Após trabalhar algum tempo em Nova York, Warren Buffett voltou para sua cidade natal: Omaha. Mesmo sendo a cidade mais importante do estado americano de Nebraska, ela fica bem longe de Nova York. Quando lhe perguntaram o motivo, Buffett explicou que manter distância de Wall Street o livrava do ruído do mercado financeiro e lhe permitia tomar decisões melhores. Poucos podem ter essa flexibilidade na vida, mas mesmo assim é possível tirar desse exemplo uma das lições mais importantes para o investidor. Essa entidade chamada mercado, que na prática são muitas pessoas querendo ganhar dinheiro, é pródiga em emitir tanto sinais quanto ruído. E só será bem-sucedido o investidor que conseguir realizar a tarefa difícil de diferenciá-los.
Essa recomendação é especialmente útil no início desta semana, que será abreviada pelo feriado de Tiradentes, na quarta-feira 21. Observando-se o noticiário, será uma semana agitada, com o início da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, a necessidade de se chegar a uma decisão sobre o Orçamento de 2021 e, no cenário internacional, o início da Cúpula do Clima. Nenhum desses eventos pode ser ignorado pelo investidor, pois todos eles têm potencial de alterar preços no mercado. A questão, porém, é qual será a fonte dessas alterações. Se serão fatos ou se será o ruído provocado pela incerteza momentânea.
Para onde olhar? Nesse momento, vale a velha recomendação de olhar os números e os fatos, e procurar dar menos importância às projeções e às opiniões. E os números mostram que a economia voltou a crescer em fevereiro, apesar da seriedade da pandemia. Que a inflação provocada pela alta dos preços das commodities está arrefecendo. E que – para não descartarmos totalmente as previsões – as expectativas do Boletim Focus ainda esperam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superior a 3 por cento neste ano.
Há mais. Os resultados das maiores companhias abertas americanas vêm mostrando bons números no primeiro trimestre. E, por aqui, enquanto se bate boca em Brasília, os executivos do Brasil real permanecem de mangas arregaçadas e trabalhando. Assim, em um cenário de liquidez internacional elevada, o investidor que souber escolher, souber ignorar o ruído e souber esperar terá, sem dúvida, bons resultados.
Indicadores econômicos I
A economia voltou a crescer em fevereiro. O IBC-Br divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira mostrou um crescimento de 1,70 por cento do índice dessazonalizado em fevereiro. Em janeiro, o IBC-Br dessazonalizado havia mostrado um crescimento de 1,25 por cento. Em 12 meses, sem considerar o ajuste sazonal, o índice registrou uma baixa de 4,02 por cento no nível de atividade. Divulgado mensalmente pelo BC, o IBC-Br é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), apesar de sua metodologia e de sua base de cálculo sejam diferentes dos critérios adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Indicadores econômicos II
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desacelerou para 1,17 por cento no segundo decêndio de abril, ante 2,98 por cento no mesmo período de março. A taxa acumulada em 12 meses subiu de 31,15 por cento para 31,57 por cento. A inflação no atacado desacelerou para 1,28 por cento em abril ante 3,72 por cento em março. No varejo, a inflação desacelerou-se para variou 0,65 por cento ante 0,89 por cento em março. A desaceleração deveu-se à estabilidade dos preços das commodities, que se alteraram menos devido à redução da pressão de alta do dólar.
Relatório Focus
A edição mais recente do Relatório Focus, publicada pelo BC nesta segunda-feira (19), mostra uma elevação das projeções de inflação para 4,92 por cento ante os 4,85 por cento da semana anterior. Há quatro semanas, a projeção era de 4,71 por cento. Pela sétima edição consecutiva, o Produto Interno Bruto (PIB) esperado para este ano recuou. A estimativa agora é de um crescimento de 3,04 por cento, ante 3,08 por cento na semana anterior e de 3,22 por cento há quatro semanas. O dólar previsto para dezembro avançou para 5,40 reais ante 5,37 reais da semana passada, e a taxa Selic prevista para o fim do ano permaneceu em 5,25 por cento.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500 iniciam a semana com leves baixas. Por aqui, a volatilidade do mercado deve ser amplificada com o vencimento das opções, ao passo que os pregões americanos devem se agitar devido à temporada de balanços.
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