Levante Ideias - Hering HTGX3

Fusão da Hering (HGTX3) e Soma (SOMA3)

Na manhã desta segunda-feira (26), antes da abertura do mercado, a Cia. Hering (HGTX3) e o Grupo Soma (SOMA3) anunciaram um acordo de combinação de negócios, com a Soma fazendo uma oferta pela centenária companhia Hering.

A oferta será parte em dinheiro, cerca de 9,63 reais e mais 1,625 ação de emissão do Grupo Soma por ação da Hering, o que avaliou a Hering em 5,3 bilhões de reais ou 32,54 reais por ação antes do anúncio da transação.

Antes da abertura do pregão, com as ações da Hering (HGTX3) cotadas a 22,68 reais, o valor de mercado da Hering era de 3,7 bilhões de reais.

Porém ao longo do pregão as cotações de SOMA3 caíram forte e HGTX3 obteve uma subida vertiginosa de mais de 26 por cento. Assim, o valor implícito da Hering na proposta de fusão com a Soma foi reduzido para 4,9 bilhões de reais, próximo dos termos da oferta divulgada.

Apesar de certa forma, inesperada, a relação dos executivos da família controladora da Hering e do Grupo Soma já vêm há algum tempo, mesmo antes da abertura de capital do Soma, o que deu maior agilidade ao anúncio da transação, inclusive com os principais executivos das famílias controladoras realizando uma apresentação ao mercado em conjunto.

A transação ainda está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), porém não deve encontrar grandes dificuldades de aprovação neste caso.

E Eu Com Isso?

Olhando especificamente para as duas empresas, podemos separar a análise se vale a pena investir em Hering (HGTX3) e Soma (SOMA3) em dois tópicos:

Evolução operacional, olhando para o longo prazo, neste caso, para a nova companhia após a conclusão da combinação de negócios e ganhos de sinergia.

Aspecto financeiro, avaliação nua e crua do valor de mercado de Hering e Soma no curto prazo, antes de sair a aprovação e a combinação de negócios.

No aspecto operacional parece fazer bastante sentido, com uma complementaridade na frente comercial, com portfólios complementares. A Soma atua predominantemente no mercado de moda feminina, com faixas de preço e público A e B em geral, com diversas marcas explorando nichos diferentes do mundo feminino.

Já a Hering possui uma atuação mais abrangente, porém voltado para o público mais amplo, pegando as faixas de renda das classes C e D também, com preços médios mais baixos e atuando com públicos masculino, feminino, infantil e linha íntima.

No total ambas as empresas possuem um mercado endereçável de mais de 110 bilhões de reais.

O modus operandi também é similar, com as empresas possuindo marcas próprias, processos produtivos internalizadas e confecção individualizada para cada marca. O grupo Soma possui um e-commerce forte, já a Hering tem uma estrutura de distribuição física mais robusta. Além disso, a expertise no desenvolvimento de segmentos e públicos diferentes podem tanto fazer a Soma ampliar a linha de atuação para faixas de público maiores, como também aumentar a percepção de valor da marca Hering, pensando em estratégias comerciais.

Mesmo que o Grupo Soma não tenha histórico de aquisições de grande porte, a gestão da Hering e a família Hering (controladora desta) permanecerão na alta gestão da companhia, o que pode reforçar a linha de comando. Ambas as famílias possuem uma boa relação há algum tempo, o que não deve gerar problemas para dirigir a companhia combinada.

ii) Olhando para a avaliação de mercado de ambas, com o anúncio nesta manhã, da combinação de negócios, as ações da Hering (HGTX3) valorizaram em torno de 26 por cento no dia. Já as ações da Soma (SOMA3), sofrem queda de 10 por cento.

No curto prazo, as ações de Hering (HGTX3) agora dependerão muito mais da valorização ou desvalorização de SOMA3, portanto sendo arriscado um investimento em ambas as companhias, dado que o mercado tende a precificar rapidamente este tipo de transação.

Nos termos da oferta, agora as ações de HGTX3 possuem um valor de mercado implícito de 30,22 reais por ação, um potencial de valorização de apenas 5,6 por cento sobre o último preço de fechamento, além de uma possível valorização de SOMA3, o que não tem perspectiva de ocorrer em um futuro próximo, com o mercado ainda fazendo as contas da possível sinergia e das implicâncias de uma combinação.

Olhando para o longo prazo, parece fazer sentido o investimento na empresa combinada, que terá poder de fogo para avançar no mercado de moda, podendo aproveitar uma recuperação econômica pós vacinação no Brasil, dado que o setor de moda foi um dos setores mais prejudicados, mas uma das que mais evoluíram em termos de digitalização e estruturação da operação, o que pode gerar uma recuperação importante na rentabilidade em uma volta das atividades.

Análise Complementar: acirra-se a disputa no varejo da moda

Já começa a ficar mais clara a disputa por ativos e consolidação no setor varejista de moda, com as companhias mais capitalizadas e sólidas buscando se expandir e incorporar ativos complementares às suas operações, após grande parte das ações de empresas do setor sofrerem com a continuidade da pandemia, deixando-os “descontados”, facilitando uma possível aquisição ou fusão pelas maiores.

Quem está no páreo dos compradores, de maneira mais clara é: i) a Lojas Renner (LREN3), que vale cerca de 10 vezes mais que seus principais concorrentes, além de anunciar uma oferta subsequente de ações (follow-on) para levantar em torno de 6 bilhões de reais; ii) A Arezzo&Co (ARZZ3), que após realizar uma oferta pela Hering (HGTX3), rejeitada por uma questão de preço, ainda deve procurar ativos complementares para expandir sua linha de atuação, esticando o braço para o vestuário em geral, além dos calçados.

No caso da Lojas Renner, seria difícil que compre alguma concorrente direta como C&A (CEAB3), Marisa (AMAR3) ou Guararapes (GUAR3), por uma possível dificuldade com o Cade e também pela intenção da Renner de buscar ativos complementares e com objetivo de se tornar uma plataforma mais ampla do setor. Neste caso é ventilada uma possível aquisição da Dafiti, que já vem buscando compradores, de modo a reforçar sua estrutura logística e de e-commerce.

Já para a Arezzo fica mais difícil especular o que a companhia vai fazer daqui em diante, de modo que será difícil encontrar um ativo pronto nos moldes da Hering, que tem marcas próprias, além de uma estrutura fabril robusta, que poderia gerar uma sinergia quase que perfeita.

Segue na mesa uma possível combinação com as varejistas com estrutura de lojas mais amplas como a C&A e Marisa, mas também abre possibilidades para aquisição de alguma companhia em barganha como a Restoque (LLIS3), que possui marcas próprias, voltada para as classes A e B e que acaba de protocolar e aprovar um plano de recuperação extrajudicial, porém sem a necessidade de se desfazer de seus ativos, prolongando o prazo da dívida e buscando um aumento de capital ainda para este ano.

O mercado de varejo de moda segue em forte aquecimento, podendo ocorrer qualquer tipo de movimento de combinação no futuro próximo, porém especular e cravar uma transação seria muito preciosismo de nossa parte. Concluímos dizendo que, com a recuperação do movimento nas lojas e reabertura do comércio de maneira gradual, o setor de moda tende a ganhar um fôlego extra, com o público buscando satisfazer os anseios de consumir, que foram de certa forma limitados pela pandemia.

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Leia mais sobre a empresa: Hering (HGTX3) rejeita proposta da Arezzo.

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