O Carnaval passou e o mercado continua com as mesmas expectativas e incertezas, esperando para ver se o ano, finalmente, começa. Aliás, começou com um imbróglio político que pode atrasar a pauta, envolvendo STF e o deputado do PSL, Daniel Silveira. Nos bastidores, mais um teste para o relacionamento Bolsonaro/Centrão.
Começaram as discussões em torno do orçamento, gatilhos e volta do auxílio emergencial. Há uma tentativa de estabelecer alguma compensação para a nova despesa, que pode vir extra teto, mas terá implicações nas contas do ano e no cumprimento do teto.
Se fala em até três semanas para a definição, o que poderia garantir a volta do pagamento do auxílio em março, podendo se estender por quatro meses, dado o avanço da pandemia.
Mas ainda não se pode confiar muito na tal compensação ou se haverá apenas algum drible nas restrições legais para as despesas com o benefício que, importante ressaltar, terá custo bem menor que no ano passado e também menor impacto sobre a atividade.
Vale salientar que a pandemia, com novas variantes, o atraso e ritmo incerto da vacinação, assim como aquisição de novos imunizantes, tem tido influência crescente nas projeções para este começo de ano.
Novas restrições de atividade e o receio de contágio da população, com aglomerações irresponsáveis, colocam a pandemia como um grande entrave à recuperação da atividade nos primeiros meses de 2021.
Perspectivas melhores só para o segundo semestre, o que ainda sustenta a projeção de um avanço do PIB acima de 3%, mas que tem passado por alguns cortes, diante da possível retração no primeiro trimestre e, talvez, até no segundo.
O ritmo da vacinação assume peso maior que o avanço da agenda prioritária para a economia, embora perspectivas melhores do lado fiscal possam trazer algum alívio na curva de juros e no câmbio, com consequências benéficas para o ambiente econômico.
Aliás, independentemente das dificuldades da retomada, continua no radar uma possível antecipação da elevação da Selic, dada a pressão nos índices de inflação, decorrente da alta de commodities, com dólar mais alto, e reflexos de algumas pressões também no varejo.
Mesmo com todas as estratégias propostas pelo governo para baixar o preço do diesel, combustíveis são um dos itens que podem continuar afetando os índices ao consumidor.
De qualquer modo, mesmo com essa relação de problemas, liquidez e juros baixos no exterior, combinados com o avanço da vacinação em vários países, além de dados mais animadores de atividade, ajudam no desempenho da Bolsa. Sendo que os balanços de várias empresas no campo doméstico também têm ajudado a animar o mercado de ações.
Mas um movimento mais favorável de Bolsa, câmbio e curva de juros, com menos volatilidade, continua na dependência de maior eficiência na vacinação e confiança na gestão das finanças. Questões que seguem muito em aberto, com mais promessas do que ações efetivas.