O presidente Jair Bolsonaro participou de um jantar privado na noite desta quarta-feira (7), em São Paulo, com figuras importantes do setor privado a fim de estreitar novamente os laços com o empresariado, que tem levantado dúvidas sobre a condução da pandemia e da economia em 2021.
No encontro, também estiveram presentes o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O jantar ocorreu na casa do empresário Washington Cinel, dono da companhia de segurança Gocil, por intermédio de Flávio Rocha, presidente do conselho de administração do Grupo Guararapes. Nomes como Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, André Esteves, do BTG Pactual, Paulo Skaf (Fiesp), Claudio Lottenberg (Hospital Albert Einstein), Alberto Saraiva (Habib’s), entre outros, marcaram presença.
Segundo relatos, o tom predominante foi de otimismo, com boas sinalizações do governo sobre a política de vacinação, a continuidade das reformas econômicas, resolução do Orçamento de 2021 com veto parcial e atenção às regras fiscais para a tomada de qualquer decisão envolvendo gastos públicos. O ministro Paulo Guedes disse também que o Brasil pode ter um crescimento acima do previsto para 2021, ao passo que Bolsonaro voltou a criticar medidas de isolamento social.
O empresariado também evitou tocar em questões delicadas, como o combate do Executivo à pandemia de Covid-19, e endossou o apoio ao atual governo – ressaltando, também, a atuação do setor privado à manutenção da economia nestes tempos de crise.
E Eu Com Isso?
A cordialidade, de ambos os lados, já era esperada, na medida em que o governo tenta reconquistar a confiança do mercado financeiro e de outros setores produtivos e o grupo de empresários já cativa boa relação com Bolsonaro desde o início de seu mandato.
A única ressalva a ser feita, do ponto de vista das boas práticas de governança, é que a presença do presidente do Banco Central em uma reunião privada (e com nomes de grande peso econômico) novamente traz desconforto à comunidade financeira. Recentemente – após alguns relatos de que o preço dos ativos estaria sendo influenciado por posicionamentos extraoficiais –, o BC atualizou suas regras determinando que diretores da autarquia teriam de redobrar o cuidado ao discursarem em eventos privados. A participação de Roberto Campos Neto vai na contramão dessas medidas de transparência adotadas pelo Bacen.
Os reflexos do jantar podem ajudar o mercado a subir nesta quinta-feira (8), em meio a outras notícias positivas e mercados globais em alta. No entanto, vale observar que agentes econômicos, mais recentemente, têm adotado cautela extra com as promessas e objetivos traçados pelo governo federal e equipe econômica. Com dois anos e três meses de governo, já se espera muito mais avanços concretos do que boas intenções.
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