Nesta segunda-feira (18), foi divulgada uma nova rodada da pesquisa XP/Ipespe de avaliação de governo, datada de janeiro deste ano. De acordo com os resultados, a parcela da população que considera ruim ou péssimo o atual governo (reprovação) subiu de 35 por cento para 40 por cento, enquanto a parcela que vê a gestão como ótima ou boa caiu de 38 por cento para 32 por cento. O percentual que considera o governo regular ficou estável em 26 por cento, ante 25 por cento da última pesquisa (dez/20).
É a primeira vez, desde maio de 2020, que a reprovação do governo Bolsonaro aumenta e também a primeira vez desde julho do mesmo ano que a avaliação negativa supera a avaliação positiva. Os 40 por cento de reprovação foram atingidos pela última vez em abril do ano passado, logo no início da pandemia. Tudo indica que, novamente, houve uma piora na percepção da atuação do governo em relação ao coronavírus. Dos entrevistados, 52 por cento avaliam o desempenho do atual mandato contra a Covid-19 como ruim ou péssimo – esse número, porém, tem ficado relativamente estável na série histórica (oscilando entre 45-55 por cento).
Alguns outros destaques importantes da pesquisa: houve deterioração nas expectativas para o restante do mandato de Bolsonaro, tanto no que diz respeito à atuação do próprio governo quanto à economia (54 por cento acreditam que a economia do Brasil, no momento, está no caminho errado); além de metade dos entrevistados acreditar que deveria ser criado algum outro auxílio semelhante ao auxílio emergencial por mais alguns meses. Por fim, voltou a se reverter a percepção de que o pior já passou na crise da Covid-19, com 56 por cento dos entrevistados afirmando que o pior ainda está por vir.
Ademais, a pesquisa trouxe uma simulação para as eleições de 2022 que confirma a liderança de Bolsonaro nas intenções de voto, tanto espontâneas quanto na pesquisa estimulada. A nova rodada abordou mil entrevistados por meio de ligações telefônicas, com cobertura nacional e distribuição proporcional segundo gênero, região, ocupação, nível educacional, renda, porte do município, idade, religião e ocupação. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais e o período de coleta foi entre os dias 11 a 14 de janeiro de 2021.
E Eu Com Isso?
É bastante provável que a avaliação de governo tenha recuado, também, pelo fim do auxílio emergencial, que influenciou diretamente na melhora dos números de Bolsonaro de junho de 2020 em diante. No entanto, dada a proximidade do fim do auxílio, parece também razoável atribuir o aumento da reprovação por conta da pandemia e o processo de vacinação no Brasil, que começa tardiamente se comparado a outros países emergentes e da América Latina.
Durante 2021, entretanto, não deve haver uma grande perda de popularidade do presidente, na medida em que sua base de apoiadores ainda parece sólida (nas mínimas da série histórica, em meados de maio de 2020, a aprovação do governo chegou a 25 por cento e a reprovação a 50 por cento). Vale observar, contudo, o comportamento da economia brasileira e o esperado aumento do desemprego, que historicamente têm forte relação causal com avaliações de governo.
Para o mercado, a pesquisa não foi exatamente uma surpresa, visto que já havia sido identificado esse aumento na popularidade de Bolsonaro em função do auxílio – este que já tinha data para acabar. Há, entretanto, um efeito colateral negativo, que coloca pressão em certas alas do Planalto, para voltar com o auxílio ou qualquer outro tipo de programa assistencial a fim de resgatar essa popularidade perdida. No caso de confirmação dessa percepção, renova-se a apreensão quanto ao quadro fiscal do País. O tom da notícia não é boa, porém a notícia não deve ter impacto nos preços do pregão de hoje.