O fim de semana foi bastante movimentado para a Petrobras (PETR3/PETR4), com alguns Fatos Relevantes que podem mexer com os preços das ações.
A estatal assinou um acordo de que irá regular o Contrato de Cessão Onerosa e o Contrato de Partilha do Campo de Búzios, com suas parceiras CNOOC e CNODC.
O acordo irá gerar uma compensação à Petrobras, que detém 100% dos direitos da Cessão Onerosa do Campo, de cerca de US$ 2,94 bilhões, em torno de R$ 15 bilhões no câmbio de hoje, a serem pagos via Custo de Óleo, ou seja, basicamente em produção de petróleo do campo ao longo do tempo.
Em adição, a Petrobras enviou um pedido de cooperação para a BR Distribuidora (BRDT3) para vender o restante de sua participação na companhia (cerca de 37,5% do capital social), confirmado em Fato Relevante também pela BR.
Por fim, a nova diretoria realizou um reajuste para baixo nos preços da gasolina no fim de semana de 1,9%.
O curioso é que a queda do dólar no período foi menor que a alta dos preços do Petróleo internacional, o que aumenta a defasagem dos preços do combustível nas refinarias em relação ao Preço de Paridade Internacional (PPI).
Na prática a Petrobras precisa compensar a paridade em uma janela de 12 meses, ou seja, se está defasado hoje, no futuro, antes de completar os 12 meses de janela de cálculo, os preços necessitam estar acima do PPI, de modo a, na média, estar em linha com as cotações internacionais.
E Eu Com Isso?
Já é amplamente ventilado pela nova gestão e governo federal a criação de um fundo de compensação e estabilização dos preços de combustíveis no país, de modo a evitar uma oscilação grande nos preços do produto ou atenuar os efeitos dessa oscilação no mercado brasileiro, ainda altamente dependente dos custos em dólar.
O problema até então está no financiamento deste fundo, dado que a situação fiscal do país não comporta um fundo desta natureza, financiada com o Tesouro e, em caso de manter a defasagem de preços via Petrobras, geraria o mesmo problema que houve em 2013 a 2015, no qual a estatal sofreu prejuízos bilionários e seria muito prejudicial não só financeiramente, porém também na percepção de risco às ações da Petrobras (PETR3/PETR4).
Um caminho pode ser utilizar os montantes provenientes de fontes além do esperado pelas operações da Petrobras, como é o caso do contrato de Cessão Onerosa, de modo a não afetar drasticamente o balanço da companhia.
O ideal nesse caso seria por meio da distribuição de dividendos extraordinários a todos os acionistas, inclusive a União, que utilizaria estes recursos dos proventos para tal finalidade.
Embora a venda da fatia da BR Distribuidora (BRDT3) faça parte do programa desinvestimento da estatal, o ritmo atual de geração de caixa da companhia, tem acelerado o processo de redução do endividamento, de modo que os recursos provenientes da venda (cerca de R$ 11 bilhões considerando o último fechamento de BRDT3), poderiam também compor esse fundo de estabilização.
As notícias são positivas em geral para as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) no curto prazo, que na falta de novidade em relação ao tal fundo de compensação, pode embolsar os R$ 26 bilhões resultantes destas duas notícias.
O impacto nos preços das ações de BR Distribuidora (BRDT3) podem ser negativas no curto prazo, com o temor do mercado de um fluxo muito grande de venda de ações com o processo de venda da participação da estatal.
Porém em um período mais longo, tirar o chamado overhang, ou pressão para baixo nos preços, destravando valor para a companhia.
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