O país se prepara para um carnaval inédito, pois silencioso e sem folia. O pregão ficará fechado até as 13 horas da quarta-feira (17), mas Brasília e as demais economias seguirão em atividade, e daí podem vir surpresas.
Uma delas, porém, chegou antes do carnaval. Na manhã desta sexta-feira (12), o Banco Central (BC) divulgou o índice de atividade IBC-Br. Divulgado mensalmente, o indicador é considerado uma prévia do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB). E o resultado indicou uma reversão da trajetória. Em dezembro, o resultado observado foi um crescimento de 0,64 por cento em relação a novembro. Já em relação a dezembro de 2019 o avanço foi de 1,34 por cento.
No acumulado em 12 meses, confirmando os prognósticos, o IBC-Br registrou uma retração de 4,05 por cento na atividade econômica. Foi a segunda maior queda da série histórica. Em 2015, o recuo do indicador havia sido de 4,3 por cento, segundo a série do Banco Central, que tem início em 2002.
Nunca é demais lembrar que o IBC-Br e o PIB calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são indicadores totalmente diferentes, apesar de se debruçarem sobre uma mesma variável, que é o crescimento da economia. A disparidade entre os dois cálculos é grande, pois tanto os elementos considerados quanto as metodologias de cálculo são diferentes. O fato de o IBC-Br ser apurado mensalmente o torna um indicador mais volátil do que o PIB trimestral, em que o período mais longo suaviza as oscilações. Ainda assim, a notícia é positiva.
No entanto, a pausa prolongada no mercado pede cautela. A discussão sobre o valor e a duração do auxílio emergencial prossegue a todo vapor, assim como a forma de financiar esse programa. Na noite da quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro antecipou algumas características da nova rodada do auxílio. Sua proposta é pagar 250 reais por quatro meses, entre março e junho. É mais do que as três parcelas de 200 reais defendidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Ao que tudo indica, enquanto o país não cai no samba, Ministério da Economia, Palácio do Planalto e as lideranças governistas do Congresso tentarão encontrar um ponto de equilíbrio entre a necessidade de poupança e a necessidade de impedir uma retração mais aguda da economia. A aprovação da autonomia do Banco Central pode até levar à expectativa de que a agenda de reformas vai avançar, mas isso ainda não está definido.
E Eu Com Isso?
Em um pregão esvaziado tanto pela aproximação do carnaval quanto pela suspensão dos negócios em parte dos mercados asiáticos devido às comemorações do Ano Novo Chinês, os contratos futuros do Ibovespa e do índice S&P 500 operam em leve baixa.