A anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou um turbilhão nos mercados. O Ibovespa caiu 4 por cento a 110.600 pontos. O dólar comercial subiu 1,7 por cento, para 5,77 reais. Tudo isso ocorreu devido à decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). A pergunta dos investidores é: e agora?
A melhor maneira de responder é evitando as interpretações e indo diretamente aos fatos. Resumindo: Fachin aceitou a alegação da defesa do ex-presidente de que não houve ligação direta entre os desvios na Petrobras e as vantagens indevidas supostamente pagas a Lula pela empreiteira OAS. Com isso, Fachin entendeu que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência para julgar Lula e determinou então que os processos que envolvem Lula (esse é um detalhe importante) tramitem na Justiça Federal do Distrito Federal.
A decisão teve uma boa dose de xadrez político. Para anular os processos, a defesa de Lula havia argumentado a suspeição do juiz Sérgio Moro. Ou seja, a troca de mensagens entre Moro e os procuradores tornou o juiz parcial, algo que invalida o julgamento. Se o STF abraçasse essa tese, todos os julgamentos da Lava Jato estariam comprometidos. Ao decidir como decidiu, Fachin evitou que a segunda turma do Supremo invalidasse todas as decisões, além das que afetam Lula.
O assunto é complexo e não cabe aqui discutir seus aspectos jurídicos. O que interessa é responder uma pergunta simples: comprar ou vender? Permanecendo nos fatos. A decisão de Fachin pode permitir a participação de Lula na eleição de 2022, mas isso não é garantido. Por enquanto, esse é o único fato disponível. Tudo o mais é imponderável.
Teoricamente, a participação de Lula na eleição de 2022 levaria a um pleito mais polarizado e com menos espaço para um candidato de centro. No entanto, mesmo que a urna eletrônica traga a foto do ex-presidente, o peso eleitoral de um eventual Lula 2022 será bem diferente do que era em 2018. Mais ainda do que era em 2014, quando elegeu Dilma Rousseff.
Tudo isso, porém, é apenas teoria. Eleições são o território do imponderável. Ainda há muita indefinição. O primeiro turno deve ocorrer em outubro do ano que vem, mas a página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sequer traz a data do pleito. E, nos mais de 18 meses até lá, é preciso tomar decisões com base nos fatos.
E os fatos são que, passado o susto dos últimos dias, os preços das ações americanas estão em alta. Os contratos futuros do índice americano S&P 500 iniciam o dia com alta de quase 1 por cento. No caso dos contratos futuros do índice Nasdaq, com maior peso das ações de tecnologia, a alta é ainda mais expressiva, cerca de 2 por cento. Isso decorre da queda dos juros de títulos do Tesouro americano com vencimento em dez anos. Na segunda-feira (08) sua remuneração superou 1,6 por cento ao ano, mas nesta manhã a taxa está recuando para 1,537 por cento ao ano.
E Eu Com Isso?
Passada a turbulência da véspera, o momento de alta nos mercados internacionais e os preços baixos por aqui fizeram os investidores se animarem logo cedo nesta terça-feira. Os contratos futuros de Ibovespa estão em alta de cerca de 1 por cento no início do dia. Esperamos um pregão volátil, mesmo com cenário externo favorável.