A muito aguardada reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, que se encerrou na quarta-feira (28) manteve os investidores na incerteza em relação ao futuro da política monetária americana.
Ao comentar os resultados, Jerome Powell, presidente do Fed, confirmou as expectativas e manteve os juros referenciais na faixa entre zero e 0,25% ao ano. Na prática, isso quer dizer a continuidade do juro zero.
Até aí, nenhuma surpresa.
E ninguém esperava algo diferente.
No entanto, Powell foi pouco conclusivo no principal ponto de dúvida entre os investidores, que é a continuidade ou não do programa de recompra de títulos públicos e hipotecários.
Somadas, as aquisições mensais do Fed injetam US$ 120 bilhões na economia todos os meses, garantindo liquidez elevada e teoricamente estimulando o aumento da produção, a alta dos investimentos e a geração de empregos.
Durante a entrevista coletiva tradicionalmente realizada após a reunião, Powell descartou a hipótese de descontrole da inflação, e disse que a alta nos índices de preços ao consumidor é provocada por restrições na oferta, e não por uma explosão na demanda.
Ele afirmou que isso “não deve deixar marcas permanentes” na economia, mas que “o Fed vai agir se for necessário.”
O presidente do Fed afirmou não conseguir dizer se o fim da compra de títulos vai ocorrer antes de os juros começarem a subir.
“Não seria o ideal comprar bônus e elevar juros ao mesmo tempo”, disse ele.
Powell acrescentou que “há divisões” no Fed em relação ao momento ideal de interromper esse processo. E ele decepcionou quem esperava um sinal na tradicional conferência do Federal Reserve em Jackson Hole, no Wyoming, marcada para agosto.
“Não está claro se será o caso de anunciar algo” no evento, disse ele.
Banqueiros centrais têm de medir milimetricamente as palavras, pois sabem que uma vírgula mal colocada pode provocar turbulências gigantescas nos preços.
Desde que assumiu o cargo, Powell tem se esforçado para ser didático e transparente.
Mesmo assim, suas declarações têm mantido uma sombra de incerteza sobre o procedimento futuro do Fed.
Desde o início da pandemia, o mercado se tornou pesadamente dependente dos estímulos. Se não forem bem conduzidos, a redução ou o encerramento desses programas podem levar a um movimento drástico de correção de preços.
Daí a cautela do Fed.
No entanto, a própria ausência de uma indicação clara também é um ponto de risco, e esse risco adicional está, cada vez mais, entrando nos cálculos dos investidores.
Indicadores 1
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acelerou para 0,78% em julho ante 0,60% em junho. O índice acumula alta de 15,98% no ano e de 33,83% em 12 meses.
Em julho de 2020, o índice havia subido 2,23% e acumulava alta de 9,27% em 12 meses.
O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) subiu 0,71% em julho ante 0,42% em junho. Dois itens se destacaram. Minério de ferro, cujos preços subiram 2,70% após terem caído 3,04%, e fertilizantes, cujo preços subiram 14,28% ante 5,705 em junho.
O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu 0,83% em julho ante 0,57% em junho. E o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) variou 1,24% em julho ante 2,30% em junho.
As informações são da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Indicadores 2
O ICOM (Índice de Confiança do Comércio) subiu 5,1 pontos em julho, ao passar de 95,9 para 101,0 pontos. Foi o nível mais alto desde os 102,3 pontos de janeiro de 2019.
Em médias móveis trimestrais, o indicador subiu 5,6 pontos, registrando a terceira alta consecutiva.
O ICS (Índice de Confiança de Serviços) subiu 4,2 pontos em julho, para 98,0 pontos, o maior nível desde os 98,3 pontos de março de 2014. Em médias móveis trimestrais, o índice avançou 5,4 pontos, terceira alta seguida.
E Eu Com Isso?
A quinta-feira começa com os contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500 em alta devido à expectativa positiva com os resultados das empresas.
As notícias são positivas para a Bolsa.
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