Levante Ideias - Domingo de Valor

Nada mais democrático do que investir na bolsa de valores

Na coluna de hoje vou falar sobre a evolução dos investidores pessoas físicas na bolsa de valores: atualmente somos 1,9 milhão de pessoas (CPF’s) na B3, distribuídos em 2,4 milhões de contas nas diversas corretoras de valores no mercado.

A B3 divulgou um estudo inédito muito interessante com informações sobre o perfil dos investidores pessoas físicas no mercado de ações brasileiro (link para o estudo).

Fim da cultura do CDI: mais investidores entraram na Bolsa

A quantidade de investidores na Bolsa era de apenas 600 mil pessoas em 2017. Em 2018, o total havia crescido para 700 mil CPF’s. No decorrer de 2019 ocorreu o primeiro movimento de aumento da participação dos investidores na Bolsa, que coincidiu com o início da queda da taxa de juros (Selic).

A quantidade de CPF’s na Bolsa dobrou, subindo de 700 mil investidores em 2018 para 1,4 milhão em 2019. Em 2020 os investidores pessoa física entraram para valer na Bolsa, chegando a 1,9 milhão de pessoas.

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Chamou a minha atenção o aumento de 223 mil novos investidores em março, justamente um dos piores meses para o Ibovespa, quando ocorreu uma queda de 30 por cento por cento.

O brasileiro, que tradicionalmente não investia em ações, entrou de cabeça na Bolsa, aproveitando a “promoção” com a forte queda do Ibov e da taxa de juros (Selic), que caiu ao seu ponto mais baixo (3 por cento por cento ao ano).

Pela primeira vez acredito que ocorreu  um verdadeiro movimento de democratização do investimento em ações no Brasil, com a entrada de pequenos investidores devido à facilidade para se abrir uma conta em corretora, à queda da taxa de juros e à melhoria na educação financeira dos investidores, com mais acesso às informações sobre o mercado de capitais.

Perfil do investidor

O saldo total da carteira de ações de investidores pessoas físicas era de  344 bilhões de reais em 2019, equivalente a 12 por cento do saldo total do mercado de ações.

Em março de 2020 o saldo total caiu para  257 bilhões de reais (14 por cento do total), queda de 22 por cento em relação a fevereiro, reflexo da queda de 30 por cento no Ibovespa no período.

O volume médio negociado diário (compras e vendas) por parte das pessoas físicas foi de 4,4 bilhões de reais em 2018,  6,3 bilhões de reais em 2019 e  10,4 bilhões de reais em março de 2020, equivalente a 17 por cento do volume total da B3.

Pequenos investidores comprando ações

A democratização do investimento em ações pode ser comprovada pela queda do saldo mediano das pessoas físicas na Bolsa: 17 mil reais em 2017, 16 mil reais em 2018 e  10 mil reais em 2019.

Segundo a B3, existiam 1,7 milhão de investidores com posição em ações no mês de março de 2020 (1,2 milhão em 2018 e 600 mil em 2018).

O saldo total de investimentos em ações de pessoas físicas era de  190 bilhões de reais em março, com saldo mediano de  6 mil reais, uma redução de 65 por cento comparado a 2019.

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Do total de 223 mil novos investidores pessoas físicas em março, 41 por cento das pessoas investiram até mil reais  em ações, o que demonstra que o brasileiro está começando devagar a investir na renda variável, aprendendo como funciona o mercado.

Fundo Imobiliários (FII)

O estudo também mostrou o crescimento da quantidade de investidores pessoas físicas em Fundos de Investimento Imobiliário (FII): 210 mil em 2018, 640 mil em 2019 e 740 mil  em março de 2020.

O saldo total de recursos dos investidores aplicado em FII’s era de 58 bilhões de reais em março, com saldo mediano de 6 mil de reais.

Aumento da diversificação em renda variável

Atualmente o patrimônio dos investidores pessoas físicas é distribuído da seguinte forma: 74 por cento em ações, 23 por cento em fundos imobiliários e 3 por cento em ETF’s/outros.

A diversificação dos ativos em renda variável aumentou: 61 por cento dos recursos dos investidores estava alocado somente em ações em 2016; em março de 2020 esse número caiu para 40 por cento, sendo que 10 por cento dos investidores agora investem em ações, FII’s e ETF’s simultaneamente (3 por cento em 2016).

A quantidade de ativos aumentou consideravelmente: 21 por cento dos investidores tinham mais de cinco ativos em 2016 para 42 por cento dos investidores com investimento em mais de cinco ativos em março de 2020.

Alocação de recursos por patrimônio

A maior parte dos investidores tem patrimônio de até 10 mil reais: são cerca de 1,01 milhão de investidores (53 por cento do total). Na faixa mais baixa de patrimônio (10 mil reais) ainda há  uma parcela de 31 por cento que tem um único ativo, mas por outro lado, 26 por cento tem mais de cinco ativos.

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A participação dos investidores que tem mais de 5 ativos no seu portfólio de investimentos aumenta para 50 por cento a 69 por cento do total conforme sobe a faixa de patrimônio (de  10 mil reais até  500 mil reais).

Faixa etária e gênero dos investidores

Como bem disse um amigo meu da Klabin (empresa em que trabalhei por quase sete anos): “Edu, você precisava ver a reunião com investidores (Apimec) da Klabin começo do ano, tinha somente a molecada, eles estão dominando a Bolsa”.

A maioria das empresas da Bolsa experimentou um aumento exponencial da quantidade de investidores pessoas físicas de cerca de 10-15 vezes.

Duas faixas etárias têm ganhado bastante espaço ao longo do tempo: 19 a 24 anos (a “molecada”) e 25 a 39 anos. A faixa etária dos 19 aos 24 anos cresceu de 1 por cento do total em 2016 para 10 por cento do total em março de 2020; e a faixa dos 25 a 39 anos aumentou de 24 por cento para 49 por cento do total no mesmo período.

O público feminino ainda permanece como minoria na Bolsa: 25 por cento do total e praticamente estável ao longo do tempo.

Conclusão

Acredito que o movimento de aumento de investidores na Bolsa veio para ficar e que os recursos para renda variável deverão crescer ainda mais de 2020 em diante, mesmo diante da crise econômica decorrente da quarentena da Covid-19.

Com a taxa de juros (Selic) podendo chegar a 2,25 por cento ao ano na próxima reunião do Copom, o menor patamar da história, com o CDI morto e enterrado de vez, o brasileiro vai cada vez mais investir em ações na Bolsa e precisará de educação financeira e informações sobre o mercado de capitais.

Desmistificando o investimento em ações

Ainda existe muito preconceito sobre o investimento em ações e falta de conhecimento e educação financeira para que uma quantidade maior de investidores entre na Bolsa. Entretanto, comprar ações é quase tão fácil como comprar uma passagem aérea pela internet.

Muitos investidores se afastam daquilo que não compreendem e pensam que “investir em ações não é para mim”. O meu papel como especialista de ações da Levante é colocar a minha experiência e conhecimento ao seu dispor, descomplicar a sua vida financeira e fazer recomendações de investimento.

Acredito que a educação financeira do investidor brasileiro já melhorou bastante nestes pouco mais de dois anos de Levante (desde fevereiro de 2018), com muita análise fundamentalista independente, depois de muitos relatórios, vídeos, lives e conteúdo exclusivos e interativos com os nossos clientes/seguidores. Porém, ainda existe um longo caminho para melhorar ainda mais a educação financeira dos investidores com responsabilidade, conhecimento e a verdadeira democratização das ideias de investimentos.

Este é o meu trabalho na aqui Levante no dia a dia, avaliar os ativos que recomendo na série de investimentos As Melhores Ações, Dividendos e Small Caps. Por isso, convido você para conhecer meu trabalho.

Forte abraço,
Eduardo Guimarães

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