Na noite desta quarta-feira (10), a Braskem (BRKM5), uma das maiores empresas petroquímicas do Brasil, divulgou seus resultados referentes ao 4T20 e do ano consolidado de 2020, após o fechamento de mercado.
Os resultados foram positivamente impactados no trimestre pela maior demanda de resinas termoplásticas no Brasil, pela retomada da indústria em geral e ritmo acelerado da construção civil, demanda forte por plásticos e polímeros diversos nos EUA e Europa, além da desvalorização do real frente ao dólar favorecendo a conversão de caixa e impulsionando os resultados obtidos.
Os principais destaques positivos foram:
i) Crescimento de receita líquida em todas as regiões de atuação da companhia (Brasil, EUA e Europa, México e Exportações para demais países), com destaque para o crescimento no Brasil de 42 por cento no 4T20 em relação ao 4T19, alcançando 13,18 bilhões de reais. No consolidado, a receita líquida total da companhia cresceu 17 por cento no 4T20 em relação ao 4T19. No ano a companhia obteve crescimento de receita líquida de 12 por cento, alcançando 58,5 bilhões de reais.
ii) Crescimento forte do Ebitda recorrente (métrica para a geração de caixa operacional), excluindo os efeitos de indenização do incidente geológico de Alagoas. No trimestre o Ebitda recorrente alcançou 4,52 bilhões de reais ante 993 milhões de reais no 4T19. No ano o crescimento foi de 85 por cento, saindo de 5,94 bilhões de reais em 2019 para 10,98 bilhões de reais em 2020.
Mesmo contabilizando os efeitos não-recorrentes (em grande parte despesas de reparos de Alagoas), o Ebitda no trimestre alcançou 2,30 bilhões de reais positivos ante 2,55 bilhões de reais negativos no 4T19.
Os destaques negativos ficam com:
i) Provisão e aumento do passivo adicional para a reparação de danos e indenizações acerca do incidente geológico em Alagoas no valor de 6,902 bilhões de reais, aumentando o saldo do passivo total para 9,176 bilhões de reais.
ii) Corte de fornecimento de gás natural para as plantas da Braskem Idesa, operação da companhia no México, por uma decisão unilateral do governo local, paralisando as plantas em dezembro. A companhia passou a importar insumos dos EUA a fim de retomar a produção que, combinado com a paralisação temporária, aumentou os custos e causou a retração de 18 por cento no Ebitda recorrente no trimestre em relação ao 4T19, alcançando o montante de 350 milhões de reais.
E Eu Com Isso?
O resultado da Braskem veio melhor do que o esperado e esperamos um impacto positivo nas ações da companhia (BRKM5) no curto prazo, com boas perspectivas para o ano de 2021, além de um resultado positivo e resiliente da empresa, mesmo com os eventos negativos e paralisação das atividades devido à pandemia.
Retirando-se os efeitos de eventos não recorrentes (Alagoas e paralisação no México), a Braskem apresentou um resultado forte, com crescimento de receita em todos os segmentos, ajudado pela maior demanda de produtos que a companhia fabrica, com alta de preços acima dos custos de produção e volumes crescentes, sobretudo no mercado doméstico.
O nível de endividamento também segue reduzindo gradualmente, saindo de 4,98 vezes a relação Dívida Líquida / Ebitda recorrente no 3T20 para 2,94 vezes neste 4T20, excluindo a Braskem Idesa.
Já neste primeiro trimestre do ano de 2021, estes passivos relacionados à Alagoas e México já foram resolvidos, com a indenização e os processos relativos ao incidente geológico resolvidos, com o valor da indenização já definida. No México a companhia entrou em acordo com o governo mexicano e a Estatal Pemex, assinando um acordo de fornecimento de longo prazo (15 anos) para o gás natural para as plantas da Braskem Idesa.
A demanda por produtos da companhia tem boas expectativas de continuidade de crescimento, pela retomada das atividades industriais nos países desenvolvidos e na Ásia, além da continuidade de ritmo de retomada da indústria brasileira, sobretudo pela necessidade de recomposição de estoques em diversos setores após paralisação da produção no Brasil no segundo trimestre de 2020.
A companhia também assinou contrato de fornecimento de longo prazo de nafta (principal matéria-prima nas plantas brasileiras) com a Petrobras, além de investimentos concluídos na ampliação de capacidade produtiva nos EUA e no México, crescimento das vendas de novos produtos como o Polietileno Verde (mais ecológico e barato de ser produzido), o que reduz os custos de produção, impulsionando as margens operacionais do negócio como um todo, o que já pudemos observar neste 4T20.
Com o dólar em patamares elevados em relação ao real, a Braskem ainda possui uma alavanca positiva em relação à geração de caixa e o caminho parece livre para dar continuidade ao crescimento e redução do nível de endividamento. Com os passivos resolvidos, volta à mesa uma opcionalidade bastante positiva para a companhia: a venda de participação para o mercado da Odebrecht e Petrobras, podendo desencadear uma melhora de governança e migração da companhia para o Novo Mercado. Essa venda de participação é o principal catalisador para as ações (BRKM5) no médio prazo.