Com a deterioração da economia no ano de 2021, três incorporadoras de capital aberto já reduziram seu ritmo de lançamentos e não cumpriram com o guidance previamente divulgado, no caso Tecnisa, EZTec e Tenda. A diminuição no ritmo de lançamentos é uma resposta a uma queda na velocidade de vendas, a qual observamos principalmente a partir do 3T21, principalmente em imóveis destinados à classe média, em decorrência de incertezas sobre a inflação e a alta na taxa de juros.
A Tecnisa (TCSA3) informou, no último dia 20, mais um lançamento, que totalizava um VGV total de R$ 1,1 bilhão para o biênio 2020-2021, ao passo que seu guidance inicial estava na casa dos R$ 1,2 bilhão a R$ 1,5 bilhão para o mesmo período.
No caso da EZTec (EZTC3), a companhia tinha um guidance na faixa de R$ 4 bilhões a R$ 4,5 bilhões, e até o dia 17 dezembro, havia lançado R$ 900 milhões a menos do que o piso da faixa, não tendo anunciado mais nenhum lançamento nos últimos dias do ano.
A Tenda (TEND3), por sua vez, não tinha uma meta formal de lançamentos, mas já havia anunciado que não cumpriria com o VGV pretendido, uma vez que a inflação em alta postergou o lançamento de empreendimentos menos rentáveis.
Vale ressaltar que a Tenda teve uma pressão grande nos custos, saindo de um patamar de margem bruta de 30%-32%, passando para 20%-30%, chegando até a última projeção de 26%-28%.
E Eu Com Isso?
Nesse contexto de juros em alta, incertezas sobre a inflação nos próximos anos, além de uma queda brusca na confiança do consumidor, indicador importante para o setor, uma vez que o consumidor adquire uma dívida de 30 anos ao comprar um imóvel, não é necessariamente ruim que as companhias não cumpram com o guidance.
O setor imobiliário é muito cíclico, e por se tratar de investimentos pesados para o consumidor final, fica muito exposto a interferências macro que fogem do controle da companhia, como, por exemplo, a pandemia ou uma crise mundial (2008).
Por isso, o mais importante para as empresas é fazer uma boa gestão da velocidade de lançamentos e de controle de estoque, algo que não ocorreu no último boom a partir de 2007.
As companhias não estão lotadas de estoque como na última crise e a lei dos distratos mudou, não prejudicando tanto as companhias como a lei passada, que permitia que a pessoa recebesse até 95% do valor do imóvel em caso de não possibilidade de pagamento.
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