Reza um velho ditado escocês: quando uma pessoa morre, alguns choram e outros aproveitam para vender lenços. Algo semelhante ocorreu no Vale do Silício. Devido à pandemia, Facebook e Google cancelaram suas muito esperadas conferências anuais de desenvolvedores. Já a Apple manteve o evento, mudando o formato. A Worldwide Developers Conference (WWDC) é realizada desde 1987 e costuma reunir milhares de profissionais do setor na Califórnia. A edição de 2020 começa nesta segunda-feira (22) e será totalmente virtual, transmitida a partir da sede da empresa.
A adaptação não se resume à nova economia. As filiais brasileiras das montadoras Ford e Toyota devem retomar parte de sua produção nesta segunda-feira. Haverá mudanças nas fábricas: menos turnos de trabalho, mais distância entre os funcionários e medição sistemática da temperatura dos trabalhadores. Com isso, a produção automotiva caminha para a normalização. Desde o início de junho, Volkswagen, General Motors, Hyundai e Chery Caoa já vinham religando suas fábricas. Apesar de o comportamento do consumidor ainda ser uma incógnita, o fato de a indústria estar retomando suas atividades – com adaptações – também é um bom sinal. E o mercado volta a se agitar, com proposta de aberturas de capital e de ofertas subsequentes de ações.
Com tudo isso, aumentam os sinais de que o pior já passou. A edição desta segunda-feira do boletim Focus indica que a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020 parou de cair. O resultado ainda é fortemente negativo, indicando uma contração de 6,50 por cento (ante 6,51 por cento da edição anterior). No entanto, mesmo negativa, a projeção para o PIB indica que a expectativa parou de piorar. O mesmo vale para as estimativas para o câmbio e para os juros, que não se alteraram. A projeção para dezembro deste ano permanece em 5,20 reais para a taxa de câmbio e 2,25 por cento para a taxa referencial Selic.
Há mais: o Senado poderá aprovar, na quarta-feira (24) o novo marco legal do saneamento básico, um dos setores mais carentes de investimentos. Apesar de pouco glamuroso (trata-se de água e esgoto, afinal), o saneamento pode ser considerado um outro pré-sal. A estimativa é que, com regras claras e uniformes para todo o País, seja possível destravar até 700 bilhões de reais em investimentos ao longo dos próximos 15 anos. Além disso, cada real investido no saneamento gera, em média, 4 reais de retorno, devido à diminuição dos gastos com saúde pública e à valorização das propriedades.
INDICADORES – Os prognósticos são de melhora das expectativas. A prévia da Sondagem da Indústria de junho de 2020, divulgada nesta manhã pela Fundação Getulio Vargas (FGV) sinaliza um aumento de 15,2 pontos do Índice de Confiança da Indústria (ICI) em relação ao número final de maio, para 76,6 pontos. Caso o resultado se confirme, essa será a maior variação mensal positiva da série. Segundo a FGV, avanço da confiança em junho é resultado da melhora da avaliação dos empresários em relação ao presente e, principalmente, para os próximos três e seis meses. O resultado preliminar de junho indica recuperação de 5,9 pontos percentuais do Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (NUCI), para 66,2 por cento.
É prematuro dizer que a crise do coronavírus passou e que todos os problemas estão resolvidos. No entanto, há sinais abundantes de variados de diversos setores da economia se esforçando para voltar à normalidade. E esses sinais estimulam altas nos pregões aqui e no Exterior.
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