Com um ligeiro atraso, a Bolsa brasileira está reproduzindo um comportamento já notado nos mercados de outros países, a forte ligação entre os preços das ações e o percentual da população já imunizado contra o coronavírus. O aumento da cobertura vacinal brasileira, que chegou a 12 por cento da população, vem justificando o retorno do Ibovespa aos 120 mil pontos.
A pergunta de vários bilhões de dólares é se esse movimento é sustentável. No longo prazo, ele é, sim. Claro que haverá fortes solavancos de preços no curto prazo, principalmente em função de eventuais pioras na pandemia. Outra incógnita são os desdobramentos políticos e orçamentários da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Mesmo assim, duas perspectivas positivas à frente permitem esperar um movimento vigoroso do mercado.
Uma delas é o aumento do número de brasileiras e brasileiros vacinados. Vacinação é o ingrediente essencial na receita para a normalização da economia. A outra é a perspectiva de que os bancos centrais dos países desenvolvidos, em especial nos Estados Unidos, não terão pressa para elevar os juros apesar da alta da inflação.
Nesse quadro global, o Brasil conta com alguns trunfos. Espera-se uma retomada forte da economia global no segundo semestre, com um aumento acentuado da demanda (e dos preços) das commodities. Além da retomada natural após mais de um ano de retração, o pacote de investimentos em infraestrutura de 2 trilhões de dólares estruturado pelo governo de Joseph Biden garantirá a demanda por materiais básicos como o aço.
Além disso, em suas declarações da quarta-feira (14), Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reiterou a disposição da autoridade monetária de manter a liquidez elevada e os juros baixos por um período de tempo longo e indeterminado, o que garante que não faltará combustível monetário para a expansão global.
Esse cenário tem riscos? Claro que sim. O maior deles é a imprevisibilidade tanto da vacinação quanto das mutações do coronavírus, especialmente no Brasil. Aos poucos, mais brasileiros vêm sendo imunizados. No entanto, não há garantias de que haverá imunizantes suficientes para fornecer o número de doses necessárias a todos os cidadãos, nem está descartada a hipótese de que surja mais uma variante do vírus que cause muitas vítimas e obrigue à volta das medidas de restrição. Se isso ocorrer, todo o otimismo do mercado vai se desvanecer. Como lembra Eduardo Guimarães, nosso especialista em ações, e parafraseando uma frase muito conhecida dos investidores, vacinação passada não é garantia de vacinação futura.
Indicadores econômicos I
O setor de serviços cresceu 3,7 por cento em fevereiro ante janeiro, e superou pela primeira vez o nível em que se encontrava antes da pandemia de Covid-19. Em nove meses consecutivos de taxas positivas, o setor acumula crescimento de 24,0 por cento, se recuperando assim da perda de 18,6 por cento registrada entre março e maio de 2020. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta quinta-feira (15), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Indicadores econômicos II
O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) desacelerou para 1,58 por cento em abril ante 2,99 por cento em março. Com esse resultado, o índice acumula alta de 9,16 por cento no ano e de 31,74 por cento em 12 meses. A inflação no atacado desacelerou para 1,79 por cento ante 3,69 por cento, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,87 por cento em abril ante 0,71 por cento no mês anterior e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) desacelerou para 1,24 por cento em abril frente a 1,96 por cento em março.
Economia norte-americana
Dois indicadores econômicos americanos mostram uma recuperação da atividade econômica acima do esperado. Na semana até 10/abr, o número de pedidos iniciais de seguro-desemprego foi de 576 mil, uma forte queda de 193 mil pedidos em relação à semana anterior e o menor nível desde os 256 mil pedidos de 14 de março do ano passado. A média de quatro semanas caiu para 683 mil pedidos, baixa de 47,25 mil pedidos, e também o menor nível desde 14 de março de 2020.
Além da queda do desemprego, o comércio melhorou. A estimativa de vendas no varejo americanas em março foi de 619,1 bilhões de dólares, alta de 9,8 por cento em relação a fevereiro e de 27,7 por cento em relação a março do ano passado. No trimestre, as vendas no varejo cresceram 14,3 por cento em relação ao primeiro trimestre de 2020.
E Eu Com Isso?
A quinta-feira está começando com uma leve alta dos contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500, com os investidores internacionais ainda com um estado de espírito otimista. No entanto, o dia pode ser marcado por volatilidade, em especial tendo em vista o noticiário político.
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