O ano de 2020 oferece motivos de orgulho para qualquer brasileiro que acompanhe o desenvolvimento do mercado de capitais. Esqueça a pandemia, a eleição americana e as incertezas ao redor do mundo Neste ano as brasileiras e brasileiros verão, pela segunda vez consecutiva, um movimento pujante das empresas em busca de capital.
Segundo dados oficiais da B3, até outubro foram registrados 42 lançamentos de ações, divididas fraternalmente entre 21 ofertas públicas iniciais (Initial Public Offerings, IPO) e 21 ofertas subsequentes (follow-on). O total levantado era, até outubro, 96,8 bilhões de reais, sendo 61,8 bilhões (ou 63,8 por cento) em follow-ons e os restantes 35 bilhões em IPOs. Se calcularmos as emissões de novembro o movimento já supera 100 bilhões de reais.
Essa cifra poderá chegar a 113 bilhões, dependendo do resultado do IPO da Rede D’Or, ainda em fase de precificação. Se forem confirmadas a projeções de que o IPO da empresa de saúde pode movimentar 12 bilhões de reais, será a segunda maior oferta inicial da história, perdendo apenas para os 13 bilhões captados pelo Banco Santander em 2009.
Só não será o melhor ano da história devido à capitalização realizada pela Petrobras em 2010, quando a estatal realizou um follow-on de 120 bilhões de reais. O lançamento da estatal distorceu os números. Sem a operação da Petrobras, o volume movimentado em 2010 não chegou a 29 bilhões de reais. E com duas diferenças drásticas. Em 2010, o lançamento de ações da estatal foi conduzido com a mão pesada do governo federal mascateando a operação, em um cenário de juros elevados e de poucos participantes no mercado.
Neste ano, a captação de 12 dígitos da B3 vem sem apoio do governo, em meio a uma pandemia e à consequente retração da economia provocada por ela, e é um movimento 100 por cento movido pela iniciativa privada e pelos investidores. Ou seja, essa captação recorde foi construída com base no interesse dos investidores em aumentar a participação da renda variável em seus portfólios.
Além de animadora, essa notícia é importante para a economia como um todo. Mercados de capital eficientes e abertos são uma condição essencial, necessária e suficiente para o avanço de qualquer economia. O mercado de capitais é a ágora, o fórum, em que empreendedores e empresários com boas ideias, bons negócios e boas práticas encontram investidores dispostos a aplicar suas poupanças para compartilhar riscos e dividir os resultados, sejam bons ou ruins. Sem um mercado de capitais que funcione, não é possível haver uma economia pujante e dinâmica. Por isso, o recorde da B3 neste ano é, por si só, um sinal de que as coisas vão bem com a economia brasileira, apesar dos riscos da pandemia e das incertezas de Brasília.
RELATÓRIO FOCUS
As expectativas para a inflação em 2020 e em 2021 voltaram a subir. A estimativa para o aumento de preços neste ano avançou para 3,45 por cento, ante os 3,25 por cento do levantamento anterior. Para 2021, o prognóstico para a inflação medida pelo IPCA subiu para 3,40 por cento, ante os 3,22 por cento da semana passada. Para este ano, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) permanece negativa, mas voltou a melhorar. Agora, a projeção é uma retração de 4,55 por cento, melhor que a queda de 4,66 por cento esperada na semana anterior. Mais uma vez, o dólar previsto para o fim do ano recuou, caindo para 5,38 reais ante os 5,44 reais da projeção anterior. A estimativa para a taxa referencial Selic permaneceu estável em 2,00 por cento para 2020, mas a estimativa para 2021 subiu para 3,00 por cento, ante os 2,75 por cento anteriores.
INDICADORES I
A prévia da Sondagem da Indústria de novembro sinaliza aumento de 1,6 ponto do Índice de Confiança da Indústria (ICI) em relação ao número final de outubro, para 112,8 pontos. Se o resultado se confirmar, esse será o maior valor do índice desde outubro de 2010 (113,6 pontos), informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
INDICADORES II
A inflação no varejo subiu, informou a FGV. O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) de 22 de novembro registrou um aumento de preços de 0,77 por cento, ficando 0,15 ponto percentual acima dos 0,62 por cento da divulgação anterior. Com este resultado, o indicador acumula alta de 3,88 por cento no ano e 4,68 por cento nos últimos 12 meses.
A semana será mais curta devido ao feriado americano do Dia de Ação de Graças, que deverá suspender os negócios na quinta-feira (26) e reduzir a duração do pregão na sexta-feira (25). Com isso, o volume de negócios nos pregões americanos deve encolher, reduzindo a liquidez nos demais mercados. Nesta segunda-feira (23) os contratos futuros de Ibovespa estão iniciando o dia com alta de 0,8 por cento, e os contratos futuros do índice americano avançam 0,4 por cento na abertura, indicado um movimento positivo, mas sujeito a volatilidade.