A Via Varejo (VVAR3) divulgou seus resultados do 4T20 e do consolidado do ano de 2020 na noite desta terça-feira (02), após o fechamento de mercado. O resultado veio com forte crescimento de vendas e receita, porém dentro do esperado pelo mercado em termos de receita líquida.
O e-commerce continuou forte, com expansão de 112 por cento no 4T20 em relação ao 4T19 em termos de Valor Geral de Vendas (GMV), alcançando 46,6 por cento das vendas totais da companhia.
Mesmo com as restrições de fluxo de pessoas e dificuldades da pandemia, a empresa obteve crescimento da receita líquida de 24,4 por cento no 4T20, alcançando 9,46 bilhões de reais no período. No ano, a receita líquida cresceu 12,7 por cento, alcançando 28,9 bilhões de reais.
Outro destaque positivo foi o desempenho das suas lojas físicas: crescimento das vendas mesmas lojas de 6,1 por cento no trimestre (7,7 por cento em 2020).
Houve piora na margem bruta na comparação anual (excluindo efeitos não recorrentes) de 30,2 por cento para 29,2 por cento neste 4T20, explicado principalmente pelo mix de produtos vendidos no trimestre, segundo a companhia.
Por outro lado, a Via Varejo apresentou Ebitda (métrica de geração de caixa operacional) e Lucro Líquido recorrente melhor no 4T20, porém com ligeira queda na margem Ebitda. O Ebitda ajustado foi de 709 milhões (+13,4 por cento) com margem de 7,5 por cento (-0,7 pontos percentuais).
Já o Lucro Líquido ficou em 209 milhões de reais (+167,7 por cento) com margem de 2,2 por cento (+1,2 ponto percentual). O lucro líquido foi beneficiado por créditos tributários no valor de 447 milhões de reais no trimestre.
A empresa gerou um caixa líquido operacional recorde no ano de 2020, alcançando 1,4 bilhão de reais. Apesar do montante, em termos de geração de caixa líquido (após todos os desembolsos para investimentos e pagamentos), a companhia ainda fechou o ano no campo negativo em termos de fluxo de caixa sem considerar o efeito da oferta de ações.
E Eu Com Isso?
A virada financeira da empresa parece ter se consolidado, com a empresa apresentando lucro líquido no ano, crescimento de dois dígitos nas vendas e endividamento em níveis saudáveis. Os resultados vieram bons, porém dentro do esperado, sem grandes surpresas positivas no trimestre.
Esperamos uma reação positiva no curto prazo nas ações da Via Varejo (VVAR3), após o mercado realizar um movimento de correção para baixo nos últimos 3 meses, com queda acumulada de cerca de 30 por cento nas ações.
Iniciativas para otimização e crescimento da multicanalidade (omnichannel) vem gerando números positivos. A iniciativa “Me chama no Zap”, com o vendedor disponível online, registrou 2,8 bilhões de reais em vendas no ano de 2020, representando 16 por cento das vendas digitais. A modalidade de retirada na loja respondeu por 2,1 bilhões de reais das vendas totais, crescimento de 93 por cento.
A estratégia de melhoria logística também vem gerando resultados interessantes, com a empresa alcançando 100 por cento dos municípios brasileiros na entrega, além da maior participação da modalidade de Entrega no Mesmo Dia (SDD – Same Day Delivery), com a empresa informando que cerca de 15 por cento das vendas foram completadas com esta modalidade em 2021 (janeiro e fevereiro).
Alguns pontos precisam ser considerados daqui em diante, tanto positivos quanto negativos:
i) A companhia mostrou piora em seu perfil de composição de vendas, com maior participação de carnês em detrimento do cartão de crédito, sendo o carnê uma modalidade mais arriscada em termos de inadimplência.
ii) O crescimento de vendas pode não ser tão forte quanto em 2020 principalmente pelo fim do auxílio emergencial e continuidade das restrições de fluxo de pessoas no país.
iii) As despesas com contingência atingiram 271 milhões de reais no trimestre e vieram acima do esperado;
iv) Pelo lado positivo, as aquisições e diversas iniciativas como “Me chama no zap”, BanQi, melhora na inteligência e ganho de escala na estrutura logística podem melhorar as margens da companhia.