Nas últimas semanas, a Bolsa de Valores brasileira vem acumulando sucessivas quedas, que, atreladas a acontecimentos exteriores e internos, levou alguns analistas de mercado a chamarem o período de “Tempestade Perfeita”.
Tempestade Perfeita, de acordo com o Head de Renda Variável da Levante Ideias de Investimentos, Flávio Conde, é o período em que um conjunto de acontecimentos ruins estão acontecendo ao mesmo tempo, tanto no Brasil quanto no mercado exterior (EUA, Europa e Ásia).
Nesse sentido, no período atual, a inflação alta dos EUA, somada à retirada de estímulos monetários e a juros maiores em 2022, contribuem para a Tempestade Perfeita.
Ademais, a desaceleração da economia chinesa, a queda dos preços do petróleo, o minério de ferro em queda e a crise geopolítica recente no Afeganistão também são fatores que contribuem.
No Brasil, a alta da inflação, a taxa básica de juros podendo ser elevada a mais de 7,5% e a polêmica Reforma Tributária têm dominado as manchetes nas últimas semanas.
Flávio Conde também adiciona aos fatores contribuintes da Tempestade Perfeita as recentes pesquisas eleitorais com Lula na frente de Bolsonaro, a quedas dos preços de minério de ferro e de aço, a crise do Executivo com o Judiciário e a tensão relacionada ao risco fiscal devido ao “novo Bolsa Família”.
Dessa forma, muitos investidores estão inseguros em relação ao mercado e querendo saber se essa tempestade irá passar.
A Tempestade Perfeita é passageira?
Para Conde, esse é um momento passageiro. E, ao que tudo indica, irá melhorar – e muito – num futuro próximo.
O analista acredita que o cenário exterior apresentará melhoras entre os meses de outubro e dezembro. Alguns dos fatores que podem ser responsáveis por essa recuperação são os seguintes:
- A inflação nos EUA começará a ceder, com a retirada de estímulos ocorrendo de forma gradual e juros aumentando apenas 0,25% em 2022;
- Estabilização do preço do petróleo em US$ 69;
- Minério de Ferro deve parar de cair em US$ 153;
- A questão do Afeganistão deve se resolver;
- A situação na China deve se estabilizar.
No caso específico do Brasil, os principais fatores que irão fazer com que essa Tempestade passe são:
- A inflação pode começar a desacelerar a partir de outubro;
- A crise entre Executivo e Judiciário deve melhor até o mês de outubro;
- A Reforma Tributária já deverá ter sido votada e não aprovada;
- Os preços de minério de ferro e aço devem parar de cair;
- Os juros elevados já estarão nos preços.
Ademais, os meses finais do ano reservam datas importantes, como a Black Friday e o Natal, que devem impulsionar os resultados do 3T21 e do 4T21.
Por último, o processo de vacinação estará completo, ou quase perto disso, permitindo a total reabertura da economia.
O momento é de compra ou de venda?
Bom, apesar do cenário conturbado, a expectativa da equipe de Análise da Levante segue otimista no médio e longo prazo. Para corroborar essa expectativa, de acordo com a pesquisa Latam Fund Manager Survey (FMS), do Bank of America, 49% dos profissionais consultados acreditam que o Ibovespa irá superar os 130 mil pontos ao final de 2021.
Ainda segundo o levantamento, 10% acreditam que o índice vá fechar o ano acima dos 140 mil pontos e pouco mais de 20% dos investidores acreditam que o índice deva encerrar o ano entre os 120 e 130 mil pontos.