A Vale (VALE3) divulgou nesta quarta-feira (28), após o fechamento do mercado seus números referentes ao terceiro trimestre de 2020. O resultado veio em linha com as expectativas em termos de receita líquida, Ebitda e geração de caixa.
O destaque positivo ficou para a geração de caixa no trimestre. A empresa gerou 3,75 bilhões de dólares de caixa livre no 3T20, impulsionado pelo forte resultado operacional. Essa geração de caixa representa um free cash flow yield (geração de caixa em relação ao valor da empresa) de 26,8 por cento em base anual, um valor fortíssimo. Vale notar que, com essa geração de caixa a Vale conseguiu pagar para seus acionistas 3,33 bilhões de dólares em proventos, repagar sua linha de crédito rotativo no valor de 5 bilhões de dólares e ainda manteve uma posição de caixa saudável de 9 bilhões de dólares.
Ainda vale ressaltar que a empresa apresentou um desempenho sólido em sua divisão de ferrosos, devido aos preços de minério de ferro que se mantiveram elevados, embora os seus embarques ainda tenham sido abaixo do potencial no período. O Ebitda veio em 5,9 bilhões de dólares, 70 por cento maior na comparação trimestral e 26 por cento maior na comparação anual. Importante falar que o valor veio levemente abaixo do esperado devido a menores vendas de minério de ferro, que foram 74,2Mt (finos + pelotas). O valor representa uma alta de 21 por cento em relação ao 2T20 e veio abaixo das expectativas devido a um maior acúmulo de estoque (que deve ser revertido à frente).
O resultado da Vale foi bom e em linha com as expectativas. Esperamos impacto positivo no preço das suas ações (VALE3) no curto prazo, devido à forte geração de caixa do trimestre, antecipação de um quarto trimestre ainda mais forte e preço atrativo das ações.
A receita líquida de 10,7 bilhões de dólares (crescimento de 5 por cento na comparação anual) já era esperada, pois a companhia já havia divulgado seu desempenho operacional nas últimas semanas, apresentando seus volumes de produção e vendas de minério e dos outros metais.
Já o Ebitda ajustado (deduzindo despesas com Brumadinho e doações) foi de 6,2 bilhões de reais, em linha com as estimativas do mercado. A margem Ebitda também foi destaque e fechou o período em 57,8 por cento, 12,8 pontos percentuais a mais que no 2T20 e 11,6 pontos percentuais a mais que no 2T20.
Do lado dos custos da unidade de ferrosos, o custo caixa C1 de minério de ferro da empresa caiu, vindo de 17,1 dólares por tonelada non 2T20, e atingindo 14,9 dólares por tonelada no 3T20. Os custos foram impactados positivamente pela maior redução de custos fixos, além de uma queda nos custos de demurrage da empresa (custos relacionados a logística marítima).
Os preços realizados de minério de ferro ficaram em linha às expectativas vindo em 112,1 dólares por tonelada, crescendo 23,2 dólares por tonelada em relação ao 2T20. O valor, representa um leve desconto em relação aos preços médios de referência do trimestre, que foram de 118,2 dólares por tonelada no período, o que, no entanto, ainda é um bom nível de realização de preços.
A Vale fechou o 3T20 com sua dívida líquida praticamente estável em 14,4 bilhões de dólares, contra 15,3 bilhões no trimestre anterior, dado que utilizou a forte geração de caixa para pagamento de proventos e repagar sua linha de financiamento de crédito rotativo. A empresa manteve a sua relação dívida líquida/Ebitda em 0,3x, um número bem confortável.
A Vale segue beneficiada pelo cenário de forte demanda chinesa por minério de ferro e real desvalorizado. Conforme comentamos no resultado do 2T20 “após um primeiro semestre desafiador, a tendência é que o segundo semestre seja melhor, com maior volume de produção e vendas (ajudadas pela Sazonalidade), maior geração de caixa e mais proventos aos acionistas”. Nossas expectativas estão se concretizando e esperamos que o quarto trimestre seja ainda mais forte, puxado por maiores volumes de minério de ferro, preços ainda altos e câmbio depreciado.
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