Para além das eleições para a cadeira mais importante do mundo, que termina hoje, mas cuja apuração deve se estender durante os próximos dias, o noticiário político está repleto de importantes eventos: ontem, foi a vez do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), participar de entrevista com o Valor Econômico; para hoje, está agendada, no Senado Federal, a votação do projeto de lei de autonomia do Banco Central; e amanhã é dia de sessão do Congresso Nacional, com apuração de vetos sobre a desoneração da folha de pagamentos e do novo marco legal do saneamento – temas caros ao governo.
O presidente da Câmara chegou a afirmar que está mais preocupado com o futuro do País hoje do que no início da pandemia, e também disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está praticamente sozinho defendendo o teto de gastos. Ainda, o presidente ressaltou que há uma completa falta de organização da agenda e que isso impossibilita até mesmo que se construa uma articulação para o avanço de certas pautas – “não temos certeza do que o governo vai fazer”, diz Maia.
Ainda usando de tom pessimista, Maia afirmou que não irá estender o auxílio e nem votar pela manutenção do estado de calamidade pública para o ano que vem, mas que somente isso não basta – é necessário diminuir o déficit primário e cortar gastos urgentemente.
Sobre as votações marcadas para hoje e amanhã, ainda é preciso que líderes partidários cheguem a um consenso. No Senado, é bastante provável que a autonomia seja aprovada caso seja colocada, de fato, em votação no dia de hoje. Sobre os vetos, porém, líderes devem se reunir hoje e o governo deve ter enormes dificuldades para promover a manutenção de todos os vetos, em especial a desoneração da folha de pagamentos.
Uma semana lotada e muito importante para dar o tom da bolsa brasileira em novembro. O resultado oficial das eleições americanas não deve ser divulgado nesta semana, mas alguns estados-chave (como a Flórida, onde a apuração, geralmente, é mais rápida) vão divulgar seus resultados, provavelmente, até a manhã desta quarta-feira (4).
Com relação à agenda doméstica, a nossa expectativa é de aprovação da autonomia do Banco Central nesta semana no Senado – ainda que a votação não ocorra hoje – mas revés para o governo no que se refere à derrubada do veto da desoneração da folha. Esse montante, inclusive, terá de ser inserido no Orçamento de 2021 – hoje no limite do teto de gastos.
Expectativas são de alta volatilidade nos próximos dias, inclusive no pregão de hoje. O tom começa levemente negativo, com a repercussão da entrevista de Rodrigo Maia, mas outros acontecimentos do mundo político podem inverter os ânimos dos investidores.
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