Na coluna de hoje vou falar sobre a transformação digital no segmento de varejo eletrônico no Brasil. Vou comentar sobre as iniciativas das empresas e os resultados de B2W, Magazine Luiza e Via Varejo no primeiro trimestre de 2020, com destaque maior para a Via Varejo.
Aceleração do futuro
Acredito que a pandemia do coronavírus vai marcar a virada definitiva para o crescimento e a dominância do comércio eletrônico no varejo brasileiro.
Assim como a Primeira Guerra Mundial marcou a virada do Século 20, a quarentena e o isolamento social devido à Covid-19 mudaram drasticamente o comportamento do consumidor e a forma como as empresas atendem aos seus clientes.
Com a quarentena e o fechamento das lojas físicas/shopping centers desde o dia 23 de março em São Paulo, com isolamento sucessivamente estendido até o fim de maio, as vendas das empresas passaram a depender 100 por cento do canal eletrônico, seja através site e/ou aplicativos.
Crescimento do varejo eletrônico
As empresas já vinham investindo no canal de vendas on-line, com crescimento da participação do comércio eletrônico nas receitas das companhias de varejo, mas as vendas nas lojas físicas ainda representavam a maior parte do faturamento. Em 2019, o comércio eletrônico ainda representou cerca de 5 por cento do varejo total no Brasil, com forte crescimento de 15 por cento a 20 por cento ao ano.
Em pouco tempo o comércio eletrônico vai triplicar a sua participação no varejo total do Brasil e as empresas vêm acelerando os investimentos nos canais digitais.
A digitalização dos canais de venda é cada vez mais maior: 1) click and collect, compra pelo site/app e retirada na loja; 2) programa “Prime” com entregas de produtos comprados online em até 48 horas e; 3) compra na loja física e pagamento on-line pelo app (modelo da Macy’s no Estados Unidos).
As empresas que não possuem canais de vendas eletrônicos, como por exemplo a rede de eletrodomésticos Lojas Cem, ficarão cada vez mais para trás nesta disputa pelo consumidor.
B2W, Magalu e Via Varejo
As três principais empresas de varejo eletrônico do Brasil que têm capital aberto na Bolsa são B2W Digital (BTOW3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VVAR3), donas dos principais site de compras on-line do Brasil: Submarino e Americanas.com (B2W), Magalu (MGLU3) e Casas Bahia e Ponto Frio (Via Varejo). O Mercado Livre, líder do mercado, tem ações negociadas nos Estados Unidos.
Todas as empresas têm aumentado a participação das vendas on-line nas vendas brutas (GMV) e no seu faturamento. Outra tendência é o crescimento das vendas de produtos de terceiros (3P), o chamado marketplace, em que o consumidor consegue achar quase todo tipo de produto. Um bom exemplo é a Amazon.
A Magazine Luiza é a grande referência no varejo on-line do Brasil: 50 por cento das vendas de 2019 foram realizadas no varejo eletrônico, sendo que o marketplace (3P) representa cerca de 30 por cento do total das vendas eletrônicas.
A B2W vende praticamente tudo através dos seus sites e 60 por cento das vendas são feitas no marketplace (3P). No caso da Lojas Americanas, controladora da B2W, as vendas eletrônicas representam 62 por cento do total.
A participação do varejo eletrônico na Via Varejo era de 20 por cento antes do Covid-19, sendo que o marketplace (3P) tem participação de 25 por cento do total das vendas on-line.
Remodelagem das lojas físicas: exemplo dos supermercados
Está acontecendo uma grande mudança na configuração dos espaços das lojas físicas no comércio. A experiência do consumidor será diferente depois da pandemia da Covid-19. O comprador vai querer se “sentir em casa” e precisa ter menos aglomeração. A experiência do consumidor (UEX, experiência do usuário em inglês) será ainda mais importante para o varejo daqui para frente.
O comportamento do consumidor deverá seguir uma tendência de compra itens mais básicos e essenciais na linha do “menos é mais”.
Um bom exemplo dessa mudança, que já estava ocorrendo antes mesmo do Covid-19, é a reforma das lojas do Pão de Açúcar, com crescimento do varejo on-line, aplicativo e site. O CBD antes usava o aplicativo Rappi para entregas de compras e agora tem o James, empresa comprada pelo Pão de Açúcar. Com isso, a rede de supermercados busca o engajamento do consumidor e melhorar a experiência do usuário através de descontos no aplicativo Pão de Açúcar Mais.
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Forte abraço,
Eduardo Guimarães