Lindo dia em São Paulo. Véspera de feriado, noticiário político relativamente tranquilo. Ibovespa de lado, todos com a cabeça no fim de semana prolongado. Pouco depois das 16h, a assombrosa notícia: em Juiz de Fora (MG), no meio de uma passeata, o candidato Jair Bolsonaro é esfaqueado.
Como escrevo com a notícia muito quente, poucas coisas foram divulgadas e esclarecidas. Na verdade, só espero que o candidato do PSL se recupere prontamente e que o responsável arque com as consequências legais desse brutal ato.
Muitos pesquisadores apontam para uma escalada global de movimentos de intolerância, seja ela de qualquer natureza. A história é manchada por ataques covardes. O personagem Frank Underwood, da aclamada série “House Of Cards“, que tanto viralizou no Brasil, tomou um tiro também em campanha.
Será mesmo que perdemos os limites da realidade?
Nesse mesmo ano, vimos diversas manchetes em que a violência deu o tom para resolver divergências políticas. Manifestantes opositores se agredindo, tiros atingindo a caravana de Lula. Agora, o líder das pesquisas eleitorais é alvejado.
É mais do que chocante. Muito me entristece ver o país que tanto me enche de esperança, mergulhar em um profundo rio de intolerância. Como jovem e analista político, fico completamente desmotivado quando adentramos a zona cinzenta da democracia.
Quando a intolerância vence e indivíduos sentem-se confortáveis para atacarem um candidato à Presidência da República, é hora de parar as máquinas e começar tudo de novo.
É hora de todos aqueles da vida pública exercerem a autocrítica e medirem as suas palavras, ainda que bem intencionadas. O mesmo serve para nós, fora da vida pública, que antagonizamos grupos opositores e não admitimos o diferente, o diverso. Não precisamos mais de acirramento pois ele já chegou ao seu limite máximo que regimes democráticos podem suportar.
Novamente, sucumbimos a mais uma eleição manchada por uma tragédia. Se em 2014 o saudoso Eduardo Campos nos deixou por infelicidade do acaso, neste ano já não temos mais um pleito com condições normais devido ao caos político que foi instaurado.
Daqui até o dia 7 de outubro, esqueçam as propostas para a economia, esqueçam a educação, a saúde, a cultura… Esqueçam o debate de ideias e lamentem mais uma morte precoce do maior símbolo da democracia. Bolsonaro vive e espero que passe bem! Quem falece hoje é a eleição de 2018.
Não aguento mais ficar de luto.