Após muitas expectativas com relação ao depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o primeiro dia da oitiva acabou frustrando aqueles que imaginavam uma sessão repleta de declarações polêmicas e maiores pistas sobre a atuação do governo no combate à Covid-19.
A bem da verdade, Pazuello se manteve firme durante os trabalhos do colegiado, respondeu todas as perguntas feitas por integrantes da comissão e blindou o governo, assumindo responsabilidade por todas decisões e políticas implementadas na área da saúde enquanto esteve à frente da pasta. Com relação à compra de vacinas, o general destacou que negou as propostas iniciais da farmacêutica Pfizer porque havia cláusulas consideradas abusivas no contrato e o custo destes imunizantes era o triplo, por exemplo, dos imunizantes oferecidos pela Astrazeneca/Oxford, com quem o governo também mantinha conversas à época.
Por outro lado, é preciso pontuar que o ex-ministro pode ter faltado com a verdade – como parte dos senadores apontaram – em alguns temas, especialmente no que se refere à crise de Manaus (AM) no início deste ano, quando houve falta de oxigênio nos hospitais da capital estadual. O que vale para algumas perguntas relacionadas ao incentivo do uso da cloroquina como tratamento para Covid-19 em estágios primários da doença, promovido, principalmente, pelo aplicativo “TrateCov” do governo federal.
Vale ressaltar, ainda, que, durante a tarde desta quarta (19), o general teve um mal-estar e por conta desse fato a sessão foi interrompida, sendo retomada nesta manhã com cerca de 20 senadores ainda inscritos na lista. Para esta quinta (20), também está prevista a oitiva da médica Mayra Pinheiro, mais conhecida como “capitã cloroquina”, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
E Eu Com Isso?
O depoimento de Pazuello foi considerado positivo para o governo, na medida em que o ex-ministro surpreendeu a todos, logo no início, ao se mostrar disposto a responder todos os questionamentos – em que pese o habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, que daria a ele o direito de ficar calado.
Outro diagnóstico que pode ser feito é o de uma pressão menor que o esperado por parte das perguntas dos senadores, a exemplo do relator Renan Calheiros (MDB-AL), que se mostrou por muitas vezes demasiadamente atento ao roteiro e com pouca dominância do assunto. Com a interrupção do depoimento e sua retomada nesta quinta, esse cenário pode mudar.
De qualquer maneira, o pregão desta quarta (19) abriu com certa preocupação sobre a CPI, mas, durante o dia, outros assuntos de Brasília acabaram renovando o otimismo dos investidores – caso da MP da privatização da Eletrobras (ELET3/ELET6). O mesmo pode ocorrer no pregão de hoje, com votação da reforma administrativa prevista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e com altas chances de aprovação.
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