Publicada na manhã desta terça-feira (12), a ata da 230ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostra que os juros no Brasil podem até cair mais um pouco, mas não vão chegar a zero.
Retomando: ao anunciar o corte de 0,75 ponto percentual no dia 6 de maio, o Copom foi além das expectativas, que eram de uma redução de 0,50 ponto percentual. Mais do que isso, deixou em aberto a possibilidade de realizar outro corte dessa magnitude na próxima reunião, marcada para os dias 16 e 17 de junho.
Também na semana passada começou a especulação se o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) poderia passar a praticar taxas de juros negativas nos Estados Unidos. Todo esse cenário apontava para a probabilidade de cortes ainda mais profundos nos juros, tanto brasileiros quanto americanos.
No entanto, aqui como lá, as autoridades monetárias descartaram essa hipótese. Nos Estados Unidos, diversos diretores regionais do Fed declararam, tanto na sexta-feira (8) quanto na segunda-feira (11) que a hipótese de juros negativos nos Estados Unidos está descartada. “Essa é a ferramenta menos eficiente da política monetária”, disse Raphael Boslic, presidente do Fed regional de Atlanta.
A interpretação por aqui é semelhante. Ao divulgar a ata, o Copom deixou claro que há um limite mínimo para a taxa básica de juros. “A maioria dos membros ponderou que o limite seria significativamente maior em economias emergentes do que em países desenvolvidos, devido à presença de um prêmio de risco. Foi ressaltado que esse prêmio tende a ser maior no Brasil, dadas a sua relativa fragilidade fiscal e as incertezas quanto à sua trajetória fiscal prospectiva”, informa a Ata. E, para não deixar dúvidas: “Nesse contexto, já estaríamos próximos do nível onde reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos mercados financeiros e nos preços de ativos.”
Tradução: em sua linguagem deliberadamente desassustada, o Copom deixou claro que se os juros caírem demais poderá haver um desequilíbrio muito forte nos preços dos ativos: ações, taxas de câmbio, títulos de renda fixa e até mesmo imóveis e commodities. Assim, os fundamentos da escolha de investimentos continuam valendo. Os juros estão baixos, as taxas reais podem até ficar perto de zero (ou pontualmente negativas em momentos de susto da inflação), mas a maneira de fazer as contas não mudou.
INTERNACIONAL – Os preços dos contratos futuros de S&P 500 começam o dia em leve alta, estimulados pela notícia de que a China vai reduzir tarifas de importação em 696 produtos e serviços americanos, no âmbito da primeira fase do acordo comercial negociado no início deste ano. A primeira fase prevê um aumento das importações chinesas dos Estados Unidos em 77 bilhões de dólares por ano, valor que deve subir para 123 bilhões de dólares por ano na segunda fase.
INDICADORES – O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou uma deflação (queda de preços) de 0,32 por cento no primeiro decêndio de maio. No primeiro decêndio de abril, o índice havia indicado uma alta de preços de 1,05 por cento. A principal causa da queda foi a deflação nos preços no atacado.
O alívio da tensão internacional fará que o dia seja positivo. Com isso, esperamos um dia de alta para os ativos locais.
–
* Este conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara as notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.
Leia também: O que você deveria ter feito para ganhar com a alta do dólar