O trabalho de Fernanda Guardian, analista de criptomoedas da Levante Ideias de Investimentos, é observar constantemente o comportamento de dezenas de indicadores que mostram a temperatura e a pressão do mercado dos criptoativos mais importantes.
E, olhando os números mais recentes, ela está fazendo algo pouco comum: recomendando a quem possui Bitcoins (BTC) em carteira que venda uma fração de sua posição.
Isso ocorre por dois motivos.
Pela primeira vez em três meses, o indicador NVT Premium está acima de 1,0, o que indica uma sobrevalorização do Bitcoin.
Esse indicador mede o valuation do BTC baseado no volume de dólares transacionado na rede. Para facilitar o entendimento, ele pode ser comparado com o indicador Preço/Lucro, ou Price/Earnings (P/E) usado para avaliar se uma ação está cara ou barata. Com a diferença que a quantidade de transações do Bitcoin influencia o valuation, algo que não ocorre na relação P/E. O NVT Premium está em 1,5052, nível mais elevado em três meses, o que indica uma sobrevalorização dos ativos.
Outro indicador importante está mostrando valorização.
O índice Medo e Ganância, que calcula o interesse dos investidores no Bitcoin, está em 70% no lado Ganância. Isso quer dizer que há bastante interesse dos investidores em comprar criptoativos.
Parte disso decorre de um motivo técnico.
Em maio, o governo chinês proibiu a mineração de Bitcoins em seu território, em um esforço para promover sua própria moeda digital.
Com isso, quase metade dos mineradores ficou off-line.
Além de reduzir a dificuldade e aumentar a rentabilidade dos mineradores que permaneceram em atividade, a movimentação do governo de Pequim derrubou as cotações.
Sempre atenta às movimentações do mercado, Fernanda observou um movimento de recuperação do interesse na segunda quinzena de julho, quando passou a recomendar a compra.
Dito e feito: nesse período, as cotações subiram de US$ 35,6 mil para US$ 46,3 mil por Bitcoin, uma valorização de 30% em dólares.
Agora, aplicando a frase de Warren Buffett que recomenda “comprar quando ouvir canhões e vender quando ouvir violinos”, a recomendação é vender um pouco, cerca de 20% de sua carteira.
Segundo a Fernanda, o Bitcoin é o ativo mais valioso do século e as perspectivas de longo prazo continuam muito otimistas.
Quem investe pensando no longo prazo sequer precisa se preocupar com a volatilidade de curto prazo, diz ela. O ciclo de alta permanece intacto, e a perspectiva para o médio prazo, um ou dois anos, segue otimista.
“Essa venda é apenas uma forma de potencializar os ganhos, para recomprar na baixa depois”, diz ela.
Vender sim, mas só um pouco.
Não podemos nos esquecer que esse é um mercado cuja capitalização se aproxima de US$ 1,6 trilhão, número em linha com o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, e que está se inserindo cada vez mais na economia “tradicional”, sendo aceito em transações por grandes empresas e se tornando uma moeda alternativa em países com problemas de inflação.
Por isso, o Bitcoin é importante demais para ficar de fora.
E você pode contar, claro, com as recomendações precisas da Fernanda Guardian.
Indicadores
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto subiu 1,14% em junho na comparação com maio, informou o BC.
O dado ficou acima da expectativa de alta, que era de 0,4% a 0,5% na comparação mensal. Na comparação com junho de 2020, o avanço foi de 9,07%.
E Eu Com Isso?
Os mercados iniciam a sexta-feira com uma leve alta nos contratos futuros do índice americano S&P 500 e estabilidade nos contratos futuros do Ibovespa, embora a reação ao IBC-Br possa animar os investidores.
As notícias são positivas para a Bolsa.
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