Na noite desta terça-feira (06), a Diagnósticos da América S.A., mais conhecida como DASA (DASA3) definiu o preço da sua oferta de ações (Re-IPO), que ficou abaixo do piso da faixa indicativa inicial.
A oferta inicial previa uma ampla faixa de preço entre 64,90 e 84,50 reais por ação, similar à amplitude de Rede D’Or (RDOR3), que implicava em um valor de mercado entre 36 bilhões e 47 bilhões de reais, uma diferença de 30 por cento entre o preço mínimo e o máximo.
A precificação foi revista na segunda-feira (05) para uma faixa mais baixa entre 56,75 e 60,00 reais por ação, com o preço definido no meio desta faixa em 58,00 reais por ação. O valor da oferta deverá ser de 3,8 bilhões de reais, o que implica em valor de mercado de 32,2 bilhões de reais para a companhia.
Com a oferta a Dasa (DASA3) esperava levantar em torno de 5 bilhões de reais, que seria utilizada para pagamento do hospital LeForte em São Paulo, investimentos em aquisições e crescimentos orgânicos e capital de giro para financiar suas operações, em um montante de 1/3 cada.
Com a nova precificação a dinâmica de uso dos recursos deverá ser alterada, com a oferta sendo fechada com um desconto em torno de 14 por cento em relação ao valor esperado.
A negociação com a nova injeção de ações em bolsa está marcada para o dia 08 de abril, quinta-feira, com as ações DASA3 voltando a operar com liquidez.
E Eu Com Isso?
A família Bueno, a controladora, não satisfeita com a avaliação obtida na reestreia da companhia depois de 2 anos e meio (fechamento de capital em setembro de 2017), injetou cerca de 500 milhões de reais na oferta para não ser diluída em volume maior, a preço indesejado.
Com o preço de 58 reais por ação, a companhia obtém um múltiplo EV/Ebitda (Valor da Firma por Potencial de geração de caixa operacional) em torno de 16,5 vezes para 2021, abaixo dos pares de maior porte como Hapvida (HAPV3), Notredame Intermédica (GNDI3) e Rede D’Or (RDOR3), estes negociados a múltiplos EV/EBITDA entre 23-25 vezes.
Embora venha sendo ventilado que o grupo Dasa (DASA3) pelo seu tamanho seja comparável às empresas citadas acima, a sua operação se assemelha muito mais a empresas do segmento de diagnósticos e rede de laboratórios como Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3), estes operando com múltiplos EV/Ebitda na casa das 10 vezes, com a DASA possuindo um amplo portfólio de laboratórios e clínicas especializadas de renome por todo o país.
Recentemente a companhia anunciou a aquisição de dois hospitais de grande porte, o LeForte em São Paulo e o Hospital São Domingos no Amazonas, entrando de vez com o plano de diversificação e verticalização de suas operações, porém ainda longe de ser comparável com um player hospitalar. Além do mais, a rentabilidade da Dasa ao longo dos últimos 10 anos não superou os 5 por cento de margem líquida enquanto seus pares do setor operam com consistência na casa dos 10 por cento.
Acreditamos que o mercado ainda precifica um desconto em relação à essa diferença na rentabilidade e há uma desconfiança na recuperação de margens da companhia, após uma série de aquisições nos últimos anos, refletindo essa rentabilidade histórica menor.
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