Em reação à divulgação da Ata do Fed, no dia de ontem, os mercados sofreram reversão e apresentaram realização, encerrando em terreno negativo.
Indícios mais evidentes e conversas mais abertas no Board sobre o início das reduções das compras líquidas por parte da Autoridade Monetária destravaram o fluxo vendedor na NASDAQ e na NYSE.
Vale dizer que a redução das compras líquidas deverá, conforme especificado em Ata, ser muito gradual e amplamente comunicada: trata-se de uma expansão do Balanço a ritmos mais moderados, não de uma redução do estoque de títulos públicos ou hipotecários, que hoje orbitam no entorno respectivo de 5,3 trilhões e de 2,4 trilhões.
O balanço do Fed soma 8,2 trilhões atualmente, ante 4,2 trilhões antes da pandemia. As reações à Ata traduzidas na curva, no entanto, não somente foram tímidas como também não se manifestaram de acordo com o que se poderia esperar, ou seja, não anteciparam discussões de altas, ainda que tênues, no início do ano de 2023.
A bem da verdade, o Fed, que tem atuado como Market Maker, dando saída a posições nas categorias de ativos que integram seu Balanço e estabilizando os mercados, tem uma difícil tarefa pela frente: a de diminuir sua participação nesses mercados sem causar sobressaltos nos yields.
Nesse sentido, em especial em um momento em que a dívida corporativa segue elevada, o número de zombie companies, cujo resultado operacional não cobre o serviço financeiro, segue crescente e o estoque da dívida pública avançou extraordinariamente no último ano, além, claro, dos efeitos de uma subida de juros sobre o crédito imobiliário e sobre as hipotecas.
Ademais, aale acompanhar de modo detido a discussão sobre subida de juros nos EUA, já que, por ora, o único vetor a contribuir com uma taxa de juros neutra mais disciplinada no horizonte brasileiro parece ser os juros internacionais.
Subindo o juro internacional, aproximado pelas fed funds longas, devemos testemunhar ainda maior avanço da nossa taxa neutra, que hoje possivelmente já se encontra acima de 7,00%.
Até o momento, a comunicação do Fed tem lhe rendido vantagens sobre a precificação da dívida pública e sobre a estabilização dos mercados.
Na cena doméstica, o mercado brasileiro vem amargando sucessivas realizações nos últimos dias em razão do cenário político incerto, da maior percepção de risco fiscal e do contágio de remexidas internacionais.
Hoje, a Ásia fechou em queda, e o mercado Europeu segue se ajustando à divulgação da Ata.
E Eu Com Isso?
Os mercados iniciam esta quinta-feira em queda nos contratos futuros do índice americano S&P 500 e de queda nos contratos futuros do Ibovespa.
As notícias são negativas para a Bolsa.
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