Na noite desta quinta-feira (16), após o fechamento de mercado, a Petrobras (PETR3/PETR4) e a BR Distribuidora (BRDT3) anunciaram que irão realizar ofertas subsequentes de ações para vender a totalidade da participação detida pela estatal em sua antiga subsidiária.
Serão ofertadas um pouco mais de 436 milhões de ações, que corresponde à totalidade da participação detida pela estatal atualmente, de 37,5% do capital social.
O valor total da movimentação é de R$ 11,8 bilhões, considerando o último preço de fechamento de BR Distribuidora na bolsa.
A oferta será realizada seguindo a Instrução CVM 400, indicando que é válida para todos os tipos de investidores, desde que atendam os requisitos e realizem alguns procedimentos para solicitar a participação na compra de ações.
Na oferta também estão sendo colocados esforços para emissão no exterior. Haverá um procedimento de bookbuilding, no caso uma prospecção por interesse e formação de preço a ser realizado, porém investidores pessoa física, que não sejam investidores qualificados, que queiram participar da compra das ações de BRDT3 não participarão do bookbuilding.
O roadshow da oferta para investidores se inicia nesta sexta-feira (18), com a disponibilização do Prospecto Preliminar, obrigatório para ofertas no formato ICVM 400, com o início do período de reserva na sexta-feira seguinte (dia 24 de junho).
A fixação do preço a ser negociado será no dia 30 de junho, com início das negociações das novas ações no dia 02 de julho.
E Eu Com Isso?
Com essa oferta de ações bilionária, a BR Distribuidora (BRDT3) passa a não ter um acionista de referência, se tornando uma corporation.
A companhia manteve o critério de poison pill, que estabelece uma Oferta Pública de Ações (OPA) para quem atingir participação de controle (acima dos 50% do capital social).
Enxergamos um impacto positivo nas ações de BR Distribuidora (BRDT3) no médio prazo, após uma possível pressão baixista, devido à retirada da pressão de venda sobre as ações, com a Petrobras já tendo manifestado o interesse pela venda da totalidade.
Para as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) o movimento é positivo, com as ações detidas na BR em patamares próximos das máximas históricas desde o seu IPO, possibilitando levantar mais de R$ 10 bilhões para o caixa, em uma tacada só.
Em termos estratégicos, o movimento pouco altera o rumo da BR Distribuidora, dado que ela já opera de forma totalmente independente da Petrobras e já totalmente repaginada e estruturada como uma companhia privada de alto desempenho.
O único vínculo que fica é a utilização da marca BR, no qual a Petrobras ainda detém os direitos, porém nada que afete a governança nem o balanço da companhia.
Para a Petrobras a venda vem em um momento em que o governo federal busca uma alternativa para criação de um fundo de compensação ou estabilização dos preços de combustíveis, de modo que os recursos da oferta de ações permitirão uma desalavancagem mais rápida e, assim, podendo se transformar em dividendos robustos para a União financiar o tal fundo.
Há também uma desvinculação completa da Petrobras na BR, em consequência do mercado de distribuição de combustíveis em geral, “limpando” parcialmente sua imagem perante os grupos de pressão (caminhoneiros, por exemplo) a respeito da insatisfação com os preços do diesel, ainda em patamares altíssimos.
O ideal para um possível fundo ser criado, seria via dividendos distribuídos a todos os acionistas (incluindo a União), em vez de utilizar o balanço diretamente da Petrobras, como foi realizado entre 2013 e 2015, gerando consequências graves inclusive na economia.
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