhecido como ‘ouro negro’) e das ações de tecnologia, que já não vivem o seu melhor momento . Mesmo sem a negociação, sentimos o impacto com queda da Petrobras e de outras ADRs brasileiras (empresas com negociação no exterior). No dia 21, os mercados internacionais apresentaram leves altas, mas não o suficiente para gerar uma animação geral, já que ainda havia uma expectativa quanto aos indicadores que seriam divulgados nos EUA.
Na esteira de um mês de novembro cheio de feriados, a quinta (22) foi um dos mais importantes nos Estados Unidos, o feriado de Ação de Graças. Por isso, os mercados norte-americanos ficaram fechados, comprometendo a liquidez para as negociações no Brasil. Já no resto do mundo, os mercados tiveram um viés negativo, com Bolsas e petróleo em queda – este que, por sinal, continua recebendo apoio de Trump para ser mantido a preços ainda menores.
A manhã de sexta (23) foi de leve alta nos principais mercados do mundo, que iniciam o dia digerindo o PIB do segundo trimestre dos EUA. O dado foi divulgado às 9h30 e veio em linha com esperado. Outro ponto de atenção ficou por conta da fala do presidente do Banco Central Europeu (BCE) e da fala do presidente do Fed, principalmente depois que a taxa de juros foi elevada em 0,25 por cento na reunião do Banco Central dos EUA.
Após o feriado de quinta (22), que reduziu a liquidez dos mercados, a sexta não será diferente, já que as Bolsas norte-americanas encerram mais cedo para que eles possam aproveitar o Black Friday. Enquanto isso, a cautela prevalece ao redor do mundo com mais quedas do petróleo e bolsas asiáticas.
E Eu Com Isso?
Com feriados no Brasil (no dia 20) e nos EUA (no dia 22), os mercados por aqui acabaram sofrendo com a baixa liquidez e no modo cautela por conta dos diversos pontos de tensão mundiais, como a crise do petróleo, o Brexit, a Guerra Comercial entre China e EUA. Por isso, a semana no Brasil acabou sendo mais impactada positivamente pelas notícias internas, principalmente a nomeação de novos e importantes nomes da equipe econômica de Bolsonaro.
Nomes de respeito
Na segunda-feira pré-feriado (19), a assessoria do futuro ministro Paulo Guedes confirmou o nome do economista Roberto Castello Branco para a presidência da Petrobras. O atual presidente, Ivan Monteiro, foi sondado para presidir o Banco do Brasil, uma vez que não considerava continuar na petroleira por ver seu trabalho lá como já consolidado. Castello Branco é também da linha liberal, tendo pós-doutorado pela Universidade de Chicago. O economista já foi diretor do Banco Central e passou 15 anos como economista-chefe e diretor de Relações com Investidores na Vale.
E Eu Com Isso?
A notícia animou os investidores, que até agora não podem reclamar das nomeações de Paulo Guedes para os principais cargos econômicos e de estatais do país para os próximos 4 anos. A equipe montada até agora é de muito peso e deverá dar mais confiança para o mercado e para os investidores.
Cessão onerosa é adiada
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), afirmou na terça-feira (20) em sessão do plenário que não irá pautar a votação da cessão onerosa da Petrobras sobre os campos do pré-sal. O emedebista entendeu que o tema precisa ainda de mais discussão entre as bases e que, por isso, irá segurar a votação “por tempo indeterminado”, frustrando as expectativas de qualquer avanço no tema nesta semana.
E Eu Com Isso?
O tema é complexo e envolve bastante discussão política, inclusive sobre destinação de recursos para Estados e municípios. O adiamento da votação deixa dúvidas sobre a viabilidade de aprovação do projeto ainda este ano, visto que agora se inicia uma nova rodada de discussões entre os senadores e, caso haja alguma alteração no texto do projeto, ele pode até voltar para a Câmara. Apesar do atraso, otimistas ainda acreditam na previsão de aprovação neste ano.
Bolsonaro anuncia ministro da Educação
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou na noite de quinta-feira (22) que o professor colombiano Ricardo Velez Rodriguez será o futuro ministro da Educação. Após as polêmicas com a possível nomeação de Mozart Neves e o veto da bancada evangélica, o presidente surpreendeu ao nomear Velez quando o nome mais cotado era do procurador Guilherme Schelb, com quem se reuniu na tarde de ontem. Ricardo Rodriguez tem apoio da bancada evangélica e é professor emérito da Escola de Comando do Estado Maior do Exército.
E Eu Com Isso?
Para os investimentos, a notícia tem pouco efeito prático. No entanto, é importante observar como Bolsonaro vem atuando politicamente, com testes e recuos para a escolha de seus ministros e eventuais fusões de pastas. Na campanha, o presidente afirmou que não faria o “toma lá da cá” da política com partidos – e de fato não o faz –, mas pode ficar refém desse mesmo mecanismo com as bancadas apoiadoras. A nomeação do professor é uma grande vitória da ala conservadora.
Banco do Brasil (BBAS3) – futuro presidente definido
O economista Rubem Novaes foi anunciado como futuro presidente do Banco do Brasil pelo governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Rubem Novaes já foi diretor do BNDES e presidente do Sebrae.
Já Pedro Guimarães, sócio do Brasil Plural e especialista em privatizações, é o indicado para assumir a presidência da Caixa Econômica Federal.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva e esperamos impacto positivo no preço das ações do BB no curto e médio prazo.
Aos poucos, o novo governo recém-eleito começou a montar um verdadeiro time dos sonhos na área econômica, com indicações bastante técnicas e com orientação para a escola liberal na economia com “os garotos de Chicago – Chicago boys”.
A indicação de Rubem Novaes para a presidência do Banco do Brasil é bastante positiva para as ações (BBAS3), pois o novo comando do banco deverá buscar melhoria de eficiência, crescimento do crédito com controle de risco e aumento da rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE). Segundo Rubem Novaes: “A orientação é eficiência, enxugamento e privatização no que for possível”.
Acreditamos que os bancos públicos (BB e CEF) não deverão ser privatizados, mas serão administrados com orientação para resultados com objetivo de diminuir a diferença de rentabilidade (ROE) para os bancos privados como Itaú, Bradesco e Santander.
IPOs devem ficar só para 2019
A empresa de tecnologia Tivit e o banco mineiro BMG, que pretendiam abrir capital na Bolsa (IPO) na primeira quinzena do mês de dezembro, devem adiar a listagem somente para o ano de 2019.
E Eu Com Isso?
A notícia não é boa para o mercado, visto que a postergação ocorre devido ao momento mais complicado dos mercados internacionais (muitos investidores estrangeiros participam das operações) e também sobre um forte questionamento dos preços pedidos pelo mercado. Os IPOs desse final de ano iriam funcionar como um termômetro para as próximas operações de 2019. O próximo ano será muito movimentado e esperamos mais de 30 operações para o próximo ano, com ótimas oportunidades.
Em 2018, só ocorreram três IPOs no mercado brasileiro, e todos antes do mês de abril. A volatilidade e a incerteza com as eleições fizeram com que novas operações não ocorressem.
O adiamento da Tivit já é certo, visto que a companhia está em busca de Investidor Âncora para dar suporte na operação já para o mês de janeiro. Já no caso do BMG, as suspeitas de que a operação não ocorre neste ano crescem a cada dia. O principal questionamento do mercado ficou com os preços pedidos por ambas empresas.
Petrobras (PETR3/PETR4) – Roberto Castello Branco será o presidente
O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou na segunda-feira (19) o novo presidente da Petrobras: Roberto Castello Branco. O economista já trabalhou por 15 anos na Vale e já fez parte do Conselho de Administração da Petrobras.
Na terça-feira (20), o futuro novo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, deu entrevista e deixou uma boa impressão no mercado financeiro. O posicionamento do novo CEO da Petrobras foi claramente favorável às privatizações (venda da BR Distribuidora), contrário à política de controle de preços de combustíveis e a favor do mercado livre e competitivo.
E Eu Com Isso?
Esperamos impacto positivo no preço das ações da Petrobras no curto prazo.
A indicação do economista de postura liberal é positiva para a Petrobras, já que a empresa deve ter um comando mais voltado ao mercado e com o Governo Federal deixando de atrapalhar as operações da gigante petroleira.
Os principais catalisadores do preço das ações da Petrobras no curto prazo são: cessão onerosa, que pode ser votada ainda em 2018 e contribuirá com 30 bilhões de reais para o caixa da estatal; processo de venda de ativos e; preço internacional do petróleo.
Senado Federal aprova projeto de lei sobre distrato imobiliário
Na quarta-feira (21), o Senado Federal aprovou projeto de lei que regulamenta o distrato imobiliário (cancelamento de venda de imóveis na planta).
O principal ponto do projeto é o pagamento por parte do consumidor de uma multa de 50 por cento do valor pago pelo imóvel para as construtoras no caso da rescisão do contrato. A atual jurisprudência determinava pagamento de 10 a 15 por cento do valor do imóvel. Devido às emendas feitas ao projeto, o texto do projeto de lei precisará retornar à Câmara dos Deputados para aprovação.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva para as construtoras, especialmente as mais voltadas ao segmento de média e alta renda, como Even (EVEN3), Ezetec (EZTC3), Cyrela (CYRE3), Gafisa (GFSA3), Tecnisa (TCSA3) e Helbor (HBOR3).
Os destaques de ontem foram as ações da Even e da Helbor, que tiveram alta de 7,1 por cento e 7,8 por cento, respectivamente. A Even e a Helbor são mais beneficiadas pela medida devido à maior concentração da operação na região metropolitana de São Paulo e ao nível mais alto de estoques e de cancelamentos de vendas.
As ações da Cyrela, Eztec, Tecnisa e Gafisa fecharam em alta de 0,77 por cento, 0,82 por cento e 3,3 por cento e 1,1 por cento, respectivamente, num dia queda de 0,72 por cento no Ibovespa.
Temos alertado há algum tempo sobre a possibilidade da aprovação deste projeto e o impacto positivo no preço das ações das construtoras, quem nos acompanha teve a chance de aproveitar esta alta das ações e ganhar algum dinheiro.
O setor imobiliário começa a apresentar sinais de recuperação, depois de sofrer muito com a crise econômica devido à natureza do longo ciclo de negócios do setor.
Braskem (BRKM5) – possível oferta de compra pela LyondellBasell
A empresa petroquímica holandesa LyondellBasell está prestes a fazer uma oferta vinculante pela Braskem, segundo a Reuters.
Adicionalmente, a companhia está discutindo a extensão de um contrato de longo prazo para fornecimento de nafta para a Petrobras, fator chave para o valor das ações da Braskem.
E Eu Com Isso?
As ações da Braskem (BRKM5) fecharam em forte alta de 7,5 por cento na última sexta-feira (16), com forte volume negociado acima dos 200 milhões de reais (quase o dobro da média diária).
Já faz bastante tempo que a Odebrecht iniciou as negociações com LyondellBasell para a venda da sua participação de 50,1 por cento no capital votante da Braskem (38,3 por cento do capital total).
Acreditamos que as negociações estão avançadas e a confirmação da compra pela LyondellBasell será bastante positiva para os acionistas da Braskem.
A Petrobras é o outro acionista relevante da Braskem, com 47 por cento do capital votante (36,1 por cento do capital total).
Com a indicação do novo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, o processo de venda de ativos da Petrobras poderá incluir a participação da estatal na Braskem, que divulgou um excelente resultado do terceiro trimestre de 2018.
Para dormir tranquilo
O Banco Central divulgou o Relatório de Cidadania Financeira. Nele, pessoas do mundo inteiro responderam como lidariam em uma situação de emergência. A pergunta era se conseguiriam recuperar no mês seguinte o valor com uma despesa emergencial de 1.520 reais.
Dos brasileiros, apenas 46 por cento declararam ter condições de levantar recursos para fazer frente a despesas não programadas.
E Eu Com Isso?
Ainda que nós brasileiros tenhamos conseguido uma pequena melhora – ante os apenas 35 por cento que tinham algum recurso para lidar com situações de emergência – ainda temos um longo caminho pela frente para melhorar a nossa administração financeira.