Na sexta-feira (07), após o fechamento de mercado, a Braskem (BRKM5) comunicou em fato relevante que recebeu a comunicação de sua controladora Odebrecht de que iria retomar o processo de venda de 100 por cento de sua participação na companhia.
A decisão vem pouco depois da homologação do plano de recuperação judicial da Odebrecht, que inclui a venda da Braskem no documento. A companhia contratou a Morgan Stanley para assessorar no processo para encontrar investidores interessados, porém não descarta a venda em bolsa, de modo a encontrar o melhor meio para prover melhor liquidez para a venda e valorização dos ativos da Braskem.
A Odebrecht possui atualmente 50,1 por cento do capital votante e 38,1 por cento do capital total da petroquímica, com a Petrobrás possuindo outra fatia do controle com 47 por cento do capital votante e 36,1 por cento do capital total.
A Braskem faz parte do plano de desinvestimento da Petrobras desde antes da atual gestão, porém a venda de sua fatia estava condicionada à estatal entrar em acordo com a Odebrecht para a realização da venda conjunta. Desse modo, poderiam unificar as ações da Braskem com a entrada no Novo Mercado, dando maior liquidez e valorização, facilitando a saída de ambos da companhia. É importante lembrar que a Odebrecht vinha dificultando a migração para o Novo Mercado antes.
Em 2020, as ações da Braskem (BRKM5) recuam 21,6 por cento ante queda de 11,1 por cento do Ibovespa. A desvalorização acontece devido ao cenário desafiador para o setor de atuação da companhia e as incertezas graças ao incidente em Alagoas.
A notícia é positiva tanto para a Braskem, que tem a possibilidade de melhora da governança e consequentemente destravando valor para a empresa, quanto para a Petrobrás que retoma a possibilidade de mais um desinvestimento bilionário, dando continuidade a seu processo de venda de ativos.
Atualmente a Braskem possui valor de mercado de cerca de R$ 18,6 bilhões, bem abaixo do patamar de R$ 48 bilhões no período de negociações com a holandesa LyondellBasell em 2018/2019 e a empresa encontra-se em situação financeira delicada com receitas decrescentes diante da pandemia e relação Dívida Líquida/Ebitda chegando a 7,11x.
Independentemente do processo, em nossa visão, tanto a venda privada quanto a venda em bolsa da Braskem estão condicionadas primeiramente à melhora de sua governança corporativa (unificação de ações), demandada pela atual gestão da Petrobrás. Além disso é necessário que os bancos que têm as ações da Braskem como garantia de dívidas da Odebrecht aprovem a transação.
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