A pandemia tem sido pedagógica em muitos sentidos. Vamos ficar apenas nos econômicos. Ela nos ensinou que é possível mudar as formas de trabalho.
Quando o coronavírus deixar de ser uma ameaça, é improvável que nossos escritórios retornem exatamente ao que eram antes dos tempos do home office. E ela também nos ensinou a relação direta da imunização com o crescimento econômico.
Contra números não há argumentos. No fim de abril foram divulgados dois números do Produto Interno Bruto referentes ao primeiro trimestre de 2021.
Nos Estados Unidos, a economia cresceu 2,2%. Já na Zona do Euro o encolhimento foi de 1,8%.
Ambos os números foram calculados em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Duas semanas antes, em meados de abril, a China surpreendeu ao divulgar um crescimento de 18,3% no PIB no primeiro trimestre frente aos três primeiros meses de 2020.
Já no Brasil, no início de junho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou um crescimento da economia de 1,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior.
O resultado superou as expectativas, que eram de alta de 0,7%. Frente aos três primeiros meses de 2020, o número também foi positivo, com um crescimento de 1%.
A razão para essa disparidade foi a mesma: a velocidade da imunização contra a Covid-19. A vacinação avançou depressa na China e nos Estados Unidos.
Já nos países europeus, o progresso foi mais lento no início do ano. Países imunizados permitem a reabertura dos negócios e a volta da circulação de pessoas. Daí o impacto das notícias e prognósticos quanto à imunização sobre os preços dos ativos.
Indicadores de aceleração nos programas de vacinação têm estimulado os investidores, e notícias de desaceleração ou de dificuldades pioram os prognósticos.
Por isso, a notícia divulgada no domingo (13) de que o governo do Estado de São Paulo iria antecipar o calendário de imunização poderá melhorar o sentimento dos investidores e justificar o comportamento positivo dos mercados neste início de semana.
Neste fim de trimestre, a velocidade e a abrangência da cobertura vacinal são dois dos indicadores mais observados pelos investidores, pois eles são uma indicação direta do que pode ser a velocidade da retomada da economia.
Não uma volta à “normalidade”, pois haverá um “novo normal” quando a maior parte da população estiver vacinada e for possível levantar as medidas de restrição. Mas a uma economia com menos travas e barreiras, especialmente no setor de serviços.
Não por acaso, ao antecipar esse movimento, o mercado já avançou e mandou o Ibovespa para a faixa de 130 mil pontos, uma alta acumulada de 2,5% na primeira quinzena de junho e de 8,7 % no acumulado do ano.
Essa alta se sustentou pela recuperação das cotações de empresas de varejo e das de outros setores que são beneficiados diretamente pela reabertura da economia.
E, ao que tudo indica, ainda há espaço para novas altas se não houver uma deterioração das expectativas.
Indicadores
O Banco Central (BC) divulgou nesta manhã o resultado do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) de abril, mostrando um crescimento de 0,44% dessazonalizado em relação a março, e um avanço de 15,92% observado em relação a abril de 2020.
O resultado para março veio um pouco abaixo das expectativas para o mês.
Relatório Focus
A edição mais recente do Relatório Focus, divulgada na manhã desta segunda-feira, mostrou uma correção forte nas expectativas.
A projeção para a taxa referencial Selic de dezembro avançou para 6,25% ante os 5,75% da semana passada.
A projeção para o crescimento do PIB subiu para 4,85% ante os 4,36% da edição anterior, e a inflação projetada, medida pelo IPCA, avançou para 5,82% ante os 5,44%da semana passada.
A única baixa foi na estimativa para o dólar do fim de 2021, que caiu para R$ 5,18 ante os R$ 5,30 da semana passada.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros de Ibovespa estão iniciando a semana com uma leve alta, devido à animação dos investidores com a antecipação do calendário de vacinação. O noticiário doméstico deverá ser dominante no mercado hoje.
As notícias são positivas para a Bolsa.
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