A inflação nos EUA, a despeito de ter registrado variação aquém das expectativas, em especial nos núcleos, segue apresentando evolução pouco construtiva nas aberturas, com alimentos rodando consideravelmente acima das médias históricas.
A desorganização da cadeia logística de contêineres, aliada tanto a choques generalizados de oferta por razões climáticas quanto por baixos investimentos no setor no passado recente, tem contribuído para, no curto prazo, manter a inflação das cadeias de commodities mais pressionadas e para, no médio prazo, manter incertezas sobre a normalização das redes de fornecimento.
Os preços de commodities agrícolas – que têm no Brasil um relevante provedor – viram-se fortemente afetados no último mês em razão do comprometimento das lavouras por clima adverso.
Deste modo, cadeias mais curtas de processamento, notadamente de alimentos não duráveis e semi elaborados, têm visto seu custo aumentar de maneira mais drástica, de modo que o repasse ao consumidor tem se tornado imperativo.
A divulgação da Ata do FOMC no dia de hoje deve descortinar, ainda que de modo tímido, as discussões de bastidores no Comitê sobre o endereçamento das compras líquidas de ativos e sobre eventual alta de juros pelo início de 2023.
Em declarações públicas a mídias variadas, presidentes de diferentes Feds já têm se posicionado favoráveis à discussão relacionada à redução das compras, que hoje perfazem algo no entorno de US$ 120 bilhões por mês, sendo 80 bilhões em Treasuries de diferentes vencimentos e 40 bilhões em títulos hipotecários.
Em sincronia com a realização generalizada de ativos de renda variável no acumulado da semana, a curva americana tem exibido impressionante desinclinação no passado recente, o que possivelmente pode ser atribuído tanto a cenário de aversão ao risco e busca por segurança quanto ao reposicionamento de fundos, já que o duration da carteira carregada pelo Fed não tem dado mostras de alongamento.
A manutenção do duration por parte do Fed dá indícios de que não está havendo financial repression, ou seja, controle da curva.
No Reino Unido, a inflação ao consumidor de julho veio abaixo do aguardado pelo mercado (0,0% mês/mês, ante 0,3% mês/mês projetado).
Com o resultado, os preços em 12 meses desaceleraram de 2,5% ano/ano em junho para 2,0% ano/ano em julho. O núcleo passou de 2,3% ano/ano para 1,8% ano/ano, abaixo das expectativas de 2,2% ano/ano.
Vale, todavia, dizer que os preços no atacado, também divulgados nesta madrugada, continuam surpreendendo para cima.
O PPI avançou 0,6% mês/mês, passando de variação de 4,5% ano/ano para 4,9% ano/ano, a maior variação em 12 meses desde dezembro de 2011.
Ademais, a inflação para a Zona do Euro registrou resultado em linha com as estimativas (-0,1% mês/mês) para julho, passando de variação de 1,9% ano/ano para 2,2% ano/ano.
O núcleo para o mês veio ligeiramente abaixo da estimativa (0,0% mês/mês versus 0,1 mês/mês) e passou de 0,9% ano/ano para 0,7 ano/ano.
E Eu Com Isso?
Os mercados iniciam a quarta-feira mistos, com os futuros brasileiro em alta e os futuros americanos próximos da estabilidade.
A sessão deve ser volátil com todas as atenções voltadas para a divulgação da Ata do FOMC.
As notícias são positivas para a Bolsa.
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