Na manhã da terça-feira (18), o governo argentino anunciou restrição das exportações de carnes por um período de 30 dias, com finalidade de auxiliar no combate à inflação que chega a quase 50 por cento no país.
Apesar de o governo argentino ter convocado uma reunião com representantes do setor, a decisão foi tomada de maneira unilateral, nos moldes do que foi realizado em 2006 com os mesmos objetivos.
Os preços das carnes na Argentina subiram 100 por cento desde o início da pandemia, ajudando a puxar a inflação por lá, com os exportadores servindo de bode expiatório para o problema crônico de desvalorização da moeda e explosão das taxas de inflação no país. As empresas frigoríficas já anunciaram uma resposta à medida, suspendendo coletivamente as atividades por 9 dias, gerando restrição de oferta de carnes em massa no país.
E Eu Com Isso?
Duas empresas brasileiras são afetadas diretamente pelas restrições, a Minerva Foods (BEEF3) e a Marfrig (MRFG3). A Minerva é a mais afetada das duas, com receita na Argentina correspondendo a cerca de 10 por cento da receita total da operação e 27 por cento da subsidiária ex-Brasil, a Athena Foods. Já a Marfrig foi menos penalizada, com resultados da Argentina correspondendo a 1,3 por cento da receita total da companhia.
Ambas as empresas devem conseguir contornar a situação sem grandes dificuldades, com a Marfrig podendo focar mais nas operações da América do Norte, região que segue com demanda aquecida, além de compensar as exportações com a operação Brasil. A Minerva também deverá realizar a arbitragem entre outras operações da América do Sul, dividindo a carga entre Brasil, Paraguai, Colômbia e Uruguai.
Apesar de não gerar impacto significativo no balanço de ambas as empresas, a notícia pegou o mercado de surpresa e as ações BEEF3 e MRFG3 sofreram queda de 3,56 por cento e 1,08 por cento respectivamente, contra leve alta de 0,03 por cento do Ibovespa.
O desfecho ainda é incerto se de fato a medida irá perdurar, dada a resposta rápida e dura do setor pecuarista no país, podendo gerar um efeito rebote. Com maior limitação e desestímulo aos investimentos no agronegócio no país, a oferta tende a minguar e os preços poderão gerar um repique de alta ainda mais forte do que o observado atualmente.
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