O principal vetor de preocupação no governo e, principalmente, no ministério da Economia neste início de ano segue ganhando maiores proporções. Após os servidores da Receita Federal e do Banco Central entregarem seus cargos comissionados, em protesto à ausência de previsão de reajustes salariais em detrimento de outras categorias, mais de 150 auditores fiscais do ministério do Trabalho também largaram postos de chefia ou coordenação neste meio de semana.
Já está marcada uma paralisação geral, organizada pelo Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado), para o dia 18 de janeiro e lideranças do grupo ameaçam realizar outras paralisações na semana seguinte, caso não haja resposta do governo.
Em seguida, os protestos escalariam para uma greve geral – em fevereiro – colocando em risco o funcionamento da administração pública federal e minando a atividade econômica.
Por parte do Planalto e da Esplanada, ainda são bastante incipientes as tentativas de negociação com o funcionalismo público, uma vez que Brasília ainda está esvaziada por conta do recesso de fim de ano. No entanto, a equipe econômica já tem concentrado esforços, desde o fim do ano passado, para evitar maiores gastos com pessoal pelo menos neste ano.
O Orçamento de 2022 prevê R$ 1,7 bilhão para reajustes salariais de categorias da administração pública federal, mas não tem destinação específica. A princípio, o desejo do presidente Bolsonaro era de contemplar suas bases eleitorais mais próximas – carreiras policiais ligadas ao ministério da Justiça, à Polícia Federal e à Polícia Rodoviária Federal. Desta intenção, surgiram os protestos de outras categorias.
E Eu Com Isso?
O imbróglio do reajuste salarial vai ganhando contornos dramáticos à medida que a adesão aos protestos, entre outros tipos de pressão sobre o governo, tem aumentado.
Na atual conjuntura política, esse parece ser o maior fator de risco de curto prazo para os mercados e, infelizmente, historicamente as quedas de braço entre governo e funcionalismo têm apontado vitória das entidades de classe.
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