O BLS (Bureau of Labor Statistics), autarquia americana encarregada da divulgação dos números do emprego, anunciou nesta sexta-feira (02) a criação de 850 mil vagas de emprego não agrícola em junho, o chamado “non-farm payroll”.
O resultado foi muito acima do esperado, e deve agitar os mercados neste último pregão da semana.
Isso ocorre porque o emprego é um dos indicadores mais importantes – se não o mais importante – para entender a situação de uma economia.
É fácil compreender o porquê.
As empresas só têm razão de ser se houverem consumidores de produtos ou serviços. Não interessa se quem consome é uma pessoa física, uma empresa ou um governo. Sem consumidor não há empresa, e sem empresa praticamente não há emprego.
Por isso, quando os empresários contratam, é um sinal inequívoco de que a economia está em crescimento.
Nenhum empresário aumentaria os custos se não esperasse vender mais à frente, ou se já não estivesse premido pela necessidade de aumentar sua produção ou o ritmo de suas atividades.
Nesse sentido, os indicadores de emprego divulgados nos últimos dias mostram que, ao largo das turbulências políticas e das incertezas com relação à liquidez e aos juros no mercado internacional, a economia real vai bem, obrigado.
Na quinta-feira (01), dois indicadores comprovaram isso.
O primeiro é brasileiro.
O Ministério da Economia divulgou os resultados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) referentes a maio.
Foram abertas 280,7 mil vagas com carteira assinada, acima das 116,4 mil vagas criadas em abril.
O resultado veio acima da mediana das expectativas, que era de 157 mil vagas.
Os prognósticos oscilavam entre a criação mínima de 71 mil vagas e a abertura de, no máximo, 362 mil vagas.
O resultado decorreu de 1,548 milhão de admissões e de 1,268 milhão de demissões. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2021, o saldo do Caged é positivo em 1,233 milhão de vagas.
Para comparar, em maio de 2020, um dos piores momento da primeira onda da pandemia provocada pelo coronavírus, foram fechadas 373,8 mil vagas com carteira assinada.
Nos cinco primeiros meses do ano passado foram fechados de 1,144 milhão de postos formais de trabalho.
Nos Estados Unidos, na quinta-feira, foi divulgado o número de pedidos iniciais de seguro-desemprego, o chamado jobless claims.
Quanto menor o número, mais vigoroso o ritmo da economia.
E o número de pedidos na semana encerrada no sábado (26) foi de 364 mil, queda de 51 mil em relação ao resultado da semana anterior, quando houve 415 mil pedidos.
O número mais recente é o menor desde os 256 mil pedidos divulgados no dia 14 de março do ano passado, quando os indicadores ainda não haviam sido afetados pela pandemia.
Indicadores
A produção industrial cresceu 1,4% em maio na comparação com abril, após três meses consecutivos de queda.
O setor acumulou ganho de 13,1% no ano e de 4,9% nos últimos 12 meses.
Com isso, a indústria chega ao mesmo patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia.
Apesar do avanço, o setor ainda se encontra 16,7% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011.
As maiores altas ocorreram nos segmentos de coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (3,0%), em produtos alimentícios (alta de 2,9%) e em indústrias extrativas (avanço de 2,0%).
Os dados são da PIM (Pesquisa Industrial Mensal), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
E Eu Com Isso?
Indicadores positivos de criação de empregos são benéficos para a economia.
No entanto, os números fortes do “non-farm payroll” de junho podem provocar alguma volatilidade no mercado.
A geração de empregos indica uma economia bastante aquecida, o que pode alterar as expectativas quanto à trajetória dos juros e das políticas de estímulo econômico a serem adotadas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ao longo dos próximos meses.
As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade.
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