Um estudo realizado pela consultoria AAWZ, que presta serviços para os maiores escritórios de agentes autônomos do País, estima que, em 2022, as aplicações financeiras estarão concentradas fora dos grandes bancos tradicionais e que as corretoras terão maior custódia de ativos da pessoa física.
Segundo o estudo, hoje, a XP possui cerca de 500 bilhões de reais no varejo, alta renda e private banking, com participação de mercado de 16,6 por cento, enquanto o Itaú e o Banco do Brasil possuem ativos de cerca de 600 bilhões de reais nas mesmas segmentações, com participações de 17,04 por cento e 17,3 por cento, respectivamente.
As projeções ainda apontam o avanço das seis maiores plataformas de investimentos do País, estas sendo XP, BTG, Genial, Guide, Easyinvest e Modalmais, para cerca de 46,1 por cento de participação do mercado em 2022, em comparação a 40,8 por cento dos grandes bancos. Esse efeito se intensifica ainda mais em 2025, quando estima-se que as corretoras terão uma participação de 55,8 por cento e os tradicionais grandes bancos, de 33,5 por cento. Caso essa tendência de fato se confirme, a distribuição de mercado ficará mais parecida com a dos países desenvolvidos com taxas de juros baixas, como os Estados Unidos.
E Eu Com Isso?
Os dados apresentados pela consultoria AAWZ reforçam nossa tese da continuidade da migração de recursos dos grandes bancos para as corretoras. Consideramos isto um processo irreversível e em linha com o observado em mercados mais maduros, como os Estados Unidos. Nesses casos, investidores optam por essas plataformas em função do maior nível de serviço, dos menores custos e do irrestrito acesso a diversas oportunidades de investimento não disponíveis nas corretoras de grandes bancos.
O serviço de corretagem vem ganhando destaque nos últimos anos, o crescimento expressivo da XP, BTG e outras empresas menores vem cada vez mais chamando a atenção dos bancos que por sua vez tentam correr atrás do prejuízo adquirindo corretoras menores ou tentando explorar esse mercado com os próprios recursos.
Enquanto os bancos correm atrás para aumentar os serviços de corretagem, a XP já anunciou que pretende possuir um banco em sua estrutura, com a criação de um portfólio de produtos bancários já no primeiro semestre de 2021. Apesar de estar entrando cada vez mais em competição direta com os bancos tradicionais, o CEO e fundador da XP, Guilherme Benchimol, afirma que a companhia não é um banco, mas sim uma empresa de tecnologia e que possui mais cientistas de dados do que banqueiros como empregados.
Diante desse movimento, esperamos reações dessas instituições tradicionais, que exigirão investimentos, reformulação de modelos de negócios e, possivelmente, aquisições, de modo a facilitar essa reorientação estratégica. Mesmo que sejam bem sucedidas nesse processo, as experiências internacionais sugerem que a perda de participação de mercado para as plataformas independentes seja inevitável, ameaçando os resultados dos grandes bancos nos segmentos voltados à gestão de recursos de pessoas físicas.