Dias antes de fundar o partido do qual foi mentor intelectual, o Partido Social Democrático (PSD), Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e experiente político, usou a seguinte frase para posicionar a sigla ideologicamente: “Não será de direita, não será de esquerda, nem de centro.”
Nas entrelinhas, Kassab expressou uma das visões disseminadas na contemporaneidade acerca dos diversos espectros políticos – em que a dicotomia “direita vs. esquerda” já estaria ultrapassada e não comportaria mais identificações ideológicas de novos partidos políticos e movimentos. A única gafe do político foi afirmar também que a legenda não era de centro, levando-nos à conclusão de que o PSD, ideologicamente, não era… nada.
Apesar de terem ganhado outras muitas variáveis e de terem se desvirtuado de seus conceitos iniciais, principalmente com a transformação sociocultural pela qual o mundo passou nas últimas décadas, os conceitos de direita e esquerda ainda – sim – importam quando um partido vai se definir politicamente.
A partir do pós-modernismo e em um contexto de sociedade pós-industrial, o debate em torno de direita e esquerda se distanciou das pautas tradicionais, tais como papel do Estado, economia, trabalho e pobreza, dando espaço para discussões mais centradas no indivíduo e em sua relação com o mundo. É o caso de, por exemplo, temas como direito irrestrito ao aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, preocupações ecológicas etc.
Ainda assim, existe uma vasta literatura na Ciência Política que demonstra ser inegável a importância dos conceitos de esquerda e direita sobre partidos políticos e sua influência nas práticas legislativas. Inclusive, alguns mais radicais argumentam que o real posicionamento dos partidos políticos se dá pela maneira como seus parlamentares votam no Congresso. Pouco importaria, portanto, a autodenominação ideológica. De qualquer forma, existem, tanto para os velhos temas quanto aos novos, posicionamentos tipicamente à esquerda e à direita.
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