O mercado brasileiro vem mantendo um comportamento dos mais favoráveis neste começo de ano, mesmo com ajustes pontuais, em momentos de maior stress, como os desta semana, relacionados à crise da Ucrânia. Fora isso, já tivemos ajustes pela expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos, por frustrações com balanços, especialmente no exterior, como ocorreu com a área de tecnologia, além das preocupações locais com pressões fiscais, por mais gastos ou por cortes de tributos, como se discute em relação aos combustíveis. São questões em aberto, mas que não têm tido impacto de forma constante. E em vários momentos o mercado aqui até se descolou da pressão externa.
Fato é que, apesar de todos esses fatores, a Bolsa já chegou a acumular avanço de quase 10% no ano e o dólar conseguiu romper o piso dos R$ 5,20. Movimentos que refletem, em boa parte, uma atratividade maior do País, independentemente de todas as incertezas de que temos falado. É preciso lembrar que ainda há muita liquidez pelo mundo, por todos os programas de estímulo lançados para reverter os impactos econômicos negativos da pandemia. As bolsas lá fora, que tinham subido muito, estão passando por ajustes mais fortes. A Bolsa brasileira, que vinha muito pressionada por questões locais, acabou oferecendo boas oportunidades de ganho, com preços baixos dos papéis, o que assegurou essa importante atratividade. Neste ano já ingressaram cerca de R$ 48 bilhões em recursos externos. E ainda tem a atratividade dos juros, com a Selic a 10,75% já muito acima da média internacional e com tendência de alta. Podemos fechar o ano no topo do ranking dos juros reais. Isso pode manter a atratividade mesmo diante do ciclo de alta dos juros pelo FED, que deve começar em agosto.
Tudo isso, claro, desde que não haja uma fato relevante que provoque uma onda mais intensa de aversão ao risco.
Mas, em princípio, ainda há espaço para recuperação da Bolsa, sustentada especialmente por recursos externos, e para o dólar testar novos pisos. Isso seria muito positivo até do ponto de vista do controle da inflação, dado o peso do dólar na formação de vários preços, como combustíveis, insumos e até alimentos.
O País tem problemas desafiadores. Essa é uma certeza, principalmente com a proximidade das eleições, o que sempre tem potencial para produzir mais instabilidade. Mas o mercado local tem sido favorecido por essa janela de oportunidade ou de atratividade. De uma atratividade de capital de curto prazo, que pode sair em debandada com muita rapidez. Só que, por enquanto, tem buscado aproveitar as boas oportunidades.
Sendo que essas oportunidades também valem para o investidores locais, tanto para os que não temem o risco de uma maior volatilidade do mercado acionário ou sabe lidar com essa volatilidade, como para os mais conservadores, saudosistas dos juros mais elevados, que preferem a renda fixa. Vale lembrar que as projeções para a Selic passam dos 12,25% neste ano.
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