A Latam (LTM, listada no Chile) anunciou nesta terça-feira, após o fechamento dos mercados, os seus resultados do quarto trimestre e do ano de 2020. Os números vieram ruins e, mesmo que já esperado, vieram ainda piores do que as expectativas.
A receita líquida no período foi de 897,5 milhões de dólares, queda de 68,7 por cento na comparação anual. O número foi fortemente impactado pela queda no segmento de passageiros (-81,6 por cento), parcialmente compensado pelo incremento de 26,7 por cento no segmento de cargas.
Já o resultado operacional medido pelo Ebitda foi negativo em 102 milhões de dólares. No 4T19 o resultado havia sido de 741 milhões de dólares. O prejuízo líquido foi de 962 milhões de dólares no trimestre, revertendo o lucro de 227 milhões de dólares obtido nos mesmos meses de 2019.
No ano completo a companhia queimou mais de 460 milhões de dólares em caixa. A sua dívida líquida, porém, ficou em 9,15 bilhões de dólares, 169 milhões de dólares a mais que em 2019. A alavancagem financeira segue elevada, visto que já em 2019 a relação dívida líquida/Ebitda era de 4 vezes. Agora, com Ebitda negativo, a relação perde sentido na análise financeira.
E Eu Com Isso?
O resultado do 4T20 e do ano da Latam pode ser chamado de “desastre anunciado”. Neste trimestre, a recuperação mostrou-se ainda bem lenta e a companhia “não decolou”. Os indicadores operacionais e financeiros seguem bem abaixo da média histórica. Nós esperamos impacto negativo no preço das ações LTM no curto prazo.
O Indicador de assentos-quilômetro oferecidos (ASK), que multiplica o número de assentos disponíveis pela distância percorrida, ficou em 12,6 milhões de KM. O indicador de passageiros-quilômetro transportados (RPK) ficou em 832 milhões. A relação RPK/ASK, indicador de “taxa de ocupação”, ficou em 72,4 por cento no 4T20, 10,5 p.p a menos que no 4T19. No ano este indicador recuou de 83,5 por cento para 76,5 por cento.
O custo por assentos-quilômetro oferecidos subiu de 6,6 centavos de dólares para 11,1 centavos de dólares e de 4,5 centavos de dólares para 9,5 centavos de dólares, desconsiderando o custo de combustível. A alta se deve a diversos fatores, como a menor diluição de custos fixos e a menor distância média de voos. Houve alguma compensação com a redução dos custos e despesas, tanto com a queda no preço dos combustíveis, menores comissões sobre venda de passagens e redução no número de funcionários. No 4T19 eram 41,5 mil funcionários (na média). Agora, ela encerrou o ano com cerca de 28,6 mil.
As companhias aéreas, de turismo e de eventos foram e estão sendo as mais afetadas pela pandemia. Em maio do ano passado, inclusive, a Latam entrou com pedido de processo de reorganização societária contra falência nos Estados Unidos, chamado de “Capítulo 11”. Dessa forma, ela passou a ter mais facilidade para negociar contratos com fornecedores e credores.
A companhia informou que segue trabalhando na sua reorganização. O CEO Roberto Alvo espera liberar a companhia da reorganização no segundo semestre de 2021.