Na noite desta quarta-feira (05), após o fechamento de mercado, uma das maiores plataformas de e-commerce da América Latina, o Mercado Livre, divulgou seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2021.
Os números vieram com surpresas positivas e com evolução muito forte nos indicadores operacionais na comparação ano contra ano, impulsionando o chamado top line, ou as linhas de receita e lucro bruto, ficando acima das expectativas de mercado, mesmo com margens menores relativas ao 1T20.
Nos principais indicadores operacionais, o GMV (total de vendas transacionadas) alcançou 6,06 bilhões de dólares, cerca de 77,4 por cento de crescimento, com forte avanço do GMV via aparelho móvel de 215,7 por cento, representando 72,9 por cento do GMV total.
A quantidade de usuários ativos únicos alcançou 69,8 milhões (usuários que realizaram uma transação ou interação na plataforma no período), um crescimento de 61,6 por cento; transações processadas via Mercado Pago (Total Payment Volume) cresceu 81,8 por cento, alcançando 14,7 bilhões de dólares.
Olhando para os indicadores financeiros, o Mercado Livre obteve uma receita líquida total de 1,38 bilhão de dólares, um crescimento de mais de 100 por cento na comparação anual, com destaque para expansão de 143 por cento no México, operação no qual obteve maior crescimento anual; Lucro Bruto de 591,4 milhões de dólares, com uma margem de 42,9 por cento, abaixo dos 47,9 por cento obtidos no ano anterior.
O Ebitda (métrica de geração de caixa operacional) surpreendeu, atingindo 128 milhões de dólares, uma margem de quase 10 por cento, bem acima do Ebitda negativo obtido no 1T20.
A companhia apresentou prejuízo líquido de 34 milhões de dólares no período, porém há um efeito não recorrente de despesa financeira no valor de 49,2 milhões de dólares, relativos à recompra de uma dívida com vencimento em 2028 emitida pela companhia. Ajustando por este efeito não-recorrente, o Mercado Livre teria apresentado um Lucro Líquido de 15 milhões de dólares, tímido, mas ainda assim no campo positivo.
E Eu Com Isso?
O crescimento de escala das operações e transações do Mercado Livre foram muito fortes, ainda mais se comparada a uma base de comparação relativamente fraca, se considerarmos o 1T20 com pouco efeito ainda da pandemia, de modo que a aceleração da digitalização do varejo ainda estava incipiente.
Acreditamos que os números vieram bastante superiores ao esperado pelo mercado, o que deve desencadear uma reação positiva nas ações de Mercado Livre (MELI: NASDAQ / MELI34) no curto prazo, podendo ter a alta limitada na BDR (MELI34), em caso de movimento de queda do dólar.
Os efeitos da aceleração do mundo digital seguem a todo vapor, com a empresa conseguindo ocupar um espaço cada vez maior, integrando e envolvendo os consumidores e sellers em seu ecossistema digital. O Mercado Pago também está tendo um crescimento robusto, com as maquininhas, integração com plataformas de e-commerce, aplicativo e transações entre contas do Mercado Pago, além de processamento das transações financeiras do Mercado Livre e crédito para pequenos empresários.
O modelo parece fazer sentido olhando pelo lado operacional, com um ambiente cada vez mais difícil de trocar pelo concorrente (custo de troca de plataforma), que se torna cada vez mais completa para os usuários e também para o vendedor (seller) do marketplace.
Por outro lado, o ambiente competitivo se torna cada vez mais acirrado, com outras plataformas de e-commerce como a Magalu (MGLU3) e Via (VVAR3) expandindo os horizontes para pontos em comum com a empresa, além de B2W (BTOW3) também entrar forte no jogo com a fusão com as Lojas Americanas (LAME3/LAME4).
Essa competição mais apertada coloca em jogo a rentabilidade do modelo de negócio de plataforma de e-commerce, com custos cada vez mais altos devido aos investimentos em estrutura logística e TI, necessitando de cada vez mais escala, que por enquanto está sendo conquistada com um sacrifício de margem. Ainda deve demorar para surgir um vencedor nesse ambiente competitivo, sobretudo no Brasil, porém o Mercado Livre segue bem-posicionado e diversificado com operações relevantes na Argentina e México, este último país se dando melhor em termos de recuperação econômica que o Brasil.
—
Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.
Para ficar por dentro do universo dos investimentos de maneira prática, clique abaixo e inscreva-se gratuitamente!
—