A Energisa (ENGI11), divulgou na noite de quinta-feira (12), após fechamento do mercado, seus números referentes ao quarto trimestre de 2020. A companhia energética apresentou um resultado consolidado sólido, acima do esperado em termos de receita, Ebitda e marcado pela sua forte recuperação operacional.
Sua receita operacional líquida (desconsiderando a receita de construção) registrou uma variação positiva de 25,2 por cento no ano contra ano, com 5,6 bilhões de reais no 4T20. No acumulado anual, essa alta foi de 6,2 por cento, encerrando 2020 com 17,9 bilhões de reais.
Essa alta ocorreu em virtude da recuperação das vendas da companhia, com o volume de distribuição para o mercado de energia livre e cativo apresentando alta de 5,2 por cento no trimestre, atingindo 9.877,5 GWh no 4T20. O melhor desempenho foi observado principalmente nas classes de consumo rural, com alta de 14,4 por cento no ano contra ano, residencial, com alta de 12,3 por cento, e industrial, com alta de 5,0 por cento.
O Ebitda ajustado apresentou alta de 16,1 por cento na comparação anual, contabilizando 1,2 bilhão de reais no quarto trimestre. No acumulado anual, essa alta foi de 12,3 por cento, com 4,3 bilhões de reais em 2020. A alta ocorreu principalmente devido ao crescimento dos volumes de venda, economia na linha de despesas administráveis (pessoal, materiais, serviços e outros – PMSO), além do reconhecimento de Ativo Contratual de linhas de transmissão (74,2 milhões de reais no trimestre).
Em relação ao lucro líquido, a companhia apresentou uma contração de 45,6 por cento na comparação anual, registrando 192 milhões no 4T20, essa redução se deve a um ajuste contábil em posições de hedge em derivativos, e tem efeito não caixa. No acumulado do ano, por sua vez, apresentou uma alta de 204,9 por cento, o lucro líquido somou 1,6 bilhão em 2020.
Sobre seus investimentos, a Energisa registrou uma contração de seus números, com recuo de 32,1 por cento na comparação anual, contabilizando 677,3 milhões de reais no 4T20. No acumulado de 2020, a queda foi de 14,5 por cento, um total de 2,7 bilhões de reais no ano.
Por fim, em termos de endividamento, a companhia apresentou uma dívida líquida consolidada de 13,6 bilhões de reais ao final de 2020, com nível de alavancagem (dívida líquida sobre Ebitda ajustado) reduzindo de 3,6 vezes em 2019 para 3,1 vezes no encerramento do ano.
E Eu Com Isso?
A Energisa apresentou um sólido resultado consolidado, acima das expectativas de mercado em suas principais linhas, marcado pela sua forte recuperação operacional. Dessa forma, esperamos um impacto positivo no preço das ações da companhia (ENGI11) para o curto prazo.
Seu destaque ficou por conta do seu volume de vendas, que apresentou forte recuperação em relação a primeira metade de 2020. Tal desempenho ressalta a resiliência do consumo de energia em suas áreas de concessão.
Em relação às classes que mais contribuíram para esse desempenho, o destaque foi para o setor rural, com alta de 14,4 por cento, impulsionado pelo aumento na produção de alimentos no período. Subsequentemente, vemos o setor residencial, que contribuiu bastante para o resultado, com alta de 12,3 por cento, impulsionado pelas temperaturas elevadas e clima seco causados pelo fenômeno climático La Niña, além da maior presença das famílias em suas residências. Também houve expressiva contribuição do setor industrial, com alta de 5 por cento, impactado pelo setor de construção civil, beneficiado no período.
Também é possível verificar uma alta das taxas de inadimplência consolidadas, de 0,93 por cento em 2019 para 1,64 por cento em 2020, esta sendo uma consequência direta da pandemia do coronavírus, dada às medidas de suspensão do corte de energia impostas pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL durante períodos mais agudos.
Mantemos uma visão construtiva para o setor elétrico. Em uma conjuntura de incertezas econômicas, o setor se beneficia por ser mais defensivo, oferecendo maior previsibilidade de resultados. Os juros baixos também valorizam os dividendos elevados tradicionalmente distribuídos pelas empresas do setor, em especial as transmissoras. Apesar de ameaças populistas feitas pelo presidente, o marco regulatório do setor tem avançado nos últimos anos, beneficiando todas as empresas e consumidores.